A Câmara do Rio aprovou uma proposta que cria condições tributárias para a instalação de uma Bolsa na cidade Foto: Envato Elements
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, sancionou nesta quarta-feira (3) a lei que cria condições tributárias para a instalação de uma Bolsa de Valores na cidade. O documento permite a redução de 5% para 2% a cobrança de impostos para a atividade de Bolsa, abrindo o caminho para a instalação da plataforma da Americas Trading Group (ATG), empresa do fundo de investimentos árabe Mubadala, que vai concorrer com a B3, em São Paulo.
Vale lembrar que os cariocas já tiveram a Bolsa do Rio, que fechou em 2002, deixando a B3, antiga Bovespa, operar sozinha desde então no mercado de ações. “A Bolsa do Rio é a ponta do iceberg, foi um esforço do governo e do setor privado e vai ajudar o Rio a atrair investimentos”, afirmou o prefeito, ressaltando que com a volta da disputa dos dois mercados, as taxas de negociação devem cair.
O escopo do projeto prevê que a nova Bolsa tenha operação em todos os mercados, incluindo ações, derivativos e câmbio. Além disso, conforme explicado nesta reportagem, a ATG tenta viabilizar a entrada no Brasil há mais de uma década. Em 2013, criou o Americas Trading System Brasil (ATS Brasil), uma associação com a NYSE Euronext, e foi até a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com um pedido para operar como Bolsa.
Thiago Kramer, da Portfolio Manager da Multinvest Capital, afirmou em entrevista nesta reportagem que a liquidez é o fator mais importante para manter uma bolsa saudável, com muitas pessoas negociando. Contudo, na sua visão, o problema desse novo projeto é que o mercado brasileiro é pequeno em relação aos principais operadores mundiais, uma avaliação que é compartilhada por outros gestores. “A gente sente isso quando o estrangeiro entra e sai da Bolsa, puxando sua valorização ou desvalorização. Nosso volume não é tão expressivo”, comenta Luiz Fernando Araújo, CEO da Finacap, para a mesma reportagem.
No geral, a principal desconfiança dos agentes do mercado em relação a um novo entrante na operação de Bolsa é que o Brasil tem um número pequeno de investidores pessoa física residentes, um percentual que não chega a 5% da população. Um ambiente diferente do que é visto nos EUA, país com uma cultura totalmente voltada para investimentos em bolsa de valores e assunção de riscos.
Durante discurso na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) nesta quarta-feira (3), Paes deu um recado para a B3. “A turma que vive do livre mercado, da tal da liberdade econômica, na hora do vamos ver gosta de um cartelzinho. Mas é verdade, vou colocar os pingos nos Is. O que hoje significa a B3 no Brasil é uma reserva de mercado, então essa coisa de `liberdade econômica’ chega até a página dois”, disse Paes, reafirmando que a concorrência entre as duas bolsas vai ser saudável para os investidores.
Mais cedo, o prefeito do Rio divulgou em sua conta da rede social X, antigo Twitter, um vídeo em que faz comparações entre os ‘Faria Limers’ e a ideia do mercado financeiro na cidade carioca, mostrando que ali o mercado de ações terá uma vista muito melhor.
Às 15h44, as ações da B3 (B3SA3) sobem 0,38%, negociadas a R$ 10,49.