O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira que o problema do Brasil em 2022 não será o crescimento baixo, mas a inflação resiliente, ressaltando que não acredita nas previsões mais pessimistas do mercado para a atividade no ano que vem, mas prevê que a inflação pode surpreender para cima.
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“Vamos ver o que vai acontecer com essas pessoas que estão prevendo zero, ou 1% (de crescimento do PIB em 2002)”, disse Guedes, em inglês, ao participar de evento virtual promovido pelo Bradesco BBI.
“O problema não será crescimento baixo, o problema será inflação resiliente. A inflação provavelmente será um pouco acima do que vocês estão prevendo, mas o crescimento também será maior do que vocês estão prevendo, então vamos ver. Eu não faço previsões, eu faço piada de previsões, de previsões erradas.”
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O mercado estima que o PIB crescerá 0,9% em 2022 e que o IPCA terá alta de 4,8%, segundo o relatório Focus mais recente.
De acordo com Guedes, haverá desaceleração cíclica no país em meio ao ciclo de aperto monetário conduzido pelo Banco Central para domar a inflação, mas ele frisou que o pano de fundo é de crescimento sustentável da economia baseado em investimentos privados.
O ministro também reforçou que seu cenário leva em conta a aprovação pelo Senado da PEC dos Precatórios sem danos ao que chamou de arquitetura fiscal do país.
“É verdade que juros vão subir com luta do BC para controlar inflação … mas estamos realmente fazendo a transição para crescimento sustentável em todos os setores”, disse ele.
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Segundo Guedes, as conversas mantidas pelo governo em viagem aos Emirados Árabes asseguraram ao país compromisso de investimentos de 10 bilhões de dólares em 10 anos e, no total, o Brasil já tem assegurados investimentos de 700 bilhões de dólares para as próximas décadas.
Guedes criticou ainda proposta apresentada por alguns senadores de tirar o pagamento de precatórios do teto de gastos, ressaltando que, num cenário em que a PEC dos Precatórios não seja aprovada no Senado com o formato já chancelado pelos deputados, aí sim ele se preocupará com a economia em 2022.
“Talvez seja essa a assimetria (das projeções do mercado e do governo para o PIB), porque eu ainda estou esperançoso que nós vamos aprovar as propostas originais. Mas se não aprovarem, então estarei muito preocupado com o crescimento.”
O ministro defendeu o desenho da PEC aprovada pela Câmara como um instrumento que dará previsibilidade e exequibilidade ao Orçamento público. De um lado, a PEC estabelece um limite ao pagamento anual de precatórios e, de outro, modifica a regra do teto de gastos. Com isso, a proposta abre um espaço de 91,6 bilhões de reais para gastos no ano que vem.
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Guedes voltou a defender, ainda, a alocação de ações de Petrobras, Eletrobras e Correios, para fundo voltado à erradicação da pobreza.
“Se petróleo está subindo ou a taxa de juros está subindo e aí alimentos estão subindo… o “first best” é claro que são políticas sustentáveis para a erradicação da pobreza”, disse o ministro.