Veja as novas considerações da BTG em relação à Raízen (RAIZ4) (Foto: Adobe Stock)
O BTG Pactual revisou suas projeções para a Raízen (RAIZ4) após a divulgação do prévio operacional do primeiro trimestre da safra 2025/2026 e reduziu o preço-alvo das ações de R$ 3,50 para R$ 3,00. A recomendação de compra foi mantida, mas os analistas alertam que o desempenho futuro da empresa “segue altamente dependente da capacidade de estabilizar e desalavancar o balanço”.
A nova estimativa do banco para o lucroantes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no ciclo 2025/2026 caiu para R$ 11 bilhões, refletindo a queda na curva de preços do açúcar e a expectativa de moagem de cana próxima ao piso da meta de 72 milhões de toneladas, efeito de um início de safra mais lento e da venda de ativos.
Para 2027, o banco projeta uma recuperação operacional, com redução de custos unitários e avanço do Ebitda para R$ 13,9 bilhões.
Mudança de direção na companhia
Segundo o BTG, os movimentos mais recentes da companhia refletem uma mudança clara de direção. Após um ciclo de R$ 15 a R$ 16 bilhões em investimentos focados em crescimento desde a oferta pública inicial (IPO), a Raízen viu o Ebitda estagnar e a dívida líquida dobrar para R$ 42 bilhões.
Diante desse cenário, a nova gestão promoveu uma guinada estratégica, com cortes de investimentos, foco em ativos essenciais e venda de operações. A companhia já arrecadou cerca de R$ 3 bilhões com a venda de ativos de energia e cana-de-açúcar.
A venda de três usinas por R$ 1,7 bilhão foi interpretada pelo BTG como um marco simbólico da mudança. “Algumas ações importam mais pelo que representam do que pelos efeitos imediatos. A venda das usinas revela a profundidade da transformação em curso”, escreveram os analistas.
A Raízen vinha evitando liderar o processo de racionalização do parque sucroenergético brasileiro, mas agora começa a se desfazer de ativos com baixa eficiência, cinco usinas foram colocadas em hibernação, e mais desinvestimentos podem ocorrer.
Distribuição de combustíveis e custo médio da produção
Em 2024, o custo médio de produção de etanol equivalente da companhia foi de R$ 3,06 por litro, até 20% acima da média dos pares listados.
Na distribuição de combustíveis, o BTG também vê sinais positivos com a volta a uma abordagem mais tradicional. A unidade sempre foi uma das mais relevantes na geração de caixa da empresa, mas perdeu foco nos últimos anos ao dar mais peso às atividades de trading e serviços.
Desde 2021, a Raízen perdeu 3,4 pontos porcentuais de participação no mercado brasileiro, caindo para 18,1% no primeiro semestre de 2025. “A nova gestão parece retomar uma estratégia mais centrada no produto, na originação competitiva e no suporte à rede de revendedores”, diz o relatório da BTG Pactual.