O BTG Pactual (BPAC11) revisou as estimativas para os resultados do Bradesco (BBDC4) nos próximos dois anos, reduzindo à previsão de lucro por ação em 2024 em 7%, e em 4% no ano seguinte. O analista Eduardo Rosman afirma que os dados sugerem que a recuperação do lucro do banco será “muito gradual”, o que deve levar o mercado a revisar para baixo as estimativas.
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A recomendação para os papéis foi mantida em neutra diante do múltiplo baixo, e o preço-alvo para 2024 foi estabelecido em R$ 17, o que significa uma expectativa de retorno de 18,5% em relação ao último fechamento. O BTG calcula que a ação do Bradesco negocia a 0,9 vez o valor patrimonial, próximo da mínima histórica.
“Não mudamos nossas estimativas para o terceiro trimestre, mas estamos assumindo uma visão mais conservadora para a recuperação do retorno do banco em 2024 e 2025, que acreditamos que será mais lenta do que o mercado espera”, escreveu Rosman, em relatório enviado a clientes. Neste ano, ele espera que o retorno do banco fique um pouco abaixo de 12%, que chegue a 13% ano que vem e que se aproxime do custo de capital apenas em 2025, com número próximo a 15%.
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O conservadorismo do Bradesco na concessão de crédito desde o ano passado deve continuar pressionando as margens do banco, em efeito maior que o da redução das provisões contra a inadimplência. O crescimento da carteira neste ano deve ficar mais próximo do piso do guidance, de 1%.
Rosman acredita que a competição com o Nubank pode já estar afetando os resultados do Bradesco. “Dado o maior foco do Bradesco no varejo de baixa renda, e com à redução da abertura de contas em outros bancos, sentimos que o Bradesco já sente o impacto da competição com o Nubank (mais do que o Itaú, que é mais focado no varejo de alta renda e em grandes empresas)”, afirma. Ele diz ainda que a entrada do Nubank no crédito consignado pode intensificar essa concorrência.
O BTG afirma ainda que investidores estrangeiros têm demonstrado mais interesse pelo Bradesco que pelo Itaú (ITUB4). Na visão do banco, essa divergência pode ser fruto dos múltiplos mais baratos do banco da Cidade de Deus, uma diferença que não tem paralelo na década passada, mas que deve continuar nos próximos 12 meses. No caso dos investidores locais, a visão é de que o sentimento está próximo aos patamares mais baixos, em especial após os resultados do segundo trimestre.