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Saiba o que o investidor americano diz sobre o Nubank e o Banco do Brasil

Segundo o Itaú BBA, a fintech conseguiu entregar marcos importantes

Saiba o que o investidor americano diz sobre o Nubank e o Banco do Brasil
Imagem: divulgação Nubank

O Nubank ainda é o nome mais discutido por investidores americanos no setor financeiro brasileiro, e o Banco do Brasil (BBAS3) recebe visões mais positivas entre eles do que entre os brasileiros, afirma o Itaú BBA. Após reuniões realizadas na última semana, o banco relata que a volatilidade dos juros mudou as preferências desse grupo em relação ao primeiro semestre deste ano.

“O sentimento geral não foi tão vibrante quanto em nossa visita de maio, mas nossa avaliação positiva para os grandes bancos foi bem recebida”, escreve o analista Pedro Leduc, em relatório enviado a clientes. “O setor tem ventos de cauda [favoráveis] macro, em termos relativos, e algumas histórias de crescimento que se fizeram sozinhas.”

A principal dessas histórias, segundo o BBA, é a do Nubank. “Assim como os locais (e nós, há não muito tempo) fizeram, os investidores dos EUA saíram de duvidar do Nubank para comprá-lo, buscando um potencial de crescimento de longo prazo”, afirma o banco. Segundo o relato, a fintech conseguiu entregar marcos importantes e os próximos capítulos parecem mais fáceis, em um momento em que outros bancos digitais “sofrem para cobrir seus custos de capital”.

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Os pontos-chave para os americanos são a possibilidade de o Nubank chegar a um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 20% no segundo semestre deste ano, com crescimento, além de uma regulação “moderada” para os cartões de crédito. Outro ponto de atenção é o desenrolar da oferta de crédito consignado, que, afirma o analista, é o primeiro produto da fintech a ser oferecido através de preços agressivos.

No caso do Banco do Brasil, Leduc afirma que o histórico de resultados fala mais alto para os investidores americanos do que outros fatores, como o fato de governo federal controlá-lo. Segundo ele, as discussões focaram mais nas estimativas que o BBA tem para o banco no ano que vem, mais otimistas que a média, e também no potencial de ampliação do pagamento de dividendos.

“Riscos políticos (o principal obstáculo para os locais) são fatores que os estrangeiros consideram desde o começo em qualquer posição no Brasil”, diz ele. “Evitar estatais não protege posições acionárias de riscos regulatórios ou de administração (muitos bancos privados mostraram uma pior execução que a do BB)”, complementa.

Riscos regulatórios

O BBA também relata que os investidores estrangeiros estão mais informados sobre potenciais riscos regulatórios, como o do retorno do voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o possível fim dos juros sobre o capital próprio (JCP) e a possibilidade de o crédito rotativo ter limites de juros.

“Obviamente não é agradável, mas os investidores também viram argumentações em tópicos chave, deixando espaço para evitar os cenários mais pessimistas”, diz o relatório. Os debates em torno do cartão de crédito foram os principais e, segundo o analista, a maior parte dos riscos já está inserido nos preços das ações do setor, o que deixa espaço para que subam caso o resultado seja menos pior do que se projeta.

Juros

A perspectiva de que os juros ficarão altos por mais tempo no mundo todo, encurtando o ciclo de baixa da Selic, mudou as preferências dos americanos no setor financeiro brasileiro, segundo o BBA. Credenciadoras, como Stone (STOC31) e PagBank, além de nomes ligados ao mercado de capitais, como B3, XP e BTG Pactual (BPAC11), perderam espaço para os grandes bancos e para seguradoras, que tendem a ser mais resilientes.

“Uma curva de juros mais inclinada e atividade estimulada são relativamente benignos para os bancos e determinados segmentos em seguros”, afirma Leduc. No caso das empresas ligadas a seguros, a BB Seguridade foi mais citada do que a Caixa Seguridade, “revelando uma oportunidade, em nossa visão”.

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