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BTG projeta recuperação robusta para empresas listadas em 2024

O extenso relatório traz a avaliação de analistas para vários segmentos da economia do Brasil e do mundo

BTG projeta recuperação robusta para empresas listadas em 2024
(Foto: Werther Santana/Estadão)

Após um ano fraco em 2023, no qual se espera uma queda de 3% nos lucros das empresas brasileiras listadas, excluindo Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), a equipe de equity research do BTG Pactual (BPAC11) projeta uma recuperação robusta em 2024. A previsão é de um aumento de 20% ao ano nos lucros consolidados, excluindo Petrobras e Vale, com empresas voltadas principalmente para o mercado doméstico registrando um crescimento ainda mais expressivo (+25% ao ano), enquanto exportadoras de commodities devem ver um aumento de 16%.

Em extenso relatório com projeções para vários segmentos da economia do Brasil e do mundo, os analistas Carlos E. Sequeira, Osni Carfi e Guilherme Guttilla destacam a queda da taxa Selic para uma média estimada de 10,25% em 2024 em comparação com 13,25% em 2023, e, as despesas financeiras devem recuar, tendo impacto positivo nos lucros das empresas. “Empresas relativamente grandes que passaram por eventos únicos em 2023 ou estão concluindo processos de reestruturação, como Natura (NTCO3), com vendas de ativos, e Carrefour (CRFB3) com a integração do Big, devem apresentar ganhos significativamente mais altos em 2024 em comparação com 2023”, observam.

Olhando para a Bolsa, eles observam que após uma queda de três meses (-13% em dólar de agosto a outubro), o Ibovespa teve uma forte recuperação em novembro e dezembro, acumulando um ganho de 15,1% em reais (17,5% em dólar) nestes dois últimos meses e anulando as perdas nos três meses anteriores. “Mesmo após o forte rali, as ações locais estão sendo negociadas com múltiplos de 10,6 vezes o Preço/Lucro previsto para os próximos 12 meses, excluindo Petrobras e Vale (e apenas 8 vezes incluindo-os), um desvio padrão abaixo da média.

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Eles avaliam que embora as taxas reais de longo prazo ainda sejam altas (em 5,46%) e as previsões de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) não sejam exatamente inspiradoras (o modelo do banco é de um crescimento de 1,5% em 2024), as ações brasileiras estão tão baratas e melhorias marginais nas taxas reais de longo prazo ou nas perspectivas de crescimento do PIB podem gerar um bom potencial de valorização.

“Um cenário com taxas de longo prazo em 4,5%, crescimento do PIB de 2% e inflação de 3,5% (em comparação com 3,9% estimados para 2024) indicaria um P/E justo de 11,5 vezes, o Ibovespa atingindo 142 mil pontos e um potencial de valorização de 9%”, afirmam.

As principais apostas do banco para 2024 são Cosan (CSAN3), Mercado Livre (MELI34), Vivara (VIVA3), Arezzo (ARZZ3), XP, Localiza (RENT3), Eletrobras (ELET6), Sabesp (SBSP3), BB (BBAS3) e Itaú (ITUB4). O banco cita ainda Smartfit (SMFT3), GPS (GGPS3), VTEX, BR Partners (BRBI11), Marcopolo (POMO4), Tenda (TEND3), Iguatemi (IGTI3), Afya (A2FY34), 3Tentos (TTEN3) e Desktop (DESK3).

Estratégia

Na visão do BTG Pactual, a queda nas taxas de juros tanto nos EUA quanto no Brasil, aliada a valuations relativamente baixos, pode criar condições para as ações brasileiras se destacarem em 2024. O time do BTG explica que a diminuição das taxas nos EUA deve aumentar o apetite global por risco, com implicações positivas para os mercados emergentes em geral e para o Brasil em particular.

“Dinâmicas benignas de inflação de curto prazo, um superávit comercial robusto e expectativas de taxas mais baixas nos EUA aumentaram a confiança de que a taxa Selic pode encerrar 2024 em dígitos únicos. Taxas mais baixas no Brasil podem atrair investidores locais de volta às ações, especialmente considerando que apenas 9,3% de todo o dinheiro investido em fundos multimercados está atualmente alocado em ações, em comparação com 15,2% no final de 2020. No entanto, a situação fiscal frágil do Brasil ainda é motivo de preocupação”, afirmam.

Sob esse cenário, a estratégia recomendada do BTG é estar exposto a ações ligadas à expansão financeira, varejo, ações de fluxo de caixa de longa duração e empresas alavancadas. Ter exposição ao setor de petróleo e minério de ferro é aconselhado. Atualmente, o portfólio mensal do BTG Pactual inclui Petrobras e Vale. E para quem procura exposição ao setor de petróleo com menos risco político, PetroRio é citada como uma boa alternativa.

Top Picks

A Cosan é uma empresa que o BTG Pactual destaca para 2024. Com a maioria de seus investimentos estratégicos agora concluídos, a expectativa é de que a companhia entre em uma fase de desalavancagem e retorno de capital, transferindo valor de dívida para patrimônio. Além disso, a melhoria nos mercados de capitais pode criar condições para os IPOs (Oferta Pública Inicial) da Compass e Moove, ajudando a destravar valor e acelerar a desalavancagem da Cosan.

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A Raízen (RAIZ4), principal subsidiária da Cosan, também é uma escolha interessante para 2024, com expectativa de se beneficiar de melhores mercados de açúcar e etanol, além de um cenário competitivo de distribuição de combustíveis mais racional, que deve continuar favorecendo grandes players.

Entre varejistas, enquanto a Lojas Renner (LREN3) é uma opção para jogar com a queda das taxas de juros no Brasil, o BTG Pactual prefere ganhar exposição ao segmento por meio de Arezzo e/ou Vivara, empresas mais voltadas para consumidores de alto padrão e que não enfrentam os mesmos desafios competitivos da Renner.

Além disso, do ponto de vista de valuation, Renner, Arezzo e Vivara estão sendo negociadas a valorações semelhantes: 13 vezes, 14 vezes e 15 vezes o preço/lucro (PE) previsto para 2024, respectivamente, quando se acredita que varejistas mais expostas a consumidores de alto padrão devem negociar com um prêmio, dada sua força de preço/marca que leva a margens e ROIC (retorno sobre o capital investido, métrica utilizada para indicar a capacidade de uma empresa gerar valor em relação ao que foi investido) mais altos.

A exposição ao setor de varejo também pode ser obtida por meio do player de e-commerce Mercado Livre. O BTG Pactual vê o MELI como um vencedor no e-commerce e pagamentos na América Latina, beneficiando-se não apenas da tendência de crescimento secular do e-commerce na região, mas também de um ambiente competitivo mais benigno.

Entre as empresas de serviços financeiros, aquelas mais expostas à melhoria nas dinâmicas do mercado de capitais, como XP, B3 (B3SA3), BR Partners e Vinci (não cobrimos BTG Pactual), devem superar os grandes bancos e seguradoras. O banco prefere XP em relação à B3. “Gostamos de Itaú, Banco do Brasil e BB Seguridade (BBSE3), que são operações bem administradas negociando com valuations baratos (especialmente as duas últimas), mas reconhecemos que em um cenário de queda nas taxas de juros, tendem a ter desempenho inferior ao mercado”, afirmam.

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No universo de Bens de Capital e Transporte, a escolha do time do BTG é a Localiza, empresa de aluguel de carros. Para eles, ela tem uma posição competitiva única e deve se beneficiar da normalização gradual do mercado automotivo, bem como das taxas de juros de longo prazo em declínio.

Enquanto as empresas de serviços públicos, que tendem a ter um desempenho inferior em cenários mais otimistas, o banco continua vendo a Eletrobras como uma posição central para 2024. “O processo de reestruturação pós-privatização da empresa está em andamento, com a Eletrobras avançando com seu programa de desinvestimento de ativos não essenciais, ao mesmo tempo em que otimiza sua base de custos.

“Também gostamos da provedora de água e esgoto de São Paulo, Sabesp, que está em processo de privatização, e da Copel (CPLE6), outra empresa de energia elétrica recentemente privatizada”, afirmam.

O setor imobiliário é outro que tende a se sair bem em um cenário de queda nas taxas de juros. Entre as construtoras de casas, o BTG prefere ganhar exposição ao setor por meio das construtoras de baixa renda. “Na nossa visão, a acessibilidade para compradores de baixa renda nunca foi melhor após o governo melhorar as condições do programa habitacional de baixa renda MCMV – não ficaríamos surpresos se mudanças adicionais positivas no programa fossem anunciadas em um futuro próximo”, afirmam.

Entre as construtoras de baixa renda, a preferida é a Tenda. Entre as operadoras de shopping centers, a preferência recai sobre Iguatemi, que opera um portfólio premium e mais resiliente de shoppings e negocia com valuations atrativos.

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No segmento de alimentos, a JBS (JBSS3) é a favorita. Em saúde e educação, os profissional dizem gostar de Hapvida (HAPV3) e da Afya. Já em telecom, citam Desktop.

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