A procura por financiamento no Brasil fechou janeiro com queda de 13% em relação ao mesmo mês de 2022. Trata-se do segundo mês consecutivo que o Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), que mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos nos segmentos de varejo, bancos e serviços, registra variação interanual anual negativa de dois dígitos. A tendência, conforme a Neurotech, responsável por compilar os dados, não é de reversão deste quadro no curto prazo.
O recuo do INDC no primeiro mês de 2023 foi puxado pelos segmentos de serviços (-28%) e bancos e financeiras (-16%) na comparação com janeiro do ano passado. Já a busca por crédito no varejo subiu 14% em janeiro ante igual mês de 2022.
Para Breno Costa, diretor da Neurotech e responsável pelo indicador, a queda já era esperada e ratifica a tendência iniciada em agosto do ano passado, quando o INDC passou a registrar sucessivos recuos, com exceção apenas de novembro, impulsionado pela black friday. O desempenho contrário da procura por financiamento no varejo se deu devido às compras de material escolar.
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No primeiro mês de 2023 ante dezembro, o INDC caiu 5%, influenciado por quase todos os setores, com exceção de bancos e financeiras, que mostrou alta de 12%. Serviços e varejo apresentaram quedas de 23% e de 25%, respectivamente.
Costa ressalta que as instituições ainda estão reticentes em ofertar crédito, até por conta do aumento de risco das carteiras não só por parte da maior inadimplência das pessoas físicas como também por parte das empresas. “Este cenário provoca o maior conservadorismo”, afirma.
O quadro adverso de demanda por crédito foi visto em quase todo o segundo semestre de 2022, destaca a Neurotech. Com isso, a procura acumulada por financiamento entre julho e dezembro do ano passado ficou negativa em 7%.
“O aquecimento do crédito nos primeiros seis meses de 2022 precarizou a qualidade das carteiras das instituições financeiras. Isto fez com que a oferta recuasse, com a redução dos canais de distribuição e campanhas de marketing”, explica Costa. O executivo acrescenta ainda que a menor quantidade de canais ofertantes de crédito reduz as consultas dos consumidores em busca de financiamento, levando à queda da demanda. “Tudo isso aliado ao comprometimento da renda e às perdas dos bancos com crédito corporativo faz com que nossa expectativa não seja de reversão do cenário no curto prazo”, diz.
Abertura
A demanda por crédito em janeiro ante o mesmo mês de 2022 registrou alta em supermercados, de 41%, em móveis, com expansão de 39%, em lojas de departamentos, com elevação de 7%, e crescimento também de 7% em vestuário. Em contrapartida, houve queda em eletroeletrônicos (-13%) e outros (-24%).
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