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Caixa planeja ampliar prazo de financiamento no CVA para até 35 anos

A Caixa mantém projeção de crescimento de 10% na concessão de financiamento em 2022

Caixa planeja ampliar prazo de financiamento no CVA para até 35 anos
Maior financiadora imobiliária do País, a Caixa tinha um estoque de financiamentos no setor de R$ 542 bilhões em setembro de 2021. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

(Circe Bonatelli, Estadão Conteúdo) – A Caixa Econômica Federal planeja começar a oferecer financiamento imobiliário com prazo de pagamento de até 35 anos dentro do Casa Verde e Amarela (CVA) a partir de 1º de setembro. O prazo máximo para esse tipo de operação atualmente é de 30 anos.

A informação em primeira mão foi compartilhada com o Broadcast pelo diretor executivo de habitação da Caixa, Rodrigo Wermelinger. “A medida vai ajudar a colocar mais gente para dentro desse mercado”, afirmou, em entrevista após participar de um debate sobre habitação popular com empresários no Sindicato da Habitação (Secovi-SP), em São Paulo.

Segundo Wermelinger, é esperada para esta quarta-feira, 24, a sanção pelo Presidente da República da Medida Provisória 1.107que ampliou o prazo limite de financiamentos imobiliários com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de 30 para 35 anos. O Casa Verde Amarela é o principal destino dos recursos do fundo.

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O banco estatal já trabalha com prazo de financiamento de 35 anos fora do programa habitacional, em linhas de crédito que contam com recursos da caderneta de poupança. A nova medida é bastante aguardada por empresários do setor da construção, pois o aumento no prazo de pagamento no CVA permite a diluição do valor das parcelas do imóvel ao longo do tempo de modo a caberem no bolso dos consumidores.

Por exemplo: um financiamento de R$ 200 mil em 30 anos gera parcelas iniciais de R$ 1.686, enquanto em 35 anos esse valor cai para R$ 1.607 (considerando uma taxa de 7% ao ano no Sistema SAC).

O pano de fundo da Medida Provisória é a disparada nos custos de construção, que fez muitos empresários suspenderem lançamentos de projetos dentro do programa habitacional porque as contas não fechavam mais. A partir daí houve uma articulação dos empresários junto ao governo federal e ao conselho do FGTS para aumentar subsídios à população atendida pelo CVA, reduzir taxas de juros e ampliar a faixa de renda dos beneficiários.

O diretor de habitação da Caixa disse que não espera grandes dificuldades operacionais com o prazo ampliado nas linhas do FGTS. “A nossa carteira de crédito imobiliário é paga pelos clientes em dez anos, em média. Sempre que ganham o décimo terceiro ou um dinheiro extra procuram amortizar”, contou, durante a entrevista. Na média, a inadimplência na carteira habitacional é inferior a 2%. Wermelinger não abre o dado das linhas do FGTS, mas disse que estão controladas e não são motivo de preocupação.

A Caixa hoje responde por 99,9% dos empréstimos com recursos do FGTS. Até 2014, a sua participação era de 80%, ficando a fatia restante com o Banco do Brasil, que foi saindo aos poucos do ramo. De janeiro a julho, as contratações da Caixa no segmento atingiram R$ 34,8 bilhões.
Wermelinger admitiu que houve uma desaceleração nas contratações no primeiro semestre com a retração das construtoras diante da explosão dos custos dos materiais. Mas a expectativa é de reverter o quadro após o pacote de estímulos ao programa Casa Verde e Amarela.

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A média mensal de contratações no primeiro semestre foi de R$ 4,9 bilhões. Em julho, com parte dos estímulos ao programa já em vigor, esse patamar subiu para R$ 5,5 bilhões. A meta para o período de agosto a dezembro é chegar a R$ 6,6 bilhões, frisou o diretor.

“Nosso objetivo é executar 100% do orçamento do FGTS disponível para o ano, e os números mostram que esses resultados estão aparecendo por conta das medidas implementadas no Casa Verde e Amarela que trouxeram para o jogo clientes que não estavam conseguindo se enquadrar”, disse, durante o debate.

Caixa vê crescimento também fora do CVA Fora do programa habitacional, a Caixa também está acelerando. O banco estatal ganhou participação no mercado de crédito imobiliário com recursos da poupança desde que a taxa básica de juros (Selic) começou a decolar no início de 2021, ocupando o espaço dos bancos privados.

Em julho deste ano, a Caixa respondeu por 60% dos financiamentos contratados nesse segmento, enquanto no ano passado oscilou em torno dos 40% a 45% na maioria dos meses, segundo dados compartilhados por Wermelinger.

“A Caixa teve aumento na concessão de crédito, enquanto o mercado ficou mais ou menos estável”, disse, em entrevista. “Nós nos posicionamos como o banco das taxas mais vantajosas”, completou, alegando que os juros cobrados pela Caixa são menores que os dos concorrentes. Segundo ele, isso é possível porque o banco conta com uma caderneta de poupança mais gorda que a dos bancos privados. Estes, por sua vez, precisam recorrer a outras fontes de funding mais caras para abastecer o crédito imobiliário.

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O carro-chefe do banco é o crédito imobiliário com taxa de 8,85% ao ano mais Taxa Referencial (TR), enquanto em outras instituições a modalidade está na faixa dos 9%, beirando até os 10% ao ano. Mesmo com a expectativa de fim do ciclo de alta da Selic, o diretor de habitação disse que ainda é cedo para discutir uma possível redução nas taxas de juros dos empréstimos.

Wermelinger também falou sobre a linha de crédito com taxa indexada ao IPCA, modalidade em que o banco foi pioneiro no lançamento, há cerca de três anos, e que teve grande apelo junto aos consumidores quando a inflação estava controlada. Mas com a alta generalizada nos preços, o valor da parcela do mutuário também subiu.

“Nossa inadimplência aqui é de menos de 1%. Ela é bastante baixa porque essa linha foi destinada a um público de alta renda e mais esclarecido sobre o funcionamento e os riscos da operação”, afirmou. Além disso, o banco ofereceu aos consumidores a possibilidade de migrar para a modalidade atrelada à TR quando a inflação começou a assustar.

A Caixa mantém projeção de crescimento de 10% na concessão de financiamento em 2022 ante 2021 (contando FGTS e poupança). O volume contratado até aqui está acima disso. O crédito contratado já cresceu 17,16% no acumulado de janeiro a julho deste ano na comparação com o mesmo período de 2021, indo a R$ 90,46 bilhões, de R$ 77,21 bilhões. “Isto nos traz bastante otimismo para o segundo semestre”, declarou.