

O Itaú BBA retomou nesta semana a cobertura das ações da Copasa (CSMG3) com recomendação market perform (equivalente à neutra) e preço-alvo de R$ 24,1 ao final de 2025. Apesar dos dividendos robustos da companhia atraírem a atenção do mercado, o banco entende que o rendimento dos proventos distribuídos pode cair no médio prazo.
Acumulando uma alta de 14,79% no ano, os analistas consideram que os papéis CSMG3 negociam a um preço justo e não veem um potencial de valorização extra para os ativos caso a empresa permaneça sob o controle estatal. De acordo com os cálculos do BBA, as ações operam com um múltiplo implícito de EV/RAB de 0,98x, em comparação com o múltiplo justo do banco, avaliado em 0,97x. Comumente utilizado no setor de saneamento, esse indicador avalia a relação entre o valor completo da empresa e a base de ativos em sua concessão.
Um dos fatores de preocupação no radar do banco é o próximo reajuste tarifário, definido pela Arsae-MG. As cifras finais devem ser publicadas até novembro de 2025, com as novas tarifas começando a ser aplicadas em janeiro de 2026. Para o BBA, no entanto, os aumentos reais nas taxas podem começar apenas em janeiro de 2027.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Os analistas apontam que o reajuste deve ser negativo para a empresa, afetando os seus proventos. “Juntamente com a Cemig (CMIG4), a Copasa é provavelmente o único nome dentro da nossa cobertura a entregar um dividend yield (rendimento de dividendos) de dois dígitos (11% em 2024 e 10,4% projetado para 2025), assumindo dividendos extraordinários neste ano. No entanto, vemos o rendimento recorrente de dividendos da empresa diminuindo para cerca de 5,3% em 2026, devido ao efeito do reajuste tarifário negativo”, destacam.
O banco também está de olho na revisão do plano de capex (despesas de capitais) da companhia. Recentemente, a empresa projetou um capex anual médio de R$ 3,2 bilhões até 2029, necessário para alcançar a universalização do serviço de esgoto até 2033. Com o aumento das despesas, o BBA antecipa que a alavancagem da Copasa aumente gradualmente e atinja seu pico até 2029, em cerca de 3,0x – contra os atuais 1,8x.
Privatização poderia fazer Copasa subir 40%
Em um cenário otimista para o Itaú, caso a companhia mineira fosse privatizada, ela poderia ter um potencial de valorização de aproximadamente 40%. No entanto, apesar dos desenvolvimentos políticos recentes, o banco ainda enxerga a agenda de desestatização em Minas Gerais como um desafio difícil de ser alcançado.
Ao final de 2024, o governo estadual protocolou projetos de lei para permitir as privatizações da Copasa e Cemig. “No entanto, com base em nossas interações mais recentes, o processo ainda exigiria a aprovação da emenda constitucional submetida em 2023 (PEC 24/2023) ou um referendo público. Acreditamos que qualquer progresso na agenda política rumo à privatização poderia servir como um catalisador para uma reavaliação das ações”, ressaltam os analistas do Itaú BBA.