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Há uma expectativa de que o Banco Central mencione o tarifaço — sobretaxa de 50% determinada por Donald Trump sobre produtos brasileiros — previsto para entrar em vigor na sexta-feira (1º). A medida, no entanto, não deve ter peso suficiente para alterar a política monetária neste momento.
“O Copom deve mencionar o grau elevado de incerteza trazido pelas novas tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos, que adicionam volatilidade ao cenário”, comenta Bruno Fratelli da Journey Capital.
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Enquanto os juros básicos não se alteram, o investidor deve manter o foco no longo prazo, com uma carteira adaptada ao seu perfil de risco, apontam os especialistas. “O Copom já está bem precificado. A decisão não deve trazer grandes volatilidades”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Para ele, a Bolsa pode ser impulsionada em um futuro corte de juros, estimado para o início de 2026, mas o mais prudente agora é seguir a estratégia e aguardar a evolução do cenário. “O Banco Central deve manter o tom firme e reforçar seu compromisso com o controle da inflação e a preservação da sua credibilidade”, afirma Sung.
A manutenção dos juros em patamares recordes acontece mesmo em um cenário de atividade econômica demonstrando desaceleração. O IBC-Br de maio caiu 0,7%, com indústria em retração e o comércio enfraquecido. Além disso, o Boletim Focus trouxe uma expectativa de inflação para 2026 caindo para 4,45%, retornando ao intervalo da meta.
Igor Barenboim, economista-chefe da Reach Capital, explica que, apesar dos dados apontando para uma possível redução de juros, o movimento ainda é frágil. “É tudo muito incipiente”, diz. Para ele, o ciclo de cortes ainda está distante. “A inflação não está na meta. Não tem nada para o BC fazer, a não ser observar e continuar vigilante”, afirma, reforçando que ainda é preciso confirmar a desaceleração da economia.
A meta de inflação brasileira é definida pelo Conselho Monetário Nacional e, atualmente, é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Ou seja, o teto é 4,5% e o piso é 1,5%.
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Para Barenboim, a janela provável para iniciar os cortes é apenas no início de 2026. A projeção da Suno vai na mesma linha. “Vislumbramos um ciclo de cortes gradual, com a Selic encerrando 2026 em 13%”, afirma Sung.
A manutenção dos juros altos abre espaço para que o investidor continue na renda fixa e também aposte em ativos de risco, especialmente quem vê mudanças à frente. “Vale a pena ter bastante CDI, porque está pagando muito bem”, diz Barenboim. Ele vê boas oportunidades na Bolsa e em títulos prefixados e atrelados à inflação de longo prazo, considerando o cenário eleitoral e a questão fiscal no radar.
Ele comenta que o juro longo, a inflação longa e a Bolsa têm o mesmo risco, pois se o Brasil for mal, o investidor aplicado também vai mal. “Vale a pena você ter um pouco na carteira. Há uma possibilidade disso mais que dobrar em 18 meses. Acho que tem que ter uma fezinha de que o Brasil pode dar certo.”
Gustavo Sung reforça que a Bolsa pode se beneficiar quando os cortes finalmente começarem, apesar de não ser hora de pressa. “O investidor deve manter sua estratégia de longo prazo e construir uma carteira resiliente.” Mas quem gosta de tranquilidade, a renda fixa ainda segue como o porto seguro. “Com a Selic a 15%, produtos pós-fixados continuam oferecendo excelente relação risco-retorno”, diz Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos.
No crédito privado, é prudente evitar ativos muito arriscados. “Créditos de empresas muito endividadas vão sofrer quando a economia desacelerar”, aponta Barenboim. Ele recomenda escolher papéis de empresas com mais qualidade.
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Sidney Lima concorda e reforça a importância de escolher bem os gestores. “Em momentos como este, a atuação de gestoras especializadas faz toda a diferença”, afirma. Ele cita Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (Fidcs) como exemplo de produtos que podem superar o CDI, desde que tenham governança sólida e garantias bem estruturadas.
Um dos pontos que devem aparecer no comunicado do Copom é o impacto das tarifas de 50% anunciadas por Trump sobre produtos brasileiros. Barenboim avalia que, embora a medida possa baixar os preços de alimentos como manga, laranja e carne no mercado doméstico, o efeito não será suficiente para alterar os juros no curto prazo. “Os economistas têm errado sistematicamente os impactos das tarifas. Não tem modelo para isso. Não dá para estimar direito”, explica o economista da Reach.
Nos Estados Unidos, a percepção é semelhante. “Apesar da desaceleração recente da inflação, os dirigentes preferem errar pelo excesso de cautela”, destaca Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos. A taxa americana determinada pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, deve seguir entre 5,25% e 5,50%, com dois cortes sendo esperados apenas para o segundo semestre — o primeiro em setembro.
Barenboim reforça que o tarifaço nos EUA foi inicialmente tratado como um desastre inflacionário, mas a realidade se mostrou menos grave. “A expectativa agora é de impacto de 50 pontos-base por ano. Então, não vai ter corte imediato”, afirma. O mercado espera dois cortes ainda neste segundo semestre.
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