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Desvalorização do peso em meio inflação aperta argentinos

Na Argentina, a nota de mil pesos vale, tecnicamente, 8,40 dólares usando a taxa de câmbio oficial

Desvalorização do peso em meio inflação aperta argentinos
Cliente paga em dinheiro em mercado de Buenos Aires 23/05/2022. REUTERS/Cristina Sille

As notas de peso argentino, desvalorizadas por anos de inflação galopante, agora de quase 60%, estão começando a causar uma pressão literal nas carteiras da população, com a maior cédula em circulação valendo menos de 5 dólares nos mercados de câmbio comumente usados.

Isso significa que as pessoas precisam carregar enormes maços de dinheiro, um problema de segurança e dor de cabeça logística para poupadores, empresas e bancos.

A situação isola a Argentina na América Latina, exceto, talvez, pela Venezuela. As maiores notas no México e no Peru valem cerca de 50 dólares, enquanto no Brasil são o equivalente a cerca de 40 dólares. No Chile e na Colômbia chegam a cerca de 25 dólares e, no Paraguai, a 15 dólares.

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Na Argentina, a nota de mil pesos vale, tecnicamente, 8,40 dólares usando a taxa de câmbio oficial, mas, com controles de capital rígidos limitando as compras em moeda estrangeira, a maioria das pessoas usa mercados paralelos onde a mesma quantia rende 4,80 dólares.

Há dez anos, mil pesos valiam 200 dólares. Até cerca de duas décadas atrás, a mesma quantia lhe daria mil dólares.

“Tenho que carregar aquele maço enorme de notas na carteira, porque não cabe nos bolsos, e tenho medo de ser assaltada”, disse Laura, de 40 anos, advogada da capital Buenos Aires.

“A nota de mil pesos não dá mais para nada. O aluguel (mensal) da minha casa é de pouco mais de 50 mil pesos.”

O baixo valor da maior cédula disponível significa que muitas empresas da economia dependente de dinheiro físico ficam com enormes pilhas de notas ao final do dia. Não é incomum que as pessoas cheguem para pagar despesas maiores com grandes blocos de dinheiro vivo.

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“A denominação das notas está muito dissociada da média de transações da economia”, disse Camilo Tiscornia, diretor da C&T Asesores Económicos, acrescentando que isso gera ineficiências no mercado. “Você tem que fazer pagamentos ridículos com um enorme número de notas.”