Stablecoins, Bitcoin e diversificação: diretor do MB responde se você já perdeu o bonde (Foto: Adobe Stock)
A Digital Assets Conference 2025 (DAC) reuniu alguns dos principais nomes do mercado para debater o futuro dos ativos digitais e o papel da regulação nesse cenário em rápida transformação. O encontro destacou como a indústria, antes restrita a um público entusiasta e altamente especializado, vem se consolidando como parte do cotidiano de empresas, governos e pessoas comuns. Nesse ambiente de amadurecimento, executivos e especialistas compartilharam suas visões sobre diversificação, infraestrutura e o avanço das stablecoins, que já ultrapassaram o status de tendência para se tornarem ferramentas de uso prático em escala global.
Em exclusiva ao E-Investidor, Fabricio Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin (MB), organizador da DAC, destacou a importância da diversificação e da visão de longo prazo no mercado cripto. Para ele, a construção de patrimônio exige estratégia e paciência, mesmo em um setor conhecido pela volatilidade.
“Do ponto de vista de construção de uma carteira de investimentos, um cara que diversifica mais, você conversa com esse cara de outra forma. Toda a nossa comunicação tenta atender também esse timing de cripto, que se assemelha um pouco ao mercado de ações. Mas a construção é sempre de longo prazo, de acordo com o risco que o investidor está disposto a assumir”, explicou.
Nesse contexto, Tota ressaltou que, embora o Bitcoin continue ocupando um espaço central, a indústria caminha para novas frentes. A tokenizaçãoe, sobretudo, as stablecoins, ganharam força no último ano e meio, ultrapassando o nicho dos entusiastas de cripto. O diretor afirma:
Stablecoin deixou de ser uma solução só do mundinho cripto. Hoje é usada em pagamentos internacionais, remessas, liquidações, importação e exportação.
Ele lembrou que em países como Bolívia e Estados Unidos, trabalhadores comuns utilizam stablecoins para enviar dinheiro às suas famílias, muitas vezes sem sequer saber que estão lidando com cripto.
A partir dessa utilização diária, segundo o executivo, marca-se a transição do setor para a vida cotidiana. Enviar dinheiro para a família, lembrou Tota, se tornou parte da lista das atividades mais importantes da semana de qualquer pessoa comum, ao lado de trabalhar, fazer compras e cuidar da casa.
É nesse ponto que, para ele, a discussão sobre o tema no Brasil ganha relevância. “Quando o assunto sai da bolha e entra na mesa do regulador, é sinal de que está dando certo”, disse, lembrando que São Paulo se tornou um dos polos centrais desse debate, especialmente no diálogo entre mercado de câmbio e ativos digitais.
Tota também fez questão de frisar que a experiência internacional pode servir de referência, ainda que a regulação brasileira siga um caminho próprio. “Não acho que a regulação brasileira vá simplesmente se inspirar na americana, mas, quando o regulador daqui vê outros atuando de forma positiva, isso gera impacto”, destacou.
Outro ponto central de sua fala foi a necessidade de amadurecimento regulatório para que o mercado possa crescer em escala.
Segundo ele, ainda existe resistência de alguns que enxergam a regulação como uma barreira, mas, na prática, ela é fundamental para atrair investidores institucionais:
Se não tiver regulação, vai ser sempre um mercado pequenininho. Como vai escalar e crescer? O investidor de fora olha para cá e pensa: lá fora é regulado, aqui não. Então ele precisa dessa segurança para investir localmente.
O executivo lembrou que o próprio setor evoluiu em infraestrutura para atender esse público mais tradicional. “Há 10, 12 anos, não existia governança sofisticada o suficiente para atender o investidor profissional. Como fazia custódia? Você baixava um software de código aberto, sacava as chaves e cuidava sozinho. Isso não servia para o institucional”, contou.
Hoje, no entanto, o mercado já oferece soluções avançadas, como custódia com múltiplas assinaturas, alçadas e limites, permitindo que CFOs e conselhos tenham controle profissional sobre os ativos digitais. “O mercado foi evoluindo para se preparar e ficar pronto para receber esse investidor institucional”, concluiu Fabricio Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin (MB).