O UBS acredita que o dólar pode recuar para menos de R$ 5 nos próximos meses, com a valorização do real sendo respaldada pela atratividade do carry trade (mecanismo utilizado para tentar obter lucros com base na diferença entre a taxa de juros de dois países) e um aprimoramento no balanço de pagamentos do Brasil, que pode captar o fluxo de investimento estrangeiro.
Em relatório, o banco disse que o real tem potencial para apreciação adicional, especialmente em comparação a outras moedas latino-americanas. Parte do otimismo do UBS com a moeda brasileira vem de sinais de melhora no balanço de pagamentos do Brasil, que começou a mostrar sinais de fortalecimento.
A projeção do banco é de que o déficit em conta corrente do Brasil, que terminou o segundo trimestre em 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado em 12 meses, pode diminuir para 2,5% até o final de 2025.
Além disso, o UBS vê potencial para um aumento no Investimento Direto no País (IDP) e nos fluxos de portfólio, fatores que podem melhorar a entrada de dólares na economia e beneficiar o câmbio. As taxas de juros, que estão em um território muito restritivo, podem atrair recursos para títulos e ações, gerando impactos positivos no câmbio.
O relatório também menciona que o interesse pelo real deve permanecer robusto graças ao alto retorno proporcionado por operações de arbitragem com o real, que chega a 9% ao ano. Segundo o UBS, o real se destaca entre as moedas de mercados emergentes, superando concorrentes como o rand sul-africano e o peso mexicano.
A projeção do banco é de que o dólar possa chegar perto de R$ 4,90 antes de o movimento de valorização do real parecer “exagerado” aos olhos do mercado.
O UBS acredita que o atual cenário global parece minimizar os riscos externos para o Brasil.
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Embora o Brasil seja alvo de tarifas de importação elevadas dos EUA, os efeitos sobre a economia são limitados pelo fato de que apenas 12% das exportações brasileiras têm como destino os EUA, e parte desses produtos foi isenta das novas tarifas. O UBS também observa que a maioria das exportações para os EUA (quase 75%) pode ser redirecionada para outros mercados, atenuando os impactos negativos.
O relatório sugere que, apesar dos riscos fiscais internos, o ambiente econômico e político brasileiro pode se tornar ainda mais favorável com o desenrolar de eventos eleitorais no próximo ano. Isso poderia impulsionar ainda mais a valorização do real ante o dólar.