O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 3, em alta firme e tocou o nível de R$ 4,90 na máxima, sob impacto da decisão do Copom de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano, e de um movimento de realização de lucros com moedas latino-americanas em meio ao avanço das taxas dos Treasuries longos.
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Após oscilar na faixa entre R$ 4,88 e R$ 4,89 ao longo da tarde, o dólar à vista acelerou na reta final e, com máxima a R$ 4,9002, terminou o dia em alta de 1,94%, cotado a R$ 4,8987 – maior valor de fechamento desde 6 de julho (R$ 4,9299). Nas três primeiras sessões de agosto, a moeda apresenta valorização de 3,58%, após ter encerrado julho com queda de 1,25%.
Operadores relataram uma onda forte de reposicionamento no mercado futuro, com recomposição de hedge cambial e zeragem de posições vendidas na moeda americana, em especial de fundos multimercados locais. Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para setembro, com giro expressivo, acima de US$ 15 bilhões.
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O escorregão do real se dá em meio a um movimento de realização de lucros de divisas de países latino-americanos com juros elevados que apresentam valorização expressiva em 2023. A moeda brasileira tem desempenho similar a do peso mexicano, com perdas pouco acima de 3% no mês. A maior queda mensal, na casa de 6%, é do peso colombiano, que ainda assim registra valorização de dois dígitos frente ao dólar no ano.
A economista-chefe da Amor Capital, Andrea Damico, afirma que o real hoje se deprecia em razão tanto da decisão do Copom quanto de um ambiente externo de aversão a risco. Ela afirma o colegiado do BC tenha optado pelo chamado “corte hawk”, com dissenso entre integrantes e tentativa de alinhar as expectativas com anúncio de redução subsequente de 0,50 ponto, parte do mercado passou a especular com aceleração do ritmo de cortes.
“Temos uma reação do dólar ao Copom. Mas há também um cenário externo de ‘risk off’ por causa do ‘downgrade’ do EUA, com alta das taxas dos Treasuries diante necessidade de Tesouro americano de emitir mais dívida”, afirma Damico.
De fato, o escorregão das divisas latino-americanas se dá em meio ao realinhamento das taxas longas americanas, após rebaixamento da rating dos EUA pela Fitch e a alta do retorno dos títulos Japão, país que serve com principal fonte de financiamento para operações com ativos de risco.
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O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, afirma que o real ainda sofre com o “rescaldo” do rebaixamento dos EUA, mas que a “agressividade” no corte de juros pelo Copom levou o mercado a projetar uma redução mais rápida da taxa Selic, o que reduz a competitividade do Brasil na atração de recursos externos.
“A derrubada dos juros em ritmo superior à expectativa de boa parte do mercado, enquanto os países desenvolvidos mantêm taxas e podem até voltar a apertar a política monetária, prejudica o real”, afirma Velloni.
A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, vê o real pressionado no curto prazo pela redução mais forte da taxa Selic e pelo ambiente externo de baixo apetite ao risco, mas descarta a possibilidade de uma escalada mais forte do dólar no mercado doméstico.
“O corte de juros é positivo para a economia e isso acaba trazendo fluxo para cá, o que se reflete de forma positiva no comportamento do câmbio. Além disso, apesar da queda da Selic, vamos continuar a ter taxa de juros de dois dígitos, que ainda é muito atrativa”, afirma Quartaroli.
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