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- O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (2) por reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano
- Este é o primeiro ajuste para baixo em três anos e deve causar uma euforia entre investidores, especialmente no mercado de ações
- O E-Investidor ouviu analistas para entender quais ações são as "top picks" para se beneficiar desse ambiente de queda dos juros
Muito aguardado pelo mercado financeiro, o primeiro corte na taxa básica de juros foi oficialmente anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nesta quarta-feira (2). Depois de praticamente 12 meses estacionada em 13,75% ao ano, a Selic foi reduzida em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano. Este é o primeiro ajuste para baixo em três anos e deve causar uma euforia entre investidores. Veja como ficam os investimentos
Parte desse movimento já começou, especialmente depois de abril, quando a melhora do cenário fiscal e o arrefecimento da inflação começaram a permitir que o mercado precificasse o início do ciclo de afrouxamento monetário para o segundo semestre do ano. Desde então, a Bolsa de Valores brasileira engatou uma recuperação acelerada e subiu 25%, no maior rali desde o fim da pandemia da covid-19.
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Agora que o ciclo de queda de juros realmente começou, a tendência é que boa parte das ações brasileiras continuem em um movimento de alta. Veja as carteiras recomendadas de 11 corretoras para agosto.
Na visão da XP Investimentos, esse primeiro rali na Bolsa refletiu sobretudo a melhora do cenário macroeconômico, com alívio nos riscos políticos e fiscais do País. Agora, o movimento de alta também deve se apoiar na volta do investidor pessoa física para os ativos de maior risco, além da melhora dos resultados das companhias.
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“A nossa percepção é que ainda existe prêmio de risco nas ações de diversos setores e empresas listadas na B3”, dizem em relatório da XP Rodrigo Sgavioli, head de Alocação e Fundos, e Clara Sodré, analista da mesma área. “A continuidade de uma visão positiva para a Bolsa está em linha com a manutenção de um cenário macro local favorável, bons resultados das empresas nos trimestres à frente ou que ao menos superem as suas estimativas, além do fluxo dos investidores locais, que ainda parecem estar começando a se posicionar.”
No mercado de ações, investidores começam a voltar as atenções para aqueles papéis que apanharam desde 2021, quando o Banco Central iniciou o aperto monetário. Small caps, além de setores ligados à economia doméstica como varejo, construção civil e shoppings, devem ser os maiores beneficiados.
O E-Investidor ouviu analistas para entender quais ações devem se destacar nesse ambiente de queda dos juros. A ideia era entender qual seria a “top pick”, aquele papel favorito, para surfar com a queda da Selic. Confira:
EcoRodovias (ECOR3)
A empresa brasileira de infraestrutura e administração de rodovias é a aposta da Genial Investimentos para surfar o ciclo de queda de juros. Filipe Villegas, estrategista de ações da casa, explica que a companhia pode ser beneficiada de várias maneiras, especialmente por constituir um modelo de negócios de capital intensivo, aquele que demanda grande volume de dinheiro para manter a operação.
A queda da Selic barateia os custos da companhia e, como a EcoRodovias é uma empresa alavancada, juros menores significam também uma dívida menor. “Além disso, a queda dos juros estimula a economia, o que ajuda no maior movimento nas estradas, seja a passeio ou para operações logísticas”, diz Villegas.
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Até o fechamento desta quarta-feira (2), a ECOR3 era cotada a R$ 8,39. Em 2023, o papel acumula uma valorização de 88,54%.
Even (EVEN3)
A mera expectativa de redução dos juros está levando a um rali nos papéis ligados à construção civil. Entre março e junho deste ano, todas as companhias presentes no índice imobiliário (IMOB) subiram ao menos 21,5%, mas houve quem acumulasse ganhos ainda mais expressivos, de 85%.
Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, explica que a construção civil é um dos setores mais alavancados do mercado, muito dependente do endividamento para manter as construções e também sensível ao endividamento das famílias – por isso costuma ser tão afetado pelos juros altos. Agora, com a perspectiva de queda, a expectativa é que os papéis dos setores vejam seus números melhorar.
Assim, a preferência da Órama para surfar o novo ciclo monetário fica com a small cap Even. “O grupo de controle da empresa, a família Rocha, é super competente e vem desempenhando bem operacionalmente a empresa. Vemos bastante espaço para altas”, diz Soares.
Até o fechamento desta quarta-feira, a EVEN3 era cotada a R$ 7,68. Em 2023, o papel acumula uma valorização de 67,69%.
Grupo SBF (SBFG3)
A top pick para aproveitar a queda dos juros na visão da Empiricus Research fica com a ação do Grupo SBF (SBFG3), organização do setor de varejo que controla as lojas Centauro, ByTennis, Almax Sports, Studio 78 e é responsável pelas lojas da Nike no Brasil.
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Fernando Ferrer, analista da casa, explica que quem mais deve se beneficiar do ciclo de afrouxamento monetário são aqueles ativos cíclicos, ligados à economia doméstica. Mas não somente. É preciso escolher aquelas empresas de boa governança corporativa, que estão negociando a um valuation (valor do ativo) atrativo e que possuem marca forte. “Todas essas características apontam para o Grupo SBF (SBFG3)”, diz.
Ferrer destaca que a companhia passou por um momento operacional ruim nos últimos trimestres, mas vem melhorando e tem apresentado bons números especialmente na Nike. “A ação está negociando a 8x lucro para o ano que vem, enquanto os pares considerados ‘qualities’ negociam a múltiplos muito mais altos, de 12x, 14x. Nas nossas contas, a SBF pode dobrar de 12 a 18 meses”, afirma.
Até o fechamento desta quarta-feira, a SBFG3 era cotada a R$ 13,03. Em 2023, o papel acumula uma valorização pequena, de 3,82%.
B3 (B3SA3)
Para além dos ativos cíclicos, alavancados e dependentes da economia doméstica – que aparecem sempre que analistas apontam quem deve se beneficiar com a queda da Selic –, há ações fora do radar que também devem aproveitar o cenário de juros menores. Uma delas é a B3, uma aposta “mais segura” na visão da EQI Research.
Segundo Luís Moran, head da casa, a empresa da Bolsa brasileira figura como a história mais “direta e reta” da redução da Selic do ponto de vista operacional, pois o recuo dos juros deve levar a um aumento no volume negociado em ações. “A B3 é uma opção bastante segura e tranquila, porque financeiramente não tem nenhum problema, mas vai se beneficiar bastante desse ambiente. Inclusive com a eventual volta de oferta de ações, IPOs, operações que claramente são boas para a receita da companhia”, explica.
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Até o fechamento desta quarta-feira, a B3SA3 era cotada a R$ 14,77. Em 2023, o papel acumula uma valorização de 14,05%.
Aliansce Sonae (ALSO3)
Outro setor que tende a se beneficiar de um ambiente de juros menores são os shoppings centers. Lucas Rietjens, analista da Guide Investimentos, destaca que nos últimos quatro ciclos de queda de juros as ações de empresas do setor tiveram ganhos superiores aos do Ibovespa. Por isso, a top pick da corretora para surfar a queda da Selic fica com a Aliansce Sonae.
“Olhando basicamente para o efeito do corte de juros sobre o fluxo de caixa proveniente das operações (FFO), estimamos que a cada 100 pontos-base de corte na taxa Selic, o FFO da companhia cresça mais ou menos 2,5%”, afirma Rietjens. “Mas não é só isso. Vemos um crescimento das vendas, acompanhando de um aluguel que deve vir mais forte do que o esperado pelo mercado.”
Até o fechamento do pregão desta quarta-feira, a ALSO3 era cotada a R$ 24,73. Em 2023, o papel acumula uma valorização de 49,52%.