Em queda contida pela manhã, o dólar à vista aprofundou o ritmo de baixa ao longo da tarde e encerrou a sessão desta quinta-feira, 16, cotado a R$ 5,2398, desvalorização de 1,03%, após registrar mínima a R$ 5,2368 na reta final dos negócios. Apesar do refresco hoje, a semana ainda é de perdas para o real, com o dólar acumulando ganhos de 0,61% no mercado doméstico de câmbio.
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Após o estresse ontem com os problemas de liquidez do Credit Suisse, que aumentaram o mal estar provocado pela quebra de bancos regionais nos EUA, em especial do Silicon Valley Bank (SVB), os ativos de risco experimentaram uma recuperação hoje, com investidores ponderando o risco de crise sistêmica e recessão global. Ao anúncio ontem à noite de linha de 50 bilhões de francos suíços do Banco Nacional da Suíça ao Credit Suisse somaram informações de que um grupo de bancos americano vai depositar US$ 30 bilhões ao First Republic Bank, que também enfrenta problemas de liquidez.
“Tivemos um alívio no pessimismo lá fora hoje com o socorro aos bancos, o que tirou pressão sobre os ativos de risco. As divisas emergentes perderam nos últimos, mas o real até que ficou bem ancorado.”, afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, para quem, caso o novo arcabouço fiscal não decepcione e o ambiente externo desanuvie, o dólar pode voltar para a casa de R$ 5,10. “Por enquanto, o ambiente ainda deve ser de volatilidade, com receio de que apareça outro banco com problemas”.
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No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes – operou em queda ao longo do dia, com mínima aos 104,203 pontos, com perdas frente ao euro. Ao contrário do especulado ontem, o Banco Central (BCE) anunciou pela manhã elevação da taxa de juros em 50 pontos-base. A presidente do BCE, Cristine Lagarde, disse que não vê um cenário de crise de liquidez, mas reforçou que a autoridade monetária está “pronta para agir”. As taxas dos Treasuries avançaram, com a T-note de 2 anos, voltando a operar acima de 4%. Voltaram a ser majoritárias as apostas de que o Federal Reserve anuncie no dia 22 alta de taxa básica em 25 pontos-base.
A moeda americana caiu em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha subido frente a dois pares relevantes do real (peso chileno e rand sul-africano). O peso mexicano, que sofreu mais nos dias de estresse, hoje acumulou os maiores ganhos entre divisas latino-americanas. As cotações do petróleo subiram no mercado internacional, com o tipo Brent para maio em alta de 1,37%, a US$ 74,70 o barril.
Segundo o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, a despeito do alívio hoje, o ambiente ainda é de incerteza e pouco apetite por ativos de risco, como moedas emergentes. Embora ressalte que há diferenças entre o caso do Credit Suisse, que já apresentava problemas desde o ano passado, e a quebra dos bancos americanos, o mercado interpretou as questões como um sinal de aumento do risco sistêmico no setor financeiro. “Hoje houve desmonte de posições de hedge proteção, mas ainda vejo um ambiente de cautela. Falta uma sinalização mais clara para a trajetória de juros nos EUA após os problemas nos bancos”, afirma Velloni.