O dólar emendou nesta quarta-feira, 25, a terceira sessão seguida de queda no mercado doméstico de câmbio e voltou a fechar abaixo da linha de R$ 5,10 pela primeira vez desde 4 de novembro do ano passado. O real, que costuma apanhar mais em períodos de fuga de emergentes, hoje liderou os ganhos entre as principais divisas globais. A apreciação da moeda brasileira se dá em meio a um movimento de perda de fôlego do dólar frente a pares fortes, diante da perspectiva de alta de juros menor nos Estados Unidos, cuja economia, como mostra a safra de balanços, dá sinais de enfraquecimento.
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Operadores notaram fluxo de capitais externo para ativos domésticos, que estariam com preços atraentes, em movimento global de rotação de carteiras favorável a emergentes. Haveria também um movimento de correção da alta de quase 2% do dólar na semana passada, turbinado hoje pela liquidez menor, em razão do feriado municipal pelo aniversário da cidade de São Paulo.
Afora uma alta pontual e bem limitada no início dos negócios, a moeda operou em baixa ao longo de todo o dia. No início da tarde, a divisa rompeu o piso de R$ 5,10 e, com renovação sucessiva de mínimas, desceu até 5,0689 (-1,44%). No fim da sessão, o dólar à vista recuou 1,22%, a R$ 5,0799 – menor valor de fechamento desde 4 de novembro (R$ 5,0622). Nos três primeiros pregões desta semana, a moeda já acumula baixa de 2,45%.
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“Faz uns três dias que estamos vendo um bom fluxo de capital estrangeiro para a bolsa brasileira. Existe uma busca por emergentes com essa expectativa de alta menor de juros pelo Fed (Federal Reserve) e risco de recessão na economia americana”, afirma o analista de câmbio Elson Gusmão, da corretora Ourominas. “O estrangeiro tem menos receio com o governo Lula. Se o investidor local aprovar a nova âncora fiscal, o dólar pode ir até R$ 4,90”.
Segundo dados da B3, os estrangeiros ingressaram com R$ 692,371 milhões na bolsa brasileira na sessão de segunda-feira, 23. Em janeiro, já aportaram R$ 7,176 bilhões em ações domésticas. À tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial foi positivo em US$ 666 milhões na semana de 16 a 20 de janeiro, graças à entrada líquida de US$ 724 milhões pela conta financeira, uma vez que houve saída de US$ 57 milhões pelo comércio exterior. Em janeiro, contudo, o fluxo cambial total ainda é negativo em US$ 992 milhões.
“O real apanhou bastante na semana passada e estamos vendo uma recuperação mais forte hoje, aproveitando essa desvalorização global do dólar, com a perspectiva de o Fed não subir tanto os juros nos EUA”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressaltando que a liquidez está baixa em razão do feriado municipal em São Paulo, o que “distorce um pouco” a formação da taxa de câmbio.
Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis pares fortes – trabalhou em queda durante o dia e, quando o mercado doméstico fechou, operava aos 101,665 pontos (-0,25%), perto da mínima da sessão (101,576 pontos). O Banco do Canadá (BoC) anunciou à tarde alta da taxa de juros em 25 pontos-base, como esperado, mas deu sinais claros de que pode optar por uma pausa no aperto monetário, o que reforça a expectativa por uma postura menos dura do Federal Reserve.
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