Mercado

Como 7 bancos e corretoras avaliam a Ambev após o rombo na Americanas

Recomendações variam de compra a venda; preocupações com reflexos da Americanas e números do 4T22 são destaque

Como 7 bancos e corretoras avaliam a Ambev após o rombo na Americanas
Ambev é dona de mais de 100 rótulos de cervejas pelo mundo. Foto: Divulgação/Ambev
  • O E-Investidor consultou os relatórios mais recentes de 7 bancos e corretoras para entender qual a visão do mercado sobre os papéis da Ambev
  • As avaliações variam, mas alguns pontos aparecem na maioria das análises: possíveis reflexos do caso da Americanas, a perspectiva de números mais baixos no 4T22, e preocupação com a inflação em países como Argentina e Chile
  • A avaliação mais negativa é a do Goldman Sachs, a única recomendação de venda entre as consultadas e preço-alvo de R$ 12,70

As ações da Ambev (ABEV3) entraram no radar dos investidores neste início de 2023, na esteira do escândalo contábil que fez a Americanas (AMER3) pedir recuperação judicial.

Conforme explicamos nesta reportagem, a preocupação não tem a ver propriamente com o modelo de negócios da fabricante de bebidas, mas sim com seus acionistas controladores. O trio formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os homens mais ricos do Brasil, são os investidores de referência da varejista.

O E-Investidor consultou os relatórios mais recentes de sete bancos e corretoras para entender qual a visão do mercado sobre os papéis da Ambev. As avaliações variam, mas alguns pontos aparecem na maioria das análises: possíveis reflexos do caso da Americanas, a perspectiva de números mais baixos no quarto trimestre de 2022 e preocupação com a inflação em países importantes para a companhia na América do Sul, como Argentina e Chile.

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A temporada de balanços referente ao quarto trimestre de 2022 começa na última semana de janeiro. Os resultados da Ambev, no entanto, só serão divulgados no dia 02 de março.

Algumas casas traçam uma perspectiva positiva para ABEV3 em 2023, com recomendação de compra para as ações. É o caso UBS BB, que em janeiro mudou seu posicionamento de venda para compra, com preço-alvo de R$ 18, defendendo que este é um bom momento de entrada nos ativos.

No lado mais negativo, o Goldman Sachs é o único entre os consultados com recomendação de venda e preço-alvo de R$ 12,70.

Às 14h33 desta quarta-feira (25), as ações da Ambev eram negociadas a R$ 13,68, com alta de 0,59%.

Bank of America

  • Recomendação: neutra
  • Preço-alvo: R$ 16,50

O BofA acredita que, após quatro anos consecutivos de contração de margem da empresa, 2023 pode ser “um ponto de inflexão” para a Ambev com lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) crescendo 14%. A principal razão para a melhora será a desaceleração da inflação, que deve fazer com que a demanda pelos produtos da companhia aumente, principalmente no Brasil e na América Central, diz o relatório dos analistas Isabela Simonato e Guilherme Palhares.

Ainda assim, o banco mantém a recomendação neutra para os papéis, com a visão de que o aumento da inflação em outros países da América do Sul, como Argentina e Chile, pode segurar a melhoria nos números da empresa.

BTG Pactual

  • Recomendação: neutra
  • Preço-alvo: R$ 16,00

Na avaliação do BTG, os números referentes ao quarto trimestre de 2022 da Ambev podem não ser tão positivos quanto inicialmente pensava o mercado. Embora o banco espere por um resultado “decente”, a visão é de que a Copa do Mundo do Catar não tenha gerado o impacto positivo que muitos esperavam.

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O banco manteve a posição neutra nos papéis por conta da visão de que uma indústria mais fraca pode desafiar o poder de precificação no futuro. “Se o desempenho mais fraco do que o esperado com a Copa do Mundo for confirmado, poderia sinalizar uma desaceleração da indústria (a produção de bebidas alcoólicas parece apoiar isso), trazendo riscos para a precificação da Ambev em 2023 em meio a uma economia em desaceleração”, diz o relatório.

Credit Suisse

  • Recomendação: outperform (equivalente à compra)
  • Preço-alvo: R$ 18,00

Em relatório, as analistas do Credit Suisse Marcella Recchia e Fernanda Sayão destacam que, por mais que o rombo bilionário na Americanas tenha levantado dúvidas entre os investidores de Ambev, as preocupações são “injustificadas”.

Na visão do banco, a Ambev é uma forte geradora de fluxo de caixa livre (FCF), com sólida dinâmica de capital de giro. O relatório ressalta ainda que a companhia vem passando por uma transformação cultural significativa após as mudanças na gestão em 2020, saindo do chamado ‘3G-way’ (uma referência ao trio de bilionários investidores) em direção a um ecossistema triplo saudável e sustentável (consumidor-cliente- fornecedor).

Goldman Sachs

  • Recomendação: venda
  • Preço-alvo: R$ 12,70

Na visão do Goldman Sachs, o consenso do mercado para a Ambev pode estar muito elevado, dado as possíveis desvantagens e riscos de curto prazo. O banco destaca que o 4T22 contou com a eliminação do Brasil na Copa do Mundo do Catar, clima em geral mais frio e altos volumes de chuva; fatores que podem acabar pressionando os volumes de cerveja da companhia.

“Os principais riscos positivos para nossa visão de investimento incluem: 1/ Deflação de custos e uma normalização dos preços das principais commodities; 2/ Participação de mercado sustentada, crescimento de volume, e preços reais no Brasil; e 3/ O lançamento de iniciativas digitais como o BEES”, diz o analista Thiago Bortoluci em relatório.

Um outro relatório da instituição destaca o impacto ainda incerto que o rombo bilionário na Americanas pode causar na Ambev, ambas com o mesmo grupo de acionistas controladores. “A incerteza em torno da Americanas pode continuar a pesar sobre as ações da ABEV, já que o próximo curso de ação não é claro.”

Itaú BBA

  • Recomendação: market perform (equivalente à neutra)
  • Preço-alvo: R$ 18,00

O Itaú BBA mantém a recomendação neutra para a Ambev, com a visão de que os resultados do 4T22 venham aquém das expectativas otimistas do mercado.

“A companhia deve reportar volumes abaixo do esperado referentes a cerveja no Brasil no 4T22, já que a Copa do Mundo da FIFA pode não ter sido suficiente para compensar o clima desfavorável”, diz o analista Gustavo Troyano em relatório. Há ainda uma preocupação com um cenário macro desafiador na Argentina, com hiperinflação, que pode continuar a pressionar as despesas financeiras da Ambev.

UBS BB

  • Recomendação: compra
  • Preço-alvo: R$ 18,00

O UBS BB mudou a recomendação para as ações da Ambev neste mês, de venda para compra. O posicionamento foi baseado em 4 fatores principais. O banco vê a companhia com uma linha de crescimento sólida, acredita que o 3T23 pode ser um ponto de inflexão para impulsionar as margens da empresa, diz que o mercado está ignorando o impacto positivo da BEES (Plataforma digital B2B da Ambev), e, por último, vê o momento como uma oportunidade de entrada nos papéis.

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“A desaceleração econômica é um empecilho para a produtividade da Ambev?
Não”, dizem os analistas Rodrigo Alcantara, Nik Oliver e Camila Azevedo em relatório. “No Brasil, a estratégia comercial comprovada e sólida posição competitiva devem permitir o crescimento da Ambev.”

XP Investimentos

  • Recomendação: compra
  • Preço-alvo: R$ 18,10

Na visão da XP, o resultado do último trimestre de 2022 da companhia deve vir abaixo do esperado, com a eliminação “precoce” do Brasil na Copa do Mundo. A corretora destaca que a Cerveja Brasil deve ser um destaque positivo nos números, enquanto operações internacionais arrastam o resultado consolidado.

“Apesar de ainda não no 4T, o câmbio mais baixo e os preços do alumínio devem permitir uma recuperação de margem no início de 2023, entretanto, o clima continua frio em janeiro, apesar da retomada dos eventos sociais ser positiva”, dizem em relatório os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.

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