O dólar hoje fechou queda, depois de ter renovado o seu recorde histórico de encerramento por duas sessões consecutivas. A moeda americana finalizou esta terça-feira (10) em baixa de 0,57% cotada a R$ 6,0480, oscilando entre máxima a R$ 6,0710 e mínima a R$ 6,0185 durante o pregão.
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No exterior, o comportamento da divisa dos EUA foi diferente. O índice DYX, termômetro do comportamento do dólar em relação a seis moedas fortes (euro, iene japonês, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), exibia ganhos de 0,24% ao final da tarde desta terça-feira, aos 106,395 pontos.
Investidores americanos operam com cautela diante da agenda movimentada da semana. Os índices de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e ao produtor (PPI, em inglês) dos Estados Unidos serão divulgados na quarta-feira (11) e na quinta-feira (12), respectivamente, e podem influenciar a decisão de juros do Federal Reserve (Fed) no dia 18 de dezembro.
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Por aqui, o mercado reagiu à divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, que ficou em 0,39%, desacelerando em relação ao nível de 0,56% registrado em outubro. O resultado, porém, veio levemente acima da mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, que era de 0,36%. “A desaceleração do IPCA de novembro na comparação com o mês anterior trouxe alívio momentâneo para o mercado, refletido na queda dos juros futuros e do dólar“, diz Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.
O humor do mercado local também melhorou nesta terça-feira com os sinais de avanço nas negociações do pacote fiscal. Na noite de segunda-feira (9),o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pactuou um acordo com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em relação às emendas parlamentares, o que pode destravar a tramitação do pacote de medidas de contenção de gastos no Congresso. “O presidente Lula se reuniu com o presidente das duas Casas e pactuou um entendimento que, no meu ponto de vista, atende os anseios dos parlamentares”, disse Haddad à imprensa.
Para Almeida, da AVG Capital, embora as negociações fiscais sigam complicadas, a sinalização de avanços pontuais pode estar reduzindo parte do pessimismo. O analista também viu de forma positiva a sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado envolvendo os três indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à diretoria do Banco Central: Nilton David, Gilneu Vivan e Izabela Correa.
Todas as indicações foram aprovadas pelo colegiado e vão ao plenário da Casa, em regime de urgência. “Durante a audiência, Nilton Davi destacou a necessidade de medidas firmes para controlar a desencorajem das expectativas de inflação, algo que reforça a expectativa de uma postura mais rígida do Comitê de Política Monetária (Copom)”, comenta Almeida.
O dólar vai subir mais?
A cotação do dólar vem renovando recordes consecutivos de fechamento desde que o governo federal apresentou suas medidas de ajuste fiscal. As propostas para gerar uma economia de R$ 70 bilhões aos cofres públicos em dois anos não foram bem recebidas, depois de o Executivo anunciar a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil.
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Como mostramos aqui, traçar com exatidão a trajetória do dólar nas próximas semanas é uma tarefa difícil. Mas o consenso é de que a moeda deve se estabilizar em um patamar elevado – ou seja, em um nível acima de R$ 6. “Esse estresse do dólar, nesta magnitude, pode ser considerado pontual. Entretanto, esse movimento faz parte de uma dinâmica de longo prazo de desvalorização do real”, afirma André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.
A última edição do Boletim Focus trouxe uma elevação na projeção para o dólar ao final de 2024. O mercado agora espera que a moeda americana encerre o ano em R$ 5,95. Um mês antes, a estimativa estava em R$ 5,55
A expectativa para o fim de 2025 aumentou de R$ 5,60 para R$ 5,77, enquanto a de 2026 subiu de R$ 5,60 para R$ 5,73. Já a projeção do dólar para 2027 avançou de R$ 5,50 para R$ 5,69.