O dólar hoje fechou em queda, em movimento de correção, depois de renovar o seu recorde histórico de encerramento por quatro pregões seguidos. A moeda americana finalizou esta terça-feira (3) em baixa de 0,16% cotada a R$ 6,0584, oscilando entre máxima a R$ 6,0954 e mínima a R$ 6,0320. Esta é a terceira vez seguida em que a divisa terminou a sessão em um nível acima de R$ 6.
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O dia também foi negativo para o dólar no exterior. Um sinal disso foi a queda do índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta ponderada de divisas internacionais fortes: euro, iene japonês, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço. O indicador exibia perdas de 0,13% ao final da tarde desta terça-feira, aos 106,304 pontos.
Lá fora, investidores acompanharam dados macroeconômicos americanos. A abertura de postos de trabalho nos Estados Unidos passou de 7,372 milhões em setembro para 7,744 milhões em outubro, de acordo com o relatório Jolts, publicado hoje pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado ficou acima da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam abertura de 7,44 milhões de vagas no período.
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Agora o mercado fica em alerta para os dados do payroll (relatório oficial de emprego) de sexta-feira (6). O documento pode trazer mais sinalizações para os próximos passos do Federal Reserve (Fed) na condução da política monetária.
PIB do Brasil agrada mercado, mas cenário futuro preocupa
O destaque do noticiário foi a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do terceiro trimestre, que registrou alta de 0,9% ante o segundo trimestre de 2024. O resultado veio ligeiramente acima da mediana das estimativas dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que apontava alta de 0,8%. O melhor resultado foi do setor de serviços, que avançou 0,9%, seguido pela indústria, que subiu 0,6%. A agropecuária recuou 0,9%.
Conforme mostramos nesta reportagem, o resultado veio positivo, mas não há garantias de que o mesmo cenário será mantido daqui para frente. “O ciclo anterior da política monetária, que havia viabilizado taxas de juros menores, pode ajudar a explicar o bom desempenho”, afirma Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, em nota. “Esse quadro deve se alterar entre o fim de 2024 e o próximo ano”, pondera.
A mudança pode ocorrer em razão das expectativas elevadas de inflação e dólar, que devem incentivar o Banco Central (BC) a adotar uma política monetária mais contracionista, com alta expressiva da Selic, levando a um período de desaceleração da atividade.
Além do PIB do terceiro trimestre, o mercado também acompanhou declarações do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. Ele ressaltou que o o processo de valorização do dólar responde a ruídos internos, incluindo a assimilação do pacote de contenção de despesas, mas também a um cenário externo mais desafiador.
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“Tem movimentos que são decorrentes de ruídos internos, desse processo de compreensão do pacote, isso é natural. Tem também, obviamente, cada vez mais um ambiente externo mais desafiador, com sinalizações de políticas econômicas, principalmente vindas dos Estados Unidos, que pode gerar um impacto global”, disse.
O dólar vai subir mais?
Nesta terça-feira, o Banco Central decidiu vender 15 mil contratos de swap cambial (contratos para a troca de riscos) que correspondem a um valor de US$ 750 milhões com vencimento para o dia 3 de novembro de 2025. A medida busca evitar variações excessivas do dólar e garantir liquidez no mercado doméstico. A decisão da autoridade monetária acontece após o câmbio romper a barreira dos R$ 6 nos últimos dias.
A cotação do dólar já vem em uma trajetória de alta acentuada há algumas semanas. Até o final de outubro, a Ptax tinha uma valorização acumulada de quase 20% em 2024; a 3ª maior para o período nos últimos 15 anos. Naquele mês, como mostramos aqui, a espera pelo prometido pacote de corte de gastos pesava sobre o mercado.
A última semana trouxe a apresentação das tão aguardadas medidas, mas o plano do governo não agradou. Ao longo do pregão da sexta-feira (29), o dólar chegou a ser negociado a R$ 6,11, o maior valor nominal da história. Agora a moeda americana acumula uma valorização de 24,83% em 2024.
Em meio à forte valorização da divisa, a Quantum Finance realizou, a pedido do E-Investidor, um levantamento com os dez maiores valores nominais de fechamento do dólar comercial na história. Chama a atenção que seis deles foram registrados neste ano. Confira abaixo:
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Como mostramos aqui, traçar com exatidão a trajetória do dólar nas próximas semanas é uma tarefa difícil. Mas o consenso é de que a moeda deve se estabilizar em um patamar elevado – ou seja, em um nível acima de R$ 6. “Esse estresse do dólar, nesta magnitude, pode ser considerado pontual. Entretanto, esse movimento faz parte de uma dinâmica de longo prazo de desvalorização do real”, afirma André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.
A edição de segunda-feira do Boletim Focus trouxe uma estabilização na projeção para o dólar ao final de 2024, que vinha em alta por seis semanas consecutivas. O mercado agora espera que a moeda americana encerre o ano em R$ 5,70; para isso, o dólar teria que cair 5% em dezembro.
A estimativa para 2025 aumentou de R$ 5,55 para R$ 5,60, enquanto a de 2026 subiu de R$ 5,50 para R$ 5,60. A projeção do dólar para 2027 não foi alterada.
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