Indicadores divulgados hoje e que apontaram para uma economia mais fraca que a esperada nos Estados Unidos reforçaram a tese de corte nos juros do país a partir de março e levaram o dólar a fechar em baixa, tanto no comparativo com o real quanto em relação a outras moedas fortes e de países exportadores de commodities.
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O real, porém, teve um desempenho mais forte que o de seus pares, em parte por causa de comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repisando que a taxa básica de juros, a Selic, deve cair a um ritmo de 0,50 ponto porcentual nos próximos meses, sem aceleração nos cortes. Isso ajudou a manter o dólar em baixa, mesmo diante de uma leve recuperação nas taxas dos Treasuries na segunda metade do pregão.
Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, aponta que a linguagem do Banco Central em relação à trajetória de juros é um pouco mais cautelosa quando comparada à dos dirigentes do banco central dos Estados Unidos, onde alguns membros do comitê de política monetária admitem que os juros podem cair antes do esperado. “Isso acaba explicando desempenho mais favorável do real. Real é um dos melhores desempenhos quando olha emergentes”, disse o economista.
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Na abertura do pregão, o real também foi favorecido pela aprovação da medida provisória da subvenção do ICMS no Senado. A medida determina que empresas não poderão mais retirar da base de cálculo dos impostos federais (CSLL e IRPJ) os benefícios (subvenções) concedidos pelos Estados e relativos ao ICMS.
Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da casa de análises Quantzed, ressalta que o mercado está monitorando o quadro fiscal como um todo e que a qualquer sinal de falta de compromisso com as contas públicas pode haver venda de ativos de risco e busca por investimentos mais seguros, como o dólar. A percepção de que o Brasil está “fazendo o dever de casa” no momento joga a favor do real, segundo Rodrigo Simões, economista e professor da Faculdade do Comércio (FAC). Segundo ele, a aprovação da reforma tributária e o contexto de crescimento econômico com desaceleração da inflação e queda de juros contribui para que o mercado veja o País com bons olhos.
O dólar à vista caiu 0,49%, a R$ 4,8877, mais perto da máxima (R$ 4,8997) que da mínima (R$ 4,8645) intradia.