O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (21), em leve alta, alinhado ao comportamento da moeda americana no exterior. Na ausência de indicadores de peso para guiar os negócios, investidores optaram por postura mais cautelosa na véspera da divulgação da ata do encontro mais recente de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
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Pela manhã, o dólar até esboçou uma queda, apoiado pela valorização do minério de ferro, e operou pontualmente abaixo de R$ 5,10, com mínima a R$ 5,0844. Já em alta no fim da primeira etapa de negócios, o dólar renovou sucessivas máximas no início da tarde, em sintonia com o exterior, até atingir R$ 5,1248. A moeda encerrou o pregão cotada a R$ 5,1168, avanço de 0,24%. No mês, apresenta baixa de 1,45%.
Lá fora, o índice DXY – termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – operou com ganhos bem moderados ao longo da tarde, perto dos 104,700 pontos. Entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o pior desempenho coube ao peso mexicano, principal par do real, em aparente ajuste após as altas recentes.
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Integrantes do Fed tem repetido que é preciso mais confiança na continuidade do processo de desinflação para que haja mudança na política monetária. Em falas hoje, o diretor Christopher Waller seguiu a mesma linha, mas pontuou que o viés da inflação “é mais de baixa que de alta” e que considera desnecessário apertar ainda mais a política monetária. “Se os dados seguirem desacelerando nos próximos três a cinco meses, podemos cortar mais para o fim do ano”, disse Waller.
Para o economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, “dificilmente a ata trará algo diferente” do visto nos discursos dos dirigentes do Fed nos últimos dias. Embora a rodada mais recente de indicadores de atividade nos EUA sugira alguma acomodação no ritmo da economia, o BC americano deve repetir que precisa de mais confiança antes de começar a cortar os juros, avalia.
“Não vejo possibilidade de a ata indicar leitura mais ou menos conservadora. O Fed não vai alimentar a esperança de um corte de juros prematuro, antes de setembro”, afirma Galhardo, para quem, caso a ata não traga novidades, o dólar deve permanecer relativamente estável, na faixa entre R$ 5,05 e R$ 5,15, à espera de novos dados de inflação e emprego nos EUA. “Não há grandes vetores para instabilidade no câmbio, a não ser se acontecer algo grave no cenário doméstico ou no quadro geopolítico”.
Entre indicadores domésticos, a Receita Federal informou pela manhã que a arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 228,873 bilhões em abril, alta real (descontada a inflação) de 8,26% na comparação com o resultado de abril de 2023. O resultado superou levemente a mediana de Projeções Broadcast (R$ 228,2 bilhões).
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Economistas ouvidos pelo Broadcast veem arrefecimento da arrecadação nos próximos meses com menor vigor da atividade. A avaliação é a de que o governo não vai conseguir cumprir a meta de déficit primário zero neste ano, como previsto no arcabouço fiscal.
Galhardo, da Remessa Online, a arrecadação tende a desacelerar, mas deve seguir ainda em ritmo forte. Ele prevê um déficit primário ao redor de 0,20% do PIB neste ano. A meta é de déficit zero, mas com banda entre -0,25% e +0,25% do PIB. “Tenho uma visão mais otimista que o mercado como um todo. A arrecadação de fato deve vir melhor do que as pessoas estão esperando”, afirma.