O dólar hoje fechou em queda, mesmo após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Após abrir esta quarta-feira (6) a R$ 5,8324, a moeda americana terminou o dia em baixa de 1,26% a R$ 5,6759, oscilando entre máxima a R$ 5,8619 e mínima a R$ 5,6659.
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No exterior, o movimento foi contrário. O índice DXY, que mede a divisa ante uma cesta de seis pares fortes, subiu nesta quarta-feira, exibindo ganhos de 1,61%, aos 105,086 pontos, no final da tarde.
A vitória de Trump tende a fortalecer o dólar no longo prazo, na visão de analistas. Com propostas econômicas mais protecionistas, incluindo tarifas mais elevadas para a comercialização de produtos chineses, o governo do republicano deve favorecer a demanda por ativos seguros, como a moeda americana. Isso já era esperado no mercado e vinha pressionando o câmbio dias antes das eleições.
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“Em seus primeiros discursos, Trump já sinalizou algumas das políticas que pretende implementar, como a imposição de novas tarifas comerciais, a redução de impostos para empresas e o endurecimento das regras de imigração, incluindo o possível fechamento das fronteiras. Essas medidas são vistas como inflacionárias e potencialmente prejudiciais para a economia de outros países, especialmente para os mercados emergentes”, afirma João Manuel Campanelli Freitas, Vice-Presidente Executivo do Grupo Travelex Confidence.
Um outro ponto favorável a um dólar mais forte no novo mandato de Trump é a inflação. O entendimento do mercado é de que a agenda econômica apresentada na campanha é inflacionária; e, com a maioria republicana no Congresso, essas propostas podem ter maior facilidade de sair do papel. O aumento dos preços levaria a taxas de juros mais altas por mais tempo nos Estados Unidos, o que, por consequência, mantém a moeda americana valorizada.
O que fez o dólar cair hoje em relação ao real?
Se por um lado, o dólar subiu em relação a diferentes moedas nesta quarta-feira, por outro ele cedeu na comparação com o real. Conforme explicamos nesta reportagem, o movimento inusitado pode estar relacionado às operações de carry trade, aplicação financeira que consiste em tomar dinheiro a uma taxa de juros em um país e aplicá-lo em outra moeda, onde as taxas de juros são maiores – e, assim, lucrar com a diferença.
Isso significa que, quanto maior o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, mais atrativo o País fica aos olhos do investidor estrangeiro. As reuniões de política monetária podem contribuir para esse cenário. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta quarta-feira para decidir sobre o futuro da Selic. O consenso de mercado aponta para um ajuste de 0,50 ponto percentual, que elevaria os juros brasileiros para 11,25% ao ano. Já nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) decidirá sobre a taxa americana na quinta-feira (7), com as maiores expectativas se concentrando em um corte de 25 pontos-base.
Além das decisões monetárias no radar, o desempenho positivo do real nesta quarta-feira em relação ao dólar pode ser explicado pelo entendimento de que alguns países, emergentes e desenvolvidos, devem sofrer mais do que o Brasil com as políticas protecionistas de Trump, porque dependem mais da exportação para o território norte-americano.
Um outro ponto de alívio na sessão é a questão fiscal. Ainda que o governo não tenha apresentado nenhuma proposta para o corte de gastos, o Executivo passou a semana reunido em Brasília para endereçar o tema, ampliando as expectativas de que o pacote seja anunciado em breve. Nesta reportagem, especialistas do mercado explicam que o governo precisa entregar uma redução de gastos de ao menos R$ 50 bilhões e algumas correções nas despesas obrigatórias e discricionárias para acalmar os ânimos do mercado.
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Embora o dólar tenha caído em relação ao real nesta quarta-feira, investidores passaram por um susto ao olhar a cotação da moeda no Google. Pela plataforma, a divisa chegou a ser mostrada acima de R$ 6, devido a imprecisões nos dados de terceiros, utilizados pela empresa. À tarde, o problema já estava consertado e a página exibia a cotação correta da divisa americana.
O dólar recua 1,82% novembro. No ano, a moeda acumula ganhos de 16,95%.
*Com informações do Broadcast