Endividamento cresce entre famílias brasileiras. (Foto: Adobe Stock)
Os brasileiros ficaram mais endividados em outubro, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com dívidas subiu a 79,5% em outubro, maior patamar da série histórica iniciada em 2010, apontou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
A fatia de famílias inadimplentes se manteve no ápice histórico de 30,5%, já alcançado em setembro. Além disso, houve um recorde de 13,2% das famílias brasileiras afirmando que não terão condições de pagar suas dívidas em atraso — ou seja, que permanecerão inadimplentes.
“O avanço no endividamento, na inadimplência e na percepção de insuficiência financeira simultaneamente e pelo terceiro mês seguido é um alerta para a necessidade de ajustes, principalmente na área fiscal, para que os resultados de 2025 não se repitam ou se agravem ainda mais em 2026”, avaliou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, em nota.
A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
A proporção de famílias com contas em atraso por mais de 90 dias avançou a 49,0% em outubro, o maior nível desde dezembro de 2024. Houve aumento ainda, pelo segundo mês consecutivo, do porcentual de famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano, para 32,0%.
A fatia de consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas aumentou também pelo segundo mês seguido, para 19,1%.
“Nem mesmo o bom momento do mercado de trabalho tem sido suficiente para conter o avanço na inadimplência, tamanho o patamar atual dos juros. Nesse cenário, o comércio já sente desaceleração das vendas, uma vez que as famílias se veem obrigadas a promover ajustes no orçamento para se adaptar a essa realidade”, apontou o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, em nota.
A CNC projeta que o endividamento aumente em 3,3 pontos porcentuais até o fim deste ano em relação ao patamar que encerrou 2024, enquanto a inadimplência subiria 1,5 ponto porcentual.