Os bancos brasileiros começam a tirar lições do Open Finance três anos após a implementação e dois após o lançamento comercial do sistema de compartilhamento de dados do Banco Central. As instituições já entenderam, por exemplo, que é necessário mostrar ao cliente o que ele ganha ao compartilhar informações com um banco.
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Neste período, os bancos perceberam que por receio, os clientes não compartilhavam dados ou desistiam no meio do caminho. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, detectou uma grande quantidade de desistências justamente na fase de autorização – e começou a agir nessa etapa do processo, entrando em contato com o cliente para entender quais eram os problemas.
“Fizemos um contato pessoal com esse cliente e esclarecemos os pontos. Conseguimos uma efetividade de mais de 30%”, disse o diretor executivo de Clientes e Captação da Caixa, Lessandro Thomaz, em painel realizado durante o Febraban Tech, evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em São Paulo.
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No Banco do Brasil, a saída foi explicar aos funcionários o que é o Open Finance, para que eles possam explicar aos clientes que vão às agências. “Primeiro, fizemos um trabalho muito grande de ensinar os colegas que estão na rede o que é o Open Finance”, disse Pedro Bramont, diretor de Soluções em Meios de Pagamentos e Serviços do BB. “Fazendo isso, começamos a perceber que a pergunta não era nem a segurança, era: o que eu vou ganhar com isso?”
Outra barreira foi a diferença entre os patamares de informação dentro das bases de clientes dos bancos, e também entre os produtos. “Se você entra em um item de Open Finance, ele não pode ser tão diferente do seu extrato de conta corrente, as coisas têm de estar ligadas”, disse o sênior head de Canais Digitais do Santander, Aldo Barretella.
Uma etapa mais difícil
No painel, os executivos afirmaram que o que vem a seguir no Open Finance traz mais desafios. Até aqui, estão avançadas as etapas do chamado Open Banking, ou seja, o compartilhamento de dados bancários. Dois novos degraus são os compartilhamentos de seguros (Open Insurance) e de investimentos (Open Investment).
Bramont, do BB, afirmou ser mais cético quanto às novas etapas. Segundo ele, os produtos de seguros têm mais diferenças entre si que os empréstimos, de empresa para empresa, como as exclusões de cobertura. “São produtos muito menos comparáveis entre si. A comparação é muito mais complexa que em uma operação de crédito.”
Para o Open Investment, o desafio é entender quais os dados a se compartilhar e quais os benefícios em um País muito mais tomador de crédito do que poupador. “Imóvel é patrimônio, e a gente não vê isso em lugar nenhum”, disse Barretella, do Santander.
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