

A Vale Base Metals (VBM) está capitalizada para executar seus projetos pelos próximos dois ou três anos, e a Vale (VALE3) pode esperar para decidir se deseja investir no negócio, trazer novos sócios ou fazer um Initial Public Offering (IPO, oferta inicial de ações), disse nesta terça-feira (5) o vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da gigante brasileira, Gustavo Pimenta.
Em julho, a Vale anunciou a venda, por US$ 3,4 bilhões, de uma fatia de 13% da VBM para a Manara Minerals, joint venture entre a mineradora Ma’aden e o fundo soberano da Arábia Saudita (PIF), e a Engine No 1, gestora americana focada em investimentos sustentáveis. A Manara ficou com 10% e a Engine No 1, com 3%.
“Fizemos esta primeira operação [de venda de uma fatia do negócio]. Estamos felizes com os investidores que trouxemos. Estamos abertos a diferentes cenários à frente. Da forma como desenhamos, o negócio está capitalizado para os próximos dois ou três anos. Não precisamos de mais dinheiro para fazer tudo que temos a fazer”, afirmou o executivo.
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“Em dois ou três anos a partir de hoje, supondo que tenhamos uma boa oportunidade para investir, vamos sentar e estudar. Talvez a gente traga investidores, talvez a gente coloque dinheiro, talvez a gente faça um IPO. Não quero me comprometer com nada agora. A beleza do que fizemos é que, pela primeira vez, esta é uma empresa completamente segregada. Isso nos dá toda flexibilidade. Podemos decidir um pouco mais tarde”, disse.
O executivo afirmou ainda que a VBM tem, se não a maior, uma das maiores dotações de ativos do mundo em metais básicos, com Carajás (PA), Indonésia e Canadá. “A prioridade é destravar esse potencial. E não é fácil. Os projetos levam vários anos para serem desenvolvidos.”
As sócias da Vale na VBM ainda não participam da gestão e dos debates do conselho de administração, de acordo com Pimenta. Conforme o executivo, os sócios têm direitos proporcionais a suas fatias no capital da VBM. “Nós assinamos, nós ainda não fechamos”, explicou. “Então eles ainda não estão envolvidos nas conversações do conselho.”
O VP acrescentou ainda que os sócios têm muita confiança em Mark Cutifani, presidente do conselho da VBM, em termos de descarbonização global, eletrificação do planeta e redução das emissões. Gustavo Pimenta participou, na tarde de hoje, do Vale Day, evento voltado para analistas e investidores, realizado em Londres.
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Na mesma ocasião, Cutifani, que tem experiência como dirigente da Anglo American, avaliou que há oportunidades de otimização envolvendo a integração entre ativos no Brasil e no Canadá.
Por sua vez, a presidente da VBM, Deshnee Naidoo, afirmou que, até 2030, as vendas de veículos elétricos de passeio vão crescer 24%, em média, atingindo 46 milhões de unidades. A expectativa é que o segmento incremente a demanda por metais básicos, como o níquel, usado em baterias elétricas. Para este ano, a estimativa de venda de veículos elétricos é de 14 milhões de unidades. Em 2025, 23 milhões.
A executiva também disse que a demanda por cobre para carros elétricos deve subir 16% até 2030. A de níquel, deve avançar 19%. Incluindo o segmento de equipamentos para energia renovável, a demanda por cobre deve atingir 36,2 milhões de toneladas por ano. A de níquel, incluindo outros segmentos além de veículos elétricos, deve chegar a 5,1 milhões de toneladas por ano, disse Naidoo.
A companhia informou ainda que a produção de cobre deve ficar em cerca de 324 mil toneladas neste ano, na faixa de 320-355 mil toneladas em 2024 e alcançar 345-410 mil toneladas em 2026. A partir de 2030, a produção alcançará aproximadamente 900 mil toneladas.
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Quanto ao níquel, o volume deve ser de aproximadamente 165 mil toneladas em 2023, incluindo o feed externo, entre 160 mil e 175 mil toneladas em 2024, contando o feed externo, e na faixa de 210-230 mil toneladas em 2026, contando a exposição indireta às joint ventures da Indonésia. A partir de 2030, a produção, deve superar 300 mil toneladas.
Dança das cadeiras
Deshnee Naidoo será substituída no posto de presidente da VBM no ano que vem, informou a Vale na semana passada. A decisão foi tomada pela própria executiva, disse Pimenta. “Foi decisão dela sair. Ela avaliou que seu ciclo estava encerrado e queria fazer outra coisa”, afirmou. “Então, no momento, estamos no mercado procurando alguém para liderar a companhia.”
Indagado se a vaga será preenchida por uma mulher, Pimenta disse não saber e lembrou que, na gestão de Eduardo Bartolomeo como CEO da Vale, 6.000 mulheres foram incorporadas à companhia, que há três mulheres na liderança da mineradora e que a diversidade é uma prioridade da gigante. “Nós vamos procurar o candidato certo. Se for uma mulher, seria ótimo.”
*A repórter viajou a convite da Vale