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Fitch faz previsão “dramática” sobre impacto do teto no crédito rotativo

Mudança aprovada pela Câmara dos Deputados ainda depende de apreciação pelo Senado

Fitch faz previsão “dramática” sobre impacto do teto no crédito rotativo
(Foto: REUTERS/Reinhard Krause)

O teto de juros para o crédito rotativo, se implementado, vai pressionar o modelo de negócios e as fontes de receita de bancos e instituições financeiras não bancárias que atuam junto ao público de varejo, afirma a Fitch. A agência de classificação de risco justifica que, em alguns casos, o impacto pode se estender inclusive às notas de crédito dos agentes.

Segundo o diretor sênior da Fitch Claudio Gallina e o diretor Pedro Carvalho, a mudança, que foi aprovada pela Câmara dos Deputados e ainda depende de apreciação pelo Senado, poderia limitar o acesso a cartões de crédito no País e reduzir a inclusão financeira.

A Fitch afirma que, de acordo com o Banco Central, há 63 instituições reguladas que operam diretamente com cartões de crédito e que apenas 9 delas tinham juros abaixo do teto proposto. “Na visão da Fitch, uma mudança para uma taxa de juros substancialmente mais baixa para o crédito rotativo tem o potencial de reduzir dramaticamente o apetite de crédito, levando a uma redução dos limites dos clientes.”

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Ainda de acordo com a agência, o impacto é mais forte para bancos de nicho, de médio porte, neobancos e administradoras de cartões de crédito, que trabalham exclusivamente com o produto e que, em geral, focam em clientes de menor renda. Ou seja: no caso de o teto entrar em vigor, a agência espera uma maior concentração no mercado, com impacto sobretudo para as fintechs.

Inadimplência

O projeto de lei do Desenrola, aprovado pela Câmara, afirma que o setor de cartões tem 90 dias para discutir e propor uma autorregulação que reduza os juros do crédito rotativo. Caso contrário, entrará em vigor um teto de 100% ao ano para a modalidade, contra os mais de 400% observados atualmente.

“Historicamente, operações de cartão de crédito tiveram taxas altas”, escreve a Fitch. “Em 30 de junho de 2023, as taxas de juros atingiram uma média de 446% no rotativo e de 198,4% no financiamento de fatura de cartão de crédito”, afirma a agência, que diz que as taxas historicamente altas se devem aos altos patamares de inadimplência e de perdas de crédito dos agentes envolvidos.

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