A Fitch Ratings colocou a classificação de qualidade de gestão de investimentos “proficiente” da Reag Asset Management em observação negativa, refletindo a incerteza sobre o impacto da Operação Carbono Oculto no modelo de negócios e no perfil financeiro do grupo Reag, e os riscos reputacionais associados.
Ontem, a Fitch já tinha colocado em “observação negativa” o rating da Reag Capital Holding. A classificação se aplica apenas às atividades domésticas da Reag Asset em fundos imobiliários (FIIs) e fundos tradicionais, que incluem estratégias de renda fixa, multimercado e ações.
Exclui outras áreas de negócios da gestora, incluindo fundos de private equity (FIPs, investimento em empresas não listadas em bolsa de valores), fundos de recebíveis (FIDCs) e serviços de administração fiduciária, que seguem processos e políticas separados, destaca a Fitch.
A Operação Carbono Oculto, deflagrada em 28 de agosto de 2025, indicou duas subsidiárias controladas do Grupo Reag, a Reag Investimentos e a Companhia Brasileira de Serviços Financeiros (CIABRASF), em investigação sobre alegações de que uma organização criminosa utilizou fundos de investimento que elas gerenciavam e administravam para ocultar ativos e lavar dinheiro.
No entanto, nenhuma empresa do Grupo Reag foi formalmente acusada até o momento.
“A Fitch continuará a monitorar a situação e poderá tomar novas ações de classificação à medida que receber informações adicionais sobre os desdobramentos da investigação, os potenciais efeitos no modelo de negócios e no perfil financeiro do grupo, e as implicações para os principais fatores de classificação”, afirma a agência.
A perspectiva anterior da Reag Asset Management era positiva para a Fitch.
Operação Carbono Oculto
A Operação Carbono Oculto foi deflagrada por agentes da Polícia Federal, Polícia Militar e órgãos parceiros na última semana. A investigação gira em torno de várias etapas da cadeia de combustíveis controladas pelo crime organizado, desde a importação, produção, distribuição e comercialização ao consumidor final até os elos finais de ocultação e blindagem do patrimônio, via fintechs e fundos de investimentos.
Segundo os órgão envolvidos na investigação, as transações financeiras realizadas por meio de instituições de pagamento, em vez de bancos tradicionais, dificultavam o rastreamento dos valores movimentados. Posteriormente, o lucro auferido e os recursos lavados do crime eram blindados em fundos de investimentos com diversas camadas de ocultação de forma a tentar impedir a identificação dos reais beneficiários.
Só a região da avenida Faria Lima, principal centro financeiro do País, concentra 42 dos alvos da Operação Carbono Oculto, que incluem empresas, gestoras, corretoras e fundos de investimentos avaliados em R$ 30 bilhões. A lista dos fundos investigados pode ser conferida nesta matéria.
O que diz a Reag
A Reag, uma das gestoras investigadas na operação, afirmou em comunicado que está colaborando integralmente com as autoridades competentes, fornecendo as informações e documentos solicitados, e permanecerá à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários.
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Na segunda-feira (1º), a Reag Capital Holding informou ao mercado que encontra-se em tratativas buscando potencial alienação do bloco de controle da Reag Investimentos com potenciais interessados independentes. “As tratativas compreendem, entre outros, a troca de informações sujeitas a acordos de confidencialidade e discussões preliminares sobre termos e condições econômicos e contratuais da possível transação”, afirmou.
A Reag disse que, neste momento, não há garantia de que as negociações resultarão na celebração de documento vinculante ou na consumação de qualquer transação, nem definição de preço, estrutura final ou cronograma.