

O fundo Verde, da gestora que tem como sócio-fundador Luis Stuhlberger, fez algumas movimentações durante o mês de fevereiro para diminuir seu perfil de risco “de maneira significativa”. Uma das medidas foi a zeragem de boa parte de suas alocações líquidas em ações, tanto no mercado local quanto global, segundo a carta mensal da Verde, divulgada há pouco.
“O grau de incerteza sobre o cenário global subiu notadamente ao longo do mês de fevereiro. Temos comentado sobre a questão ruído versus sinal desde a eleição do presidente [americano Donald] Trump, mas neste mês o volume de ruído foi elevado de maneira significativa, e veio acompanhado de sinais preocupantes. O desafio de rearranjar o sistema geopolítico global não é tarefa simples, e o uso de medidas tarifárias para alcançá-lo subestima uma série de complexidades da estrutura das cadeias de suprimento forjadas nos últimos quarenta anos”, avalia a equipe de gestão da Verde.
Segundo a carta da gestora, o grau de incerteza em relação à economia americana tem subido, acompanhado de “uma curiosa narrativa do governo de ser necessário um período de ‘desintoxicação’ dos agentes econômicos”. “Os mercados têm lido essa narrativa como um perigoso convite a uma recessão, e não por acaso vimos taxas de juros cadentes ao longo do mês, combinadas com quedas dos principais índices de ações”, descreve.
Além disso, a Verde observa que, após uma série de declarações sinalizando o abandono do apoio americano à Ucrânia, os países europeus “finalmente perceberam a necessidade de iniciar um pacote importante de gastos de defesa”, o que levou o dólar a um enfraquecimento nas últimas semanas. Para a gestora, com um mês e meio de governo Trump, todas as posições consensuais do mercado para seu governo – como comprada (que aposta na alta) em dólar e ações – estão “sendo colocadas em xeque”. “Essa incerteza nos fez reduzir de maneira significativa os riscos do fundo”, diz a carta.
Eleições em pauta no Brasil
Já em relação ao Brasil, a Verde afirma que o País “continua sua deriva entre a influência dos mercados globais (que tem sido positiva, dada a fraqueza do dólar e rotação de fluxos para outros mercados que não os Estados Unidos) e os fundamentos locais”. Outro ponto destacado na carta como “grande novidade do mês” foi o enfraquecimento das métricas de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como uma antecipação da discussão eleitoral de 2026.
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“Há algum tempo temos convicção que um trade eleitoral aconteceria no Brasil, seguindo a praxe dos últimos ciclos. No entanto, conforme o exemplo de outros mercados, esperávamos nos posicionar para tal movimento na segunda metade deste ano. A piora sensível dos indicadores do presidente, e sua aparente incapacidade de mudar a trajetória do governo, vide a recente reforma ministerial, antecipam as discussões. Ainda assim, com um custo de oportunidade tão alto, temos que ser cuidadosos em não nos posicionar cedo demais”, destaca a Verde.
Segundo a carta mensal, por ora a gestora tem se posicionado “de maneira cautelosa com viés negativo, mas atentos aos sinais e em busca de preços atrativos para mirar um horizonte mais longo”.
Resultado em fevereiro
Em fevereiro, o Verde FIC FIM apresentou alta de 0,55%, abaixo do indicador de referência, o CDI, que teve alta de 0,99%. No ano até agora, o fundo acumula valorização de 2,20%. O resultado do mês passado se deu pelos ganhos na estratégia de crédito e trading. Já as perdas vieram de cripto, inflação americana e bolsa global.