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Ibovespa cai aos 100,2 mil pontos, nova mínima de encerramento do ano

Ibovespa cai aos 100,2 mil pontos, nova mínima de encerramento do ano
(Foto: Amanda Perobelli/Reuters)

A coletiva do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, após a decisão do BC americano de elevar, conforme esperado, a taxa de juros de referência em 25 pontos-base, para a faixa entre 4,75% e 5,00% ao ano, foi como um giro de montanha-russa para Wall Street e a B3. Os índices de ações, lá e aqui, atingiram máximas da sessão nos trechos mais favoráveis ao apetite por risco e despencaram depois para mínimas do dia, em sinal negativo mantido no fechamento, ante a percepção de que a inflação ainda é preocupação maior, para o Fed, do que os efeitos de eventual crise bancária sobre as condições de crédito, já dificultadas pelo nível dos juros.

Ao final, o Ibovespa mostrava perda de 0,77%, aos 100.220,63 pontos, em novo piso de fechamento do ano – também a menor leitura de encerramento desde 26 de julho (então aos 99.771,69 pontos). Em NY, o sinal que prevaleceu no encerramento também foi negativo, em grau de correção maior do que o visto aqui, com o Dow Jones em baixa de 1,63%, o S&P 500, de 1,65%, e o Nasdaq, de 1,60%, após as três referências terem seguido em renovação de mínimas até perto do fechamento.

Aqui, o Ibovespa oscilou entre mínima de 100.128,79 e máxima de 101.887,72 pontos, saindo de abertura aos 100.997,54. Foi o terceiro fechamento consecutivo abaixo dos 101 mil pontos para o índice da B3, que acumula agora perda de 1,73% na semana; de 4,49% no mês e de 8,67% no ano. Ainda muito fraco, o giro financeiro ficou em R$ 20,2 bilhões na sessão.

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A ciclotimia dos índices de ações derivou da ponderação do mercado sobre momentos distintos da fala do presidente do Fed. Por um lado, ele enfatizou que a inflação nos Estados Unidos ainda está muito acima da meta de longo prazo, de 2% ao ano. “A inflação moderou um pouco desde meados do ano passado, mas a força dessas leituras recentes indica que as pressões inflacionárias continuam altas”, disse Powell, ainda que tenha reconhecido haver um processo de desinflação em curso no país.

Por outro lado, o presidente do Fed disse que a turbulência bancária nos Estados Unidos deve impactar as condições de crédito. “É muito cedo para determinar a extensão desses efeitos e, portanto, muito cedo para dizer como a política monetária deve responder”, ressalvou Powell.

Antes da coletiva do presidente do Fed, “no comunicado, o Fomc comitê de política monetária antecipou que aperto adicional na política monetária pode ser apropriado”, aponta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “Diante da atividade econômica resiliente, mercado de trabalho aquecido e inflação ainda dando alguns sinais de alerta, acreditamos que o Fomc tomou a atitude correta”, acrescenta o economista, observando que “apesar dos episódios recentes envolvendo bancos nos Estados Unidos, ainda é cedo para compreender o verdadeiro tamanho do problema”. “Fed ressaltou que o sistema bancário é sólido e resiliente”, diz Sung.

Com o mercado ponderando prós e contras ao apetite por risco na fala do presidente do Federal Reserve, as ações de grandes bancos perderam fôlego, encerrando em baixa, à exceção de BB (ON +0,24%). O dia foi negativo para Vale (ON -1,25%), após queda no preço do minério na China, e também para Petrobras (ON -0,87%, PN -0,30%), apesar de avanço moderado para o petróleo na sessão. Na contramão, avanço para siderurgia, bem moderado no fechamento, com destaque para CSN (ON +0,64%).

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Na ponta de ganhos do Ibovespa na sessão, as construtoras MRV (+4,60%) e Eztec (+4,57%), à frente de CCR (+2,72%) e Natura (+2,22%). No canto oposto, BRF (-6,83%), Vibra (-6,46%) e Assaí(-5,70%).

“A desaceleração da inflação nos EUA, de 6,4% em janeiro para 6% em fevereiro, intensificou a aposta dos investidores de que a taxa de juros ficará mais próxima de 5% do que 6% ao fim do ciclo, o que foi confirmado no quadro de projeções do Federal Reserve”, hoje, aponta em nota Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

“O que aconteceu no mercado bancário americano nas últimas duas semanas mudou a ponderação de risco do Fed, ainda que a instituição reafirme que a política monetária precisa permanecer ativa, pela inflação muito elevada e o mercado de trabalho pressionado”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento). “Condições financeiras estão sob reavaliação, mas os membros do comitê (do Fed) não veem queda de juros este ano, diferentemente do que se chegou a especular no mercado.”

“O texto da decisão do Fomc e o discurso de Powell foram bastante abertos, optando por uma maior flexibilidade na próxima decisão. Mas fiquei com impressão mais ‘dovish’ por parte de Powell. Com a decisão de 3 de maio dependente dos próximos dados, ainda é cedo para cravar, mas os eventos de hoje sugerem probabilidade alta de o Fomc ter terminado o ciclo de alta de juros”, observa Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

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