Mercado precifica a manutenção dos juros na decisão do Copom desta Super Quarta. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje inverteu o sinal e fechou em alta nesta quarta-feira (30). O indicador mostrou valorização de 0,95%, aos 133.989,74 pontos, com a notícia de prazo adicional de sete dias para que as tarifas dos Estados Unidos contra produtos brasileiros, originalmente prevista para esta sexta-feira (1º), entre em vigor, o que amplia o período para negociação. No mercado de câmbio local, o dólar fechou em alta de 0,35% a R$ 5,5892, depois de oscilar entre ganhos e perdas na sessão.
Nesta quarta-feira (30), o presidente americano, Donald Trump, assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o valor total da tarifa para 50% – patamar que já havia sido anunciado. Segundo o governo americano, a medida foi tomada “para lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.”
O governo Trump também aplicou hoje a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O dispositivo legal acionado pela Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos impõe sanções financeiras a estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos. Leia mais nesta reportagem.
À tarde, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) divulgou sua definição sobre juros, seguida de entrevista do presidente do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell. A decisão do Fed de manter juros na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano, anunciada nesta tarde, não foi unânime, de acordo com o comunicado publicado. O diretor do Fed Christopher Waller e a vice-presidente de supervisão do BC americano, Michelle Bowman, divergiram da decisão e votaram por um corte de 25 pontos-base.
No início da noite, será a vez do Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar a taxa de juros brasileira. A expectativa é de que a Selic seja mantida em 15% ao ano, com as atenções sobre o comunicado do Banco Central (BC).
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta quarta-feira (30)
Tarifas de Trump aumentam tensão dos mercados
No noticiário internacional, nesta manhã, Trump, anunciou que a Índia sofrerá “penalidade” por ser maior compradora de energia da Rússia, mas anunciou que a alíquota tarifária para o país será de 25%, marginalmente aquém dos 26% anunciados em abril.
Na publicação, o republicano cita que ao longo dos anos, os dois países fizeram poucos negócios porque as tarifas indianas são muito altas e o país possui barreiras comerciais “não monetárias mais rigorosas e desagradáveis de qualquer país”.
Agenda econômica desta Super Quarta
A Super Quarta trouxe a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – que manteve os Fed Funds, como são chamados os juros básicos por lá, na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano –, com coletiva do presidente da autoridade monetária dos EUA, Jerome Powell. No Brasil, a expectativa agora segue para o anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic.
Na agenda econômica desta quarta-feira (30), foi destaque ainda a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do segundo trimestre, o relatório ADP sobre criação de empregos no setor privado e as vendas pendentes de imóveis. No Brasil, os investidores conheceram o resultado do Governo Central de junho.
O PIB dos Estados Unidos cresceu ao ritmo anualizado de 3% no segundo trimestre de 2025, segundo cálculo inicial divulgado pelo Departamento de Comércio do país. As expectativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast variavam de alta de 0,8% a avanço de 3,8%, com mediana de 2,3%.
Em relação aos empregos no relatório da ADP, o setor privado americano criou 104 mil empregos em julho, segundo pesquisa com ajustes sazonais. Analistas consultados pela FactSet previam geração de 105 mil postos de trabalho neste mês. Na sexta-feira (1º), os EUA divulgam seu relatório oficial de emprego, conhecido como “payroll”, que engloba dados dos setores privado e público.
As vendas pendentes de imóveis nos EUA, por sua vez, caíram 0,8% em junho ante maio, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Corretores (NAR, na sigla em inglês). Analistas consultados pela FactSet previam queda maior, de 1,6% no período.
Governo Central brasileiro revela novo déficit
As contas do Governo Central registraram déficit primário em junho. No mês, a diferença entre as receitas e as despesas ficou negativa em R$ 44,296 bilhões. O resultado sucedeu o déficit de R$ 40,621 bilhões em maio.
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O saldo em junho – que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – foi o melhor desempenho em termos reais para o mês desde 2023 (a série histórica do Tesouro foi iniciada em 1997). Em junho de 2024, o resultado havia sido negativo em R$ 38,721 bilhões, em valores nominais.
O resultado do sexto mês do ano veio acima da mediana das estimativas das instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, que era de déficit primário de R$ 41,100 bilhões. O intervalo das estimativas, todas de déficit, variavam de R$ 48,600 bilhões a R$ 18,098 bilhões.
No acumulado do ano até junho, o Governo Central registrou déficit de R$ 11,46 bilhões. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era negativo em R$ 67,373 bilhões, em termos nominais.
Bolsas globais fecham mistas após decisão do Fed
As bolsas de Nova York fecharam sem direção única, após investidores acompanharem as falas do presidente do Fed, Jerome Powell, e a confirmação da imposição de alíquota tarifária de 50% sobre o cobre pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O Dow Jones cedeu 0,38%, o S&P 500 caiu 0,12%, enquanto o Nasdaq manteve ímpeto e avançou 0,15%.
Sobre o acordo com a China, o diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, Kevin Hassett, disse que Trump terá acesso hoje aos detalhes finais das negociações e expressou otimismo, afirmando que espera que o presidente americano fique “muito satisfeito”.
Na Europa, as bolsas de valoresfecharam na maioria em alta. O PIB da zona do euro surpreendeu positivamente no segundo trimestre de 2025, mas o da Alemanha recuou e veio abaixo do esperado. Entre os bancos que divulgaram balanços trimestrais, as ações do espanhol Santander e do britânico HSBC recuaram 0,3% e 4,75%, respectivamente.
Decisão do Copom: o que esperar da Selic nesta Super Quarta
A decisão do Copom desta quarta-feira (30) já é considerada certa pelo mercado, que espera a manutenção da taxa Selic em 15% ao ano. A novidade, no entanto, pode estar no comunicado, que poderá trazer um novo fator de incerteza: o tarifaço de Donald Trump – entenda as expectativas do mercado nesta reportagem.
Prédio do Banco Central em Brasília (Foto: Marcello Casal Jr-Agência Brasil)
Produção da Petrobras cresce 8% no 2º tri
A Petrobras (PETR3; PETR4) fechou o segundo trimestre do ano com produção média de 2,879 milhões de barris diários de óleo equivalente (boed), alta de 8,1% na comparação anual. No primeiro semestre, a produção foi de 2,810 milhões de boed, 4% acima em relação a igual intervalo do ano passado – confira os destaques do relatório de produção aqui.
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As ações da Petrobras operam positivas, subindo 1,12% (PETR3) e 1,02% (PETR4), cotadas a R$ 35,99 e R$ 32,77, respectivamente.
Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta, ampliando os ganhos das duas sessões anteriores, quando subiram influenciados pelo prazo mais curto que Donald Trump deu à Rússia para chegar a um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro avançou 1,14% (US$ 0,79), a US$ 70,00 o barril. Já o Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve alta de 1,10% (US$ 0,79), a US$ 72,47 o barril.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, na China, para setembro de 2025 fechou em queda de 0,44%, cotado a 789 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 109,93.
Negociações de tarifas entram na reta final e mantêm Brasil em alerta
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA, que começariam a vigorar na sexta-feira (1º), foram adiadas por 7 dias, segundo o decreto de Trump emitido na tarde desta quarta-feira. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que a tarifa pode surpreender com uma diminuição na inflação.
O adiamento pode renovar as esperanças dos membros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre possíveis negociações a respeito da pauta.
Em comunicado, a Casa Branca detalhou as categorias de produtos isentas da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados nos EUA. Entre as principais, produtos de aviação civil e celulose, diretamente ligadas a Embraer (EMBR3) e Suzano(SUZB3). Ficaram de fora também da taxação eletrodomésticos. Café e carne, por outro lado, não obtiveram isenção.
O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, destacou que o plano de contingência do governo só será abordado caso o tarifaço seja concretizado.
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Esses foram os principais assuntos do dia que impactaram o Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast