Mercado se ajusta a Copom conservador e à decisão do Banco da Inglaterra. (Foto: Adobe Stock)
A quinta-feira (6) repercute a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) e a aprovação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. Balanços corporativos a serem divulgados, como o da Petrobras (PETR3; PETR4), também devem influenciar as expectativas dos investidores no Ibovespa hoje.
Ainda na agenda econômica hoje, há o anúncio de juros pelo Banco da Inglaterra (BoE), além da participação de seis dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em eventos ao longo da tarde.
O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e do Bundesbank, Joachim Nagel, discursa. Nos EUA, são esperados discursos do diretor do Fed Michael Barr e John Williams, de Nova York; Beth Hammack, de Cleveland; o diretor Christopher Waller; Anna Paulson, da Filadélfia; e Alberto Musalem, de St. Louis. Bombardier e ConocoPhilips divulgam balanços.
Em paralelo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abre a sessão plenária da Cúpula do Clima da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), que reúne líderes mundiais em Belém (PA), e terá encontros bilaterais com o príncipe de Gales, William, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Keir Starmer, e o presidente da França, Emmanuel Macron.
No Brasil, estão programados leilões do Tesouro de Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa) e dados da balança comercial de outubro.
Ibovespa hoje: tudo o que você precisa saber do mercado de ações nesta quinta (6)
Bolsas globais perdem ânimo à espera de BoE e dirigentes do Fed
Cautela moderada limita os mercados de ações em Nova York e na Europa em meio a expectativas pela decisão de juros do BoE, após uma recuperação em Wall Street puxada por ações de tecnologia e dados econômicos melhores dos EUA.
Hoje, investidores aguardam comentários de uma série de dirigentes do Fed, em busca de sinais da trajetória dos juros básicos dos EUA, e seguem acompanhando balanços corporativos.
No BoE, a aposta do mercado é na manutenção da taxa básica em 4%, à espera de novos indicadores e dos impactos do Orçamento de 2026 antes de cortar juros. A produção industrial alemã mostrou avanço menor que o esperado em setembro, e a frustração com balanços do Commerzbank e da Air France também pesa.
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O dólar hoje ante moedas fortes e os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) cedem levemente antes dos discursos de dirigentes do Fed, afetados pelo shutdown mais longo da história, que chega ao 38º dia.
Ontem, a projeção de manutenção dos juros pelo Fed em dezembro ganhou força depois que os indicadores de serviços e emprego no setor privado sugeriram que a economia americana segue saudável.
Copom mantém Selic a 15% com tom duro
O Copommanteve na quarta-feira (5) a Selic em 15% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado. A decisão foi unânime e marca a terceira reunião consecutiva em que o colegiado opta por preservar o atual nível da taxa básica de juros brasileira.
Segundo o Banco Central, o ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica. Veja todos os detalhes nesta reportagem.
Veja também: Como investir com juros de 15% ao ano e alcançar uma boa rentabilidade – veja as simulações
Senado aprova isenção do Imposto de Renda
O Senado aprovou, por unanimidade, na quarta-feira (5), o projeto de lei que isenta do IR quem ganha até R$ 5 mil mensais e aumenta a taxação sobre altas rendas (PL 1.087/2025). O projeto afeta principalmente trabalhadores que se encaixam na categoria de Pessoa Física (PF), podendo gerar uma economia de até R$ 4,800 por ano.
O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou seu parecer na terça-feira (4), e o texto foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e pelo Plenário do Senado na sequência, sem votos contrários. Entenda nesta matéria o impacto da nova medida no seu bolso.
Lucro da Petrobras (PETR4) pode cair até 32% no 3º tri
Balanço da Petrobras está entre os principais eventos da agenda; veja os destaques do Ibovespa hoje. (Foto: Adobe Stock)
A Petrobras (PETR4) deve reportar lucro líquido entre US$ 4,01 bilhões e US$ 5,52 bilhões no terceiro trimestre de 2025 (3T25), mostram projeções de Ágora Investimentos, Itaú BBA e Santander sobre o balanço que será divulgado nesta quinta-feira (6). As estimativas, quando comparadas aos resultados de igual período do ano passado, equivalem a quedas entre 7% e 32%. A queda do preço do petróleo e a ausência de reajustes nos preços do diesel e da gasolina são apontados como os grandes vilões. Veja as projeções do mercado para a petroleira.
Commodities em alta: veja como reagem os ADRs de Vale e Petrobras
Os contratos futuros de petróleo sobem após duas sessões de perdas, apoiados pela fraqueza do dólar, que tende a favorecer a demanda pela commodity. Nesta manhã, o barril do WTI para dezembro subia 0,92%, a US$ 60,15, e o do Brent para janeiro avançava 0,82%, a US$ 64,04.
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Entre as commodities hoje, o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, na China, registrou alta de 0,65% no contrato futuro para entrega em janeiro de 2026, cotado a 777,5 yuans, o equivalente a US$ 106,06 a tonelada.
Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) subiam 0,08% no pré-mercado de Nova York nesta manhã. Já os ADRs da Petrobras também avançavam 0,08%.
O que esperar do Ibovespa hoje
Os juros de curto prazo devem subir após o Copom manter a Selic em 15% ao ano pela terceira vez, em decisão unânime e conservadora.
A Bolsa pode ficar pressionada, sobretudo em bancos e varejistas, embora a alta do petróleo e do minério de ferro na China possa conter perdas. O real tende a se fortalecer com o carry trade (mecanismo utilizado para tentar obter lucros com base na diferença entre a taxa de juros de dois países) ainda atrativo após o tom duro do Copom.
Na quarta-feira (5), o índice fechou em valorização de 1,72% aos 153.294,44 pontos, batendo recorde de encerramento pelo oitavo pregão seguido. Foi também a sua 11ª sessão consecutiva de alta. Portanto, uma realização de lucros hoje não está descartada.
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No campo fiscal, Lula celebrou a aprovação por unanimidade o PL 1.087/2025 no Senado, que isenta do IR salários até R$ 5 mil, como “justiça tributária”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o impacto é neutro, compensado pela taxação maior sobre altas rendas.
Já o senador Eduardo Braga (MDB-AM) informou que a votação do projeto que eleva tributos sobre bets e fintechs foi adiada para 18 de novembro.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast