O Ibovespa hoje abriu em queda de 0,39%, aos 134.214 pontos nesta terça-feira (10). A abertura de negócios ocorre de olho nos números de inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto.
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A queda das commodities, em especial do petróleo, e da maioria dos índices de ações internacionais tende a influenciar negativamente o Índice Bovespa hoje. No último pregão, o principal índice da B3 encerrou com alta de apenas 0,12%, no nível dos 134 mil pontos – veja aqui.
No entanto, os dados do IPCA são boa notícia, no sentido de pressionar menos o Comitê de Política Monetária (Copom) por uma alta de 0,50 ponto porcentual na Selic na semana que vem, segundo analistas.
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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA recuou 0,02% ante alta de 0,38% em julho. Ainda assim, o indicador acumula alta de 2,85% no ano e avanço de 4,24% em 12 meses.
O resultado de agosto ficou ligeiramente abaixo da mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que apontava alta de 0,02%. O intervalo de previsões ia de recuo de 0,07% a um aumento de 0,13%.
No exterior, investidores acompanham o evento da diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Michelle Bowman, mas o tema política monetária fica fora de questão por conta do período de silêncio dos dirigentes a poucos dias da decisão de juros. Confira a agenda completa do dia nesta matéria.
O que afeta o Ibovespa hoje
Inflação e juros
“O IPCA ajuda, mas não muda muito. Ficamos na dependência do Fed”, pontua Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil. No mesmo dia da decisão do Copom, o Federal Reserve divulgará sua taxa de juros, para a qual as apostas indicam redução de 0,25 ponto porcentual. Antes, nesta semana, sairão dados de inflação dos EUA que poderão ajudar nas apostas para o Fed.
Para Beto Saadia, economista e sócio da Nomos, o recuo do IPCA em agosto não deve mudar a postura do Banco Central (BC) para o Copom semana que vem. A Nomos espera alta de 0,25 ponto na taxa Selic, dada a inflação de 12 meses ainda acima da meta e resiliência da inflação de serviços.
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Já na avaliação do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a deflação em agosto deixa a “possibilidade de manutenção da Selic bem viva, conforme projetamos”, cita em relatório. Conforme analisa, a divulgação favorável do índice se soma a diversos outros fatores, como o cenário internacional.
“Todas as declarações de diretores do BC reafirmaram a dependência dos dados para a tomada de decisão, o que faz com que a surpresa baixista e estruturalmente benigna do IPCA deixe a possibilidade de manutenção da Selic bem viva.”
Bolsas internacionais
Dados fracos de importação da China em agosto estimulam uma correção do petróleo, que na segunda-feira (9) avançou por conta da evolução da tempestade Francine no Golfo do México. O temor é de que a adversidade climática afete a produção nos Estados Unidos. Em meio aos resultados divergentes da balança comercial chinesa, as bolsas asiáticas fecharam sem direção única.
No geral, investidores seguem no aguardo de dados de inflação nos EUA que sairão nesta semana e poderão fornecer mais clareza sobre os planos do Fed sobre o ritmo e o tamanho do orçamento do corte de juros que deve iniciar na semana que vem.
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Nesta manhã, os índices futuros de Nova York têm viés de baixa. Por lá, destaque ao recuo de cerca de 1,00% da ação da Apple (AAPL34), após derrota na Justiça da União Europeia.
Por outro lado, as ações das principais instituições bancárias dos Estados Unidos operam em alta no pré-mercado, após reportagem da Bloomberg revelar, na segunda-feira (9), que reguladores americanos vão cortar de 19% para 9% o nível de capital exigido aos oito bancos do país na proposta de reforma em análise.
A maioria das bolsas europeias mira queda ainda com os investidores avaliando sinais fracos do mercado de trabalho do Reino Unido, o que afasta a possibilidade de o Banco da Inglaterra (BoE) cortar juros no próximo dia 19. Já o Banco Central Europeu (BCE) deve reduzir os juros na quinta-feira (12).
Nesta terça-feira, a leitura final da inflação ao consumidor (CPI) na Alemanha confirmou desaceleração à taxa anual de 1,9% no mês passado. Já os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) e o dólar operam quase que no zero a zero.
Commodities
As commodities não devem estimular tração no índice da Bolsa hoje. O minério de ferro fechou em baixa de 0,07% em Dalian, na China, e o petróleo recua em torno de 0,70%.
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Nesta manhã, o American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) tem discreta alta no pré-mercado de Nova York e o da Petrobras (PETR3; PETR4) opera com sutil recuo.
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Mercado brasileiro
O investidor da B3 digere novos sinais de enfraquecimento da demanda chinesa após o arrefecimento das importações do país em agosto, mas houve avanço das exportações.
Fica ainda no radar a aprovação pela Câmara na noite da segunda-feira (9) do requerimento de urgência para votar projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamento de empresas e municípios e prevê compensações pela renúncia fiscal neste ano. A proposta agora poderá pular a etapa da análise em comissões e ser votada diretamente no plenário.
Esses e outros indicadores e eventos devem movimentar a Bolsa de Valores brasileira e, consequentemente, o Ibovespa hoje.
*Com informações do Broadcast
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