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Ibovespa hoje abre em queda em dia de leilão de dólar do BC e inflação americana; veja os destaques da Bolsa

Autoridade monetária vendeu US$ 1,5 bilhão em moeda americana com o objetivo de evitar distorções na taxa de referência do dólar; entenda

Ibovespa hoje abre em queda em dia de leilão de dólar do BC e inflação americana; veja os destaques da Bolsa
Ibovespa é o principal índice da Bolsa. (Foto: Adobe Stock)

O Ibovespa hoje abriu em queda de 0,54%, aos 135.305 pontos nesta sexta-feira (30). A abertura de negócios ocorre de olho no índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e a novidade do leilão de dólar no mercado à vista pelo Banco Central (BC).

O último pregão de agosto ainda pode trazer ânimo para o investidores, com o principal índice da B3 hoje se dividindo entre as moderadas altas dos índices futuros de ações norte-americanos e o recuo das commodities. Ainda assim, o Índice Bovespa hoje pode caminhar para fechar agosto com a maior valorização desde o final do ano passado e com a quarta alta semanal seguida.

O movimento na Bolsa acompanha de perto o leilão de dólares do Banco Central. Nesta manhã, a autoridade monetária vendeu US$ 1,5 bilhão em leilão de dólares à vista, que teve taxa de corte de 0,000170. Foi aceita apenas uma proposta, com o valor integral. O BC decidiu fazer o leilão para evitar distorções no último dia de formação da Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro, calculada durante o dia), operação que não ocorria desde abril de 2022.

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Há a expectativa no mercado de que deixe o País nesta sexta-feira um grande volume de recursos – com algumas casas estimando um montante de cerca de US$ 1 bilhão – por causa do rebalanceamento do EWZ, o ETF (fundo com cotas negociadas em bolsa) das empresas brasileiras negociado no exterior. A intervenção ocorre um dia após o presidente do BC, Roberto Campos Neto, dizer que estava com “o dedo no gatilho” para atuar no mercado de câmbio se necessário.

A realização do leilão cambial explicita uma potencial anormalidade no mercado e uma mudança de postura da autoridade monetária, que sempre evitou intervir no câmbio em dia de fechamento da taxa Ptax mensal para impedir distorções na formação de preço.

O que movimenta o Ibovespa hoje

Inflação americana

O PCE avançou 0,2% em julho, na comparação com junho, informou o Departamento do Comércio. Na comparação anual, houve alta de 2,5%. A taxa mensal veio em linha com o previsto pelo consenso de analistas ouvidos pela FactSet, mas a anual veio abaixo da previsão de alta de 2,6%. O índice americano é a medida de inflação preferida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que deve calibrar as apostas sobre a magnitude do alívio monetário nos EUA.

“Os dados mostram que a inflação nos Estados Unidos está desacelerando com uma atividade forte. Agora, bota mais pressão ainda em cima dos dados do payroll (relatório de emprego americano) que sairão na semana que vem. Mas os dados são positivos”, avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

Juros

A dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel, defendeu, nesta sexta-feira, que a política monetária deve seguir uma abordagem “cautelosa e gradual” ao reduzir juros em direção a um nível neutro ainda incerto.

Nos Estados Unidos, os números de inflação devem apoiar as apostas de juros. A expectativa é de que uma leitura mais forte do que o esperado possa apoiar a moeda americana, à medida que tenderia a elevar as apostas em um corte menos agressivo de juros, de 25 pontos-base, pelo Fed. No entanto, os dados podem ainda ser insuficientes para consolidar as previsões, pois os dirigentes do Fed estão mais atentos agora aos dados de emprego do payroll.

No Brasil, o leilão de dólar e o PCE americano devem instigar a curiosidade dos investidores pelos comentários de Campos Neto em meio a expectativas majoritárias no mercado de alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic em setembro.

Bolsas internacionais

Um apetite por risco embala os mercados de ações ocidentais nesta manhã, com investidores reagindo ao índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro, que subiu ao ritmo anual mais lento em três anos em agosto, de acordo com pesquisa preliminar.

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As bolsas europeias ampliaram os ganhos levemente após a desaceleração da inflação na região pavimentar o caminho para mais cortes de juros do BCE.

Os retornos dos bônus europeus aceleraram a queda e renovaram mínimas intraday (período de um dia) nas maiores economias da região, levando os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) intermediários e longos às mínimas intradia.

Em Nova York, a ação da Nvidia (NVDC34) sobe mais de 1% no pré-mercado, ensaiando uma recuperação após o tombo da véspera, na esteira de um balanço que frustrou as expectativas mais otimistas dos investidores. Apesar da reação negativa do mercado, analistas ainda enxergam oportunidades de crescimento para a fabricante de chips.

Na Ásia, as bolsas subiram, puxadas por ações do setor imobiliário chinês, em resposta à notícia de que o governo chinês estuda permitir que proprietários de imóveis refinanciem hipotecas para conter os custos de empréstimos e fomentar o consumo, segundo reportagem da Bloomberg divulgada durante a madrugada.

Em resposta, ações da Shimao Group saltaram 10,53%, e China Vanke, 9,89%. As montadoras de veículos elétricos BYD (+5,98%) e Li Auto (+7,79%) também estiveram entre os destaques, em recuperação após a forte queda da véspera, na esteira de balanços.

Commodities

petróleo amplia perdas nesta sexta-feira, caindo acima de 2%, enquanto o minério de ferro fechou em queda de 0,53% em Dalian, cotado a 754 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 106,22.

Mercado brasileiro

Na quinta-feira (29), o dólar à vista subiu 1,22%, a R$ 5,6231, maior valor desde 7 de agosto, com ganhos acumulados de 2,62% nas quatro sessões desta semana.

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A escalada da moeda americana desta vez respondeu a apostas em um corte de juros menos agressivo pelo Federal Reserve após dados de atividade resilientes nos EUA e à cautela em relação aos novos sinais na condução da política monetária, após a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência da autarquia.

Na quinta-feira (29) à noite, em referência à desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), Campos Neto reiterou que a média móvel dos núcleos de inflação ainda está subindo e ressaltou a atenção “toda especial” ao impacto da mão de obra apertada nos preços de serviços.

A curva de juros deve se modular ainda às oscilações estreitas, sem direção única, dos rendimentos dos Treasuries no Ibovespa hoje em meio a repercussões dos resultados do setor público e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de julho – que ficou em 6,8% no trimestre encerrado em julho, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

*Com informações do Broadcast

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