Exterior fica indefinido com paralisação nos EUA e Fed no radar, e local mira Haddad. (Foto: Adobe Stock)
A entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à EBC deve ganhar os holofotes do Ibovespa hoje, assim como a repercussão do diálogo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump. Nos Estados Unidos, a paralisação do governo completa uma semana, impedindo a divulgação dos dados oficiais e deslocando o foco para declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
A agenda econômica desta terça-feira (7) também traz a divulgação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de setembro, enquanto o Tesouro faz leilões de venda de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e de Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros).
O presidente Lula se reunirá com os ministros, além dos presidentes do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, e da Caixa, Carlos Vieira, para tratar do lançamento ainda em outubro do programa de crédito para reformas de casas.
No exterior, as atenções ficam em dirigentes do Fed de Atlanta, Raphael Bostic; na vice-presidente de Supervisão, Michelle Bowman; no diretor Stephen Miran; e no presidente da distrital de Minneapolis, Neel Kashkari.
Ainda, o Fed divulga dados sobre crédito ao consumidor em agosto, e a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, fala pela tarde.
Ibovespa hoje: os principais assuntos para acompanhar nesta terça (7)
Bolsas globais mostram fôlego curto com paralisação dos EUA
Os índices futuros em Nova York estão indefinidos, enquanto o Nasdaq tenta subir impulsionado pelo salto de quase 180% da ação da Trilogy Metals, após anúncio de investimentos do governo na exploração mineral no Alasca.
Os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) operam estáveis, odólar hoje segue firme e o ouro superou brevemente a marca de US$ 4 mil pela primeira vez, reagindo à rejeição no Senado dos EUA de nova proposta orçamentária para encerrar a paralisação do governo dos EUA.
Investidores aguardam discursos de dirigentes do Fed antes da divulgação da ata da última reunião monetária, na quarta-feira (8). O presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, disse que o esfriamento do mercado de trabalho ajuda a conter a inflação, mas alertou para o risco de fraqueza maior e descartou cortes agressivos de juros.
Publicidade
Na Europa, as bolsas ensaiavam uma melhora, com destaque para a França, após a renúncia do premiê Sébastien Lecornu.
Commodities hoje: petróleo tem queda discreta, minério não opera
Os contratos futuros do petróleo têm queda discreta, depois de acumularem ganhos nas duas sessões anteriores, em parte sustentados por uma decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de anunciar novo aumento de produção menor do que o esperado. Nesta manhã, o barril do petróleo WTI para novembro caía 0,16%, a US$ 61,60, enquanto o do Brent para dezembro recuava 0,11%, a US$ 65,40. Entre as commodities hoje, o minério de ferro não operou na China devido a um feriado nacional.
Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) cediam 0,09% no pré-mercado de Nova York nesta manhã. Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) subiam 0,16%.
Negociação entre Lula e Trump: o que esperar do Ibovespa hoje?
A fraqueza em Nova York e a queda do petróleo podem pressionar o Índice Bovespa hoje e as ações da Petrobras, enquanto investidores acompanham as negociações entre Brasil e EUA após a conversa entre Lula e Trump, na segunda-feira (6).
O presidente americano disse querer “fazer negócios com o Brasil” e confirmou futuros encontros presenciais. Lula, por sua vez, pediu o fim da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, das sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e que o secretário de Estado, Marco Rubio, dialogue com o Brasil “sem preconceito”.
Rubio tratará diretamente com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). Haddad viaja aos EUA na próxima semana para reunião com o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
MP do IR sobre investimentos pode ser votada hoje
No front fiscal, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL)) discutem hoje o projeto de isenção do IR até R$ 5 mil, enquanto o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) busca manter R$ 15 bilhões a R$ 17 bilhões na medida provisória (MP) que substitui a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
“Nós estamos falando em R$ 35 bi, na parte de arrecadação R$ 20 bilhões. O governo está tentando agora salvar a maior parte disso. Salvar R$ 15 ou R$ 17 bi. O governo vai ter que fazer concessões, isso está claro para todo mundo”, disse Lindbergh, ao deixar a reunião entre líderes da Casa e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O encontro ocorreu na residência oficial do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A MP 1.303/25, que muda as regras de tributação de investimentos financeiros, pode ser finalmente votada nesta terça-feira (7) pela comissão mista do Congresso, às vésperas de expirar.
Publicidade
A medida integrava o pacote fiscal do governo e tinha como objetivo revisar as isenções de imposto de renda sobre investimentos como Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCI e LCA) e debêntures incentivadas, mas não avançou. Dessa forma, a alteração mais significativa deve ser a implementação de uma alíquota única de 17,5% para a maior parte das aplicações financeiras.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o Ibovespa hoje.
*Com informações de Silvana Rocha e Maria Regina Silva, do Broadcast