O presidente Donald Trump surpreendeu o mercado ao postergar as tarifas de 50% aos produtos brasileiros. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje encerrou o pregão desta quinta-feira (31) com queda de 0,69%, aos 133.071,05 pontos. Apesar do recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no tarifaço contra o Brasil na véspera, o mercado local teve um dia de instabilidades em meio à discussão tarifária. Investidores também acompanham a temporada de balanços.
Pela manhã, o índice brasileiro chegou a cair mais de 1,3%, com pouquíssimas ações sendo negociadas em alta. Segundo Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, uma parte dessa desvalorização é explicada pelo recuo das commodities. “Petróleo e minério em baixa puxam as principais ações do Ibovespa, mas no geral não era para estar caindo tanto”, pontua.
Lá fora, as Bolsas de NY abriram a sessão em alta, na esteira do otimismo do mercado americano com os balanços das big techs. O movimento positivo não foi suficiente para influenciar o Ibovespa, tampouco durou por todo o pregão. Perto do fechamento, o setor de chips fez peso, com quedas perto de 1% na Nvidia e acima de 5% na Micron Technology, invertendo o sinal dos índices americanos.
O Dow Jones fechou o dia com queda de 0,74%, aos 44.130,98 pontos. O S&P 500 caiu 0,37%, aos 6.339,55 pontos. Já o Nasdaq ficou perto da estabilidade, com baixa de 0,03% a 21.122,45 pontos.
No último dia de julho, também ficaram no foco o índice de inflação PCE dos EUA, o predileto do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), os balanços da Apple e Amazon, além da taxa de desemprego brasileira e o resultado trimestral do Bradesco, já informado, e o da Vale (VALE3), que sairá depois do fechamento da B3 – confira as projeções para a mineradora.
No campo dos indicadores, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,8% no trimestre encerrado em junho, em linha com o piso das projeções. É um dos menores níveis da história, um indicador que reforça a percepção de que, mesmo com a economia desacelerando, o mercado de trabalho aquecido dificulta a queda da Selic. O setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, à exceção de Petrobras (PETR3; PETR4) e Eletrobras (ELET3; ELET6)) teve déficit primário de R$ 47,091 bilhões em junho, maior do que o piso de R$ 46,6 bilhões.
Ibovespa hoje: os principais assuntos que marcaram esta quinta-feira (31)
Operação do dólar hoje
Veja como está a cotação do dólar hoje. (Foto: Adobe Stock)
A disputa técnica em torno da formação da taxa Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro) do fim de julho hoje ajudou a adicionar mais volatilidade aos negócios cambiais, assim como a queda das commodities.
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No câmbio local, o dólar abriu a sessão em queda e chegou a subir a R$ 5,62 no início da tarde. Mas a moeda americana reduziu o ritmo até encerrar o dia a R$ 5,6008, com uma alta de 0,21%.
O desempenho do dia consagra julho como o pior mês do câmbio em 2025, com uma valorização acima de 3% do dólar à vista.
Agenda econômica do dia
A agenda econômica desta quinta-feira (31) foi movimentada no cenário econômico pela repercussão do tarifaço dos EUA contra o Brasil. Indicadores também ganharam destaques no Ibovespa hoje, como a taxa de desemprego da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e o resultado primário do setor público consolidado de junho no Brasil.
Ainda na agenda econômica de hoje, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, participou ao vivo do programa da Ana Maria Braga, na TV Globo. O Tesouro faz leilões de venda de títulos prefixados Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa).
Nos Estados Unidos, o destaque é o índice de preços de gastos com consumo (PCE), referência de inflação para o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), além dos pedidos semanais de auxílio-desemprego e o Índice de Gerentes de Compras (PMI) de julho. Na Ásia, serão publicados os PMIs industriais do Japão e da China.
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Balanços da Apple (AAPL34), Amazon (AMZO34), Mastercard, Vale (VALE3), Ambev (ABEV3) e Gerdau (GGBR4) também serão acompanhados – veja o calendário de balanços nacionais neste texto.
As bolsas de Nova York abriram em alta nesta quinta-feira. O presidente americano, Donald Trump, reafirmou a tarifa de 25% sobre o fentanil e carros do México e disse que uma negociação de acordo acontecerá em cerca de 90 dias.
Enquanto isso, investidores acompanham a divulgação de novos balanços trimestrais das empresas, como o forte desempenho de Meta e Microsoft. O mercado também mantém no radar um possível acordo entre Estados Unidos e China, após a sinalização do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.
O presidente americano, Donald Trump, afirmou que as tarifas não estão prejudicando a economia, como muitos previam, e estimou que o Tesouro arrecadará US$ 200 bilhões em agosto.
A fala cautelosa do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deixando em aberto o rumo dos juros em setembro, continuou a pesar.
As bolsas europeias encerraram as atividades, em sua maioria, na baixa. A sessão foi dominada pela divulgação de balanços de algumas das principais empresas da região, que acabaram levando a algumas das maiores movimentações em certos índices, como no caso de Milão, com forte pressão do tombo da Ferrari, e Madri, com impulso do salto do BBVA.
Taxa de desemprego fica em 5,8% no trimestre
A taxa de desocupação no Brasil ficou em 5,8% no trimestre encerrado em junho, de acordo com os dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Em igual período de 2024, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 6,9%. No trimestre móvel até maio, a taxa de desocupação estava em 6,2%.
Copom interrompe ciclo de alta e segura Selic em 15%
Copom mantém taxa de juros em 15% ao ano. (Foto: Adobe Stock)
Sem surpresa para o mercado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu colocar um ponto final no ciclo de aperto monetário depois de dez meses de alta e optou por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Trata-se do maior nível de juros em quase duas décadas.
A Vale deve apresentar uma queda entre 36,8% e 45% no lucro líquido do segundo trimestre de 2025 na comparação do segundo trimestre de 2024, mostram relatórios da Ágora Investimentos, Genial Investimentos e Itaú BBA obtidos pelo E-Investidor. A expectativa por um resultado fraco se deve à baixa dos preços do minério de ferro no mercado internacional. A mineradora divulga seu balanço nesta quinta-feira (31) após o fechamento do mercado – veja detalhes das projeções nesta reportagem.
Commodities recuam e penalizam Vale e Petrobras
Após três pregões consecutivos em alta, o petróleo teve um dia de baixas, pressionando o mercado local. As ameaças do presidente Trump à Índia com tarifas de 25% e outras sanções por comprar petróleo e armas da Rússia repercutiram nos preços da commodity.
O petróleo WTI para setembro para setembro fechou o dia em queda de 1,05%, a US$ 69,26 o barril. Já o brent para outubro teve queda de 1,06%, a US$ 71,70 o barril. Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em queda de 2,38%, cotado a 779 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 108,27.
Trump adia tarifas e dá respiro ao Brasil
Sem um acordo formal, Trump recua e isenta quase 700 produtos brasileiros das tarifas.
O presidente Donald Trump pegou o mercado de surpresa na quarta-feira (30) ao anunciar que as tarifas de 50% aos produtos brasileiros passarão a valer apenas daqui a sete dias, não na sexta-feira (1º), data inicialmente prevista. O adiamento do tarifaço ampliou o prazo para negociações com o governo americano e animou os investidores, com o Ibovespa subindo quase 1% na última sessão.
Investidores também acompanham a resposta do Brasil às tarifas de 50% dos EUA, previstas para 6 de agosto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu diálogo, mas prometeu proteger a soberania do país, empresas e trabalhadores. O Planalto defendeu o ministro Alexandre de Moraes e reforçou que a lei vale para todos, inclusive plataformas digitais.
Apesar de exceções que reduziram o impacto imediato, o setor empresarial pede negociação. Pesquisa da Amcham indica que 86% das empresas consultadas avaliaram que medidas de reciprocidade por parte do Brasil tenderiam a agravar as tensões bilaterais.
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Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast