Ibovespa hoje inicia pregão em queda com prévia do PIB abaixo do esperado e tensão comercial EUA-China
Externo positivo pode apoiar ativos locais, mas incertezas fiscais e movimento misto das commodities trazem cautela. Veja como o Ibovespa reage nesta quinta (16)
Otimismo moderado precede falas do Fed em dia de IBC-Br e fiscal no foco do Ibovespa hoje. (Foto: Adobe Stock)
OIbovespa hoje abriu em queda de 0,56%, aos 141.768 pontos nesta quinta-feira (16). Após a abertura, apenas seis ações subiam de 84. O mercado acompanha o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também chamado de prévia do PIB. No exterior, os desdobramentos da tensão comercial entre EUA e China continuam no radar.
O principal índice da B3 hoje pode ampliar perdas na sessão, apesar da alta dos índices de ações futuros em Nova York e do petróleo (+0,22%) – enquanto o minério de ferro recuou 0,90% na China. Por aqui, persistem as incertezas fiscais e relacionadas ao tarifaço, além de ruídos políticos.
Na agenda, o foco é o IBC-Br de agosto, que apresentou alta de 0,40%, ficando aquém da mediana positiva de 0,70% das projeções. O resultado, contudo, pode ser insuficiente para colocar em debate cortes da Selic em dezembro deste ano.
Para Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, o Ibovespa tem espaço para retomar os 144.500 pontos, mas o lado político segue tenso e ainda há cautela fiscal, citando as projeções de aumento da dívida pública do Brasil pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
As atenções também continuam voltadas para o diálogo entre Brasil e EUA sobre o tarifaço. O Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reunirá na tarde desta quinta-feira com o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em Washington.
No câmbio, odólar hoje opera em baixa ante outras moedas de economias desenvolvidas, estendendo perdas recentes. Em relação ao real, a moeda americana opera em queda de 0,12%, a R$ 5,44 na venda.
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta quinta-feira (16)
Bolsas globais têm alta moderada com Fed e tarifas comerciais
No continente europeu, investidores avaliam balanços positivos de grandes empresas da região, incluindo a Nestlé.
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Além disso, a tensão comercial entre Estados Unidos e China continua no foco. Ontem, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que o país está “em uma guerra comercial com a China”.
Falas de diretores do Fed serão acompanhadas de perto, diante da perspectiva crescente de mais dois cortes de juros nos EUA ainda neste ano.
Em meio a esse cenário, que inclui também temores com uma possível paralisação do governo Trump, o ouro atingiu novo recorde e o dólar hoje estende perdas recentes em relação a moedas de economias desenvolvidas. Na Ásia, as bolsas fecharam com sinais divergentes, com recorde na Coreia do Sul.
IBC-Br de agosto avança abaixo das projeções
A mediana das estimativas do mercado indica alta de 0,70% do IBC-Br em agosto, após queda de 0,53% em julho. (Foto: Adobe Stock)
O IBC-Br, também chamado de prévia do PIB, subiu 0,40% em agosto, na comparação com julho e na série com ajuste sazonal, informou a autarquia nesta quinta-feira. No mês anterior, o índice havia cedido 0,52% (revisado, de -0,53%).
O resultado de agosto ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que apontava para uma alta de 0,70%. As estimativas do mercado iam de queda de 0,30% a alta de 1,10%.
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Para o economista Leonardo Costa, do ASA, o índice de agosto confirma que a economia segue positiva, mas com ritmo moderado e heterogêneo entre os setores, o que é compatível com um cenário de desaceleração gradual da atividade.
“O resultado do IBC-Br de agosto resume bem o que os demais indicadores de atividade já vinham apontando: uma pequena recuperação da economia doméstica após o recuo observado em julho”, afirma Costa.
As preocupações com o rumo das contas públicas persistem no Brasil
Ontem, o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu a decisão que definia o centro da meta fiscal como base para o contingenciamento. Além disso, seguem as incertezas sobre como o governo irá compensar a derrubada da Medida Provisória com alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou algumas propostas ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — entre elas, medidas que já constavam da MP, mas que podem ser reapresentadas na forma de projetos de lei.
As atenções também continuam voltadas para o diálogo entre Brasil e EUA sobre o tarifaço. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reunirá na tarde de hoje com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington. Também serão acompanhadas a participação de Nilton David, do BC, em evento internacional.
Agenda econômica do dia
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também chamado de prévia do PIB, ganha destaque no Ibovespa hoje. No exterior, investidores acompanham comentários de uma série de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), em meio a expectativas de mais cortes nos juros básicos americanos, e seguem de olho nos desdobramentos da tensão comercial entre EUA e China.
Ainda na agenda econômica local, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da segunda quadrissemana de outubro sai pela manhã, enquanto o Tesouro faz leilão de Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e de Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa).
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O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David, participa de evento do UBS BB em Washington. Já os dirigentes do Fed, entre eles Stephen Miran e Christopher Waller discursam. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, fala em evento.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Anna Scabello e Silvana Rocha, do Broadcast