

O Ibovespa hoje opera em queda de 1,07%, aos 130.488 pontos às 11h04 desta segunda-feira (31), ameaçando perder o patamar dos 130 mil pontos. O mercado acompanha novas projeções do boletim Focus, desdobramentos da guerra comercial nos EUA e venda do Banco Master – veja aqui a agenda completa da semana.
A desvalorização acontece após o início da sessão em Nova York em queda. “Todo mundo com medo de perder dinheiro, se afastando de renda variável e vendendo dólar também”, diz Felipe Sant Anna, especialista em mercado financeiro, pontuando estranhamento no movimento do dólar, dado que é um ativo de proteção. “Contudo, existem dúvidas sobre esse pacote de tarifas dos Estados Unidos, se ele vai funcionar ou trazer problemas para a economia americana”, explica Sant Anna.
Perto das 11 horas, só oito ações subiam, de um total de 87 da carteira teórica do Ibovespa. A última sessão de março retoma as incertezas relacionadas às tarifas dos EUA, que devem se estender até pelo menos quarta-feira (2), chamado de “Liberation Day” (Dia da Libertação), quando entram em vigor as tarifas sobre bens de consumo importados pelos EUA.
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Ainda assim, o principal índice da B3 hoje pode fechar o mês de março com ganhos expressivos. Na sexta-feira (28), quando encerrou a sessão em queda de 0,94%, aos 131.902,18 pontos, o indicador acumulava alta mensal de 7,41%.
“O receio crescente com os efeitos das tarifas recíprocas de Trump, a serem anunciadas na próxima quarta-feira, derruba preços de ativos internacionais e aumenta a busca por segurança”, resume em nota a consultoria MCM.
Por aqui, o viés de alta do petróleo e o leve avanço do real ante o dólar pode limitar uma queda do índice hoje, embora a desvalorização de 1,47% do minério de ferro tenda a atrapalhar. Já os juros futuros têm viés de baixa.
Internamente, ainda ficam no radar a produção industrial de fevereiro e índices de inflação nos próximos dias, além do reajuste nos preços de medicamentos a partir de hoje, após a reavaliação do mercado de que o cenário doméstico atual enseja mais aumentos da taxa Selic.
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As apostas do Boletim Focus agora indicam mais três elevações na taxa básica este ano, em vez de apenas duas. Na semana passada, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, alertou para os riscos inflacionários de incentivos ao crédito.
- Confira aqui a agenda econômica das empresas nesta segunda-feira
Ações em destaque no Ibovespa hoje
Vamos (VAMO3) lidera perdas da Bolsa hoje
A ponta negativa do Ibovespa nesta segunda-feira é liderada por Vamos (-4,93%), Assaí (-3,93%) e CVC (-3,98%). Para o sócio da Fatorial Invest, Fábio Lemos, trata-se de uma realização de lucros para que o investidor se proteja do impacto que o início das tarifas dos EUA pode trazer.
“O mercado não olha para os fundamentos e passa a realizar papéis que tiveram alta recente, colocando lucro no bolso”, explica Lemos. Nos últimos 30 dias, a CVC acumula ganhos de 25,43%; o Assaí, de 13,49%; e a Vamos, de 16,01%.
Petrobras (PETR3; PETR4) sobe com petróleo
As ações da Petrobras operam em alta, com avanço de 0,61% (ON) e 0,29% (PN), enquanto Brava (BRAV3) tem ganhos de 0,30%. Nesta manhã, os contratos futuros do petróleo subiam, com o Brent (+0,82%) e o WTI (+1,13%). Já Prio (PRIO3) e PetroRecôncavo (RECV3) oscilam, ficando entre leves quedas, por volta de 0,05%, e leves altas, ao redor de 0,07%.
Vale (VALE3) recua com minério
As empresas metálicas recuam em bloco nesta segunda-feira, dia de recuo dos preços do minério de ferro. Nesta manhã, Vale cedia 1,58% e CSN Mineração (CMIN3) perdia 1,43%. Entre as siderúrgicas Gerdau PN (-2,25%), Gerdau Metalúrgica PN (-1,93%), CSN (-2,77%) e Usiminas PNA (-1,40%). O minério de ferro caiu 1,47% em Dalian, 1,15% em Cingapura e 0,65% em Qingdao.
Mercado financeiro hoje: assuntos que movimentam a segunda-feira
Tarifas dos EUA: temor limita ânimo nas bolsas internacionais
Os temores de uma guerra comercial mais ampla elevam a aversão ao risco, pressionando as bolsas asiáticas, europeias e de Nova York, além dos rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense).
O debate gira em torno da possibilidade de tarifas dos EUA recíprocas individualizadas para parceiros comerciais ou de uma tarifa geral, com receios de estagflação (estagnação econômica, ou até mesmo recessão, mas com escalada de preços) no país.
As ações da Tesla (TSLA34) caíam mais de 4% no pré-mercado em Nova York no início da manhã, refletindo protestos contra Elon Musk. O presidente americano, Donald Trump, sugere que montadoras estrangeiras aumentem preços e condiciona negociações tarifárias a concessões aos EUA. Enquanto a União Europeia promete retaliação, a Austrália busca diálogo.
- Novas tarifas de Trump abalam o setor automotivo; veja as ações mais afetadas
Uma pesquisa aponta que 60% dos americanos estão insatisfeitos com a economia e 72% esperam alta de preços no curto prazo. Além disso, Trump ameaçou aplicar uma tarifa de 25% sobre o petróleo russo “a qualquer momento” caso não haja avanços nas negociações com o Kremlin para “parar o banho de sangue” na Ucrânia, impulsionando ainda mais a cotação da commodity.
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O dólar hoje se enfraquece ante outras moedas de economias desenvolvidas, em uma semana que será marcada por uma nova rodada de tarifas dos EUA.
Boletim Focus: o que esperar da inflação e dos juros?
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (31), as projeções para indicadores da economia, como Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic – veja detalhes aqui.
Segundo o relatório do BC, a mediana da inflação em 2025 permanece em 5,65%, mas ainda acima da meta (4,50%). Em 2026, a mediana ficou em 4,50%, e em 2027, em 4,0% pela sexta semana consecutiva. Já em cenários mais longos, como em 2028, a inflação brasileira deve se manter em 3,78%.
Em relação à Selic em 2025, o boletim Focus mostra a taxa de juros em 15%. Em 2026, a Selic deve ficar em 12,50%. Já em 2027 e 2028, em 10,50% e 10% respectivamente.
Commodities: minério em queda pressiona ADRs; petróleo sobe
O petróleo opera em alta a, ampliando ganhos da semana passada, após ameaças tarifárias de Trump a compradores do produto russo. No início da manhã, o barril do petróleo WTI para maio subia 0,23%, enquanto o do Brent para junho avançava 0,20%.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro fechou em queda de 1,47%, cotado a 773 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 106,42 nos mercados de Dalian, na China.
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Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) recuavam 2,29% no pré-mercado de Nova York no início da manhã. Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) cediam 0,76% no mesmo horário.
Compra do Banco Master movimenta o setor bancário
Investidores também acompanham a operação de compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), controlado pelo governo do Distrito Federal. Na sexta-feira (28), o BRB confirmou a compra do Banco Master, em uma operação estimada em R$ 2 bilhões. No acordo assinado, o BRB leva 58% do capital da instituição financeira de Daniel Vorcaro – veja aqui o que se sabe sobre o caso.
Veja as expectativas para o Ibovespa hoje
O Índice bovespa hoje, os juros futuros e o real devem sofrer pressão de baixa diante do cenário externo e da valorização do dólar frente a moedas emergentes ligadas a commodities. O EWZ, principal fundo de índice (ETF, fundo de investimento negociado em bolsa de valores como se fosse uma ação) brasileiro recuava 1,23% no pré-mercado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende esgotar negociações para um livre-comércio com os EUA antes de retaliar ou acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas de Trump. Haddad destaca a força do Brasil como exportador de commodities.
Em meio à alta dos juros e sinais de que a economia interna segue aquecida, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, alerta para os riscos inflacionários de incentivos ao crédito. No câmbio, a disputa pela Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro) do fim de março pode influenciar as negociações desta manhã no Ibovespa hoje.
*Com informações de Vinícius Novais, do Broadcast
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