Ibovespa mantém estabilidade nesta sexta com apoio de Petrobras (PETR4) e fluxo estrangeiro nos bancos enquanto Braskem (BRKM5) cai mais de 14% e Magazine Luiza (MGLU3), GPA (PCAR3) e Cury (CURY3) sobem com expectativa de juros menores. (Imagem: Adobe Stock)
A perda de fôlego do indicador ao longo do pregão se deu à medida que investidores digerem os resultados dentro do esperado do PCE e do núcleo do indicador de preços dos EUA. Os dados reforçam a aposta de queda dos juros nos EUA este ano. A avaliação é de Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital.
Recentemente, lembra Takeo, alguns diretores do Federal Reserve (Fed) e a última leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do segundo trimestre corrigiram a euforia de agentes, depois do primeiro corte dos juros na semana passada. Porém, o quadro é de cautela. Nesta manhã, Tom Barkin, do Fed, disse que as dinâmicas de emprego e consumo parecem saudáveis agora, mas as tarifas ampliam incertezas.
Além disso, a queda do minério de ferro (1,74%) e novas tarifas dos EUA, principalmente para medicamentos (100%), limitaram o índice da B3. Já o petróleo Brent fechou em alta de 0,93%. A Vale (VALE3) fechou em queda de 1,92% e a Petrobras também caiu: PETR4 recuou 0,34% e PETR3 perdeu 0,63%.
Ainda que o Brasil não venda remédios para os EUA, exporta itens como móveis que foram tarifados, o que gera cautela no momento em que há expectativa de um encontro entre os governos do Brasil e norte-americano para debater tarifas.
Já a Gol e a Azul anunciaram ontem o fim das negociações para uma possível fusão. Em comunicados ao mercado, as empresas também confirmaram a rescisão do acordo de cooperação comercial (codeshare), assinado em maio de 2024 para integrar suas malhas aéreas no Brasil. Conforme o Grupo Abra, controlador da Gol, o “ponto final” é atribuído ao não avanço das conversas.
No câmbio, o dólar hoje fechou em queda de 0,49% ante o real, a R$ 5,3381.
Ibovespa hoje: os destaques desta sexta-feira (26)
Bolsas globais sobem com PCE e tarifas de Trump no radar
Investidor acompanha PCE e tarifas de Trump pesam em farmacêuticas fora dos EUA. (Foto: Adobe Stock)
O PCE dos Estados Unidos subiu 0,3% em agosto ante julho, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Comércio. Na comparação anual, houve alta de 2,7% em agosto. Analistas ouvidos pela FactSet previam acréscimo mensal de 0,3% do PCE e avanço anual de 2,7%.
A movimentação também ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar tarifas de 100% sobre produtos farmacêuticos, 50% sobre armários de cozinha e pias de banheiro, 30% sobre móveis estofados e 25% sobre caminhões pesados, a partir de 1º de outubro.
A medida pode dobrar os preços de alguns medicamentos e impactar outras despesas com saúde, como os custos do Medicare e do Medicaid, além de elevar riscos inflacionários.
As ações de farmacêuticas caíram na Ásia e também foram pressionadas na Europa. Nos EUA, papéis do setor, como os da Pfizer e da Merck, avançaram, enquanto os da UnitedHealth recuaram.
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Trump afirmou ainda ter chegado a um entendimento com a China sobre o futuro do TikTok: investidores americanos assumirão o controle da operação do aplicativo nos EUA, com papel relevante da Oracle na segurança da plataforma.
Gol desiste de fusão com a Azul
Foco da Azul em RJ atrapalhou processo de fusão com a Gol (Foto: Adobe Stock)
O Grupo Abra, controlador da Gol, notificou a Azul de que está encerrando as discussões sobre uma possível fusão entre as duas companhias. O “ponto final”, que inclui também a rescisão do acordo de codeshare (compartilhamento de voos), é atribuído ao não avanço das conversas, assim como mudanças no cenário desde a assinatura do memorando de entendimento (MoU), em janeiro deste ano – confira a reportagem completa.
“As partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários meses como resultado do foco da Azul em seu processo de Chapter 11“, afirma o grupo controlador da Gol.
De olho no Fed
A agenda econômica desta sexta-feira trouxe ainda o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, que caiu para 55,1 em setembro, ante 58,2 em agosto, segundo levantamento final divulgado pela instituição nesta sexta-feira. O resultado ficou abaixo da previsão de analistas consultados pela FactSet, de 55,9, e também aquém da leitura preliminar deste mês, de 55,4.
A pesquisa mostrou ainda que as expectativas de inflação em 12 meses caíram de 4,8% em agosto para 4,7% em setembro. Já para o horizonte de cinco anos, a expectativa de inflação avançou de um mês para o outro, de 3,5% para 3,7%.
O mercado ainda acompanhou o discurso do presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, que sinalizou que novos cortes de juros podem ser apropriados para ajudar a manter o mercado de trabalho americano saudável, em evento do Peterson Institute for International Economics (PIIE). Segundo ele, os dirigentes podem debater qual será a magnitude adequada de futuras reduções nas taxas, mas “não há dúvidas de que devem se voltar um pouco para o mandato de emprego”.
Em paralelo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, pela manhã, da cerimônia de posse do Conselho Federal de Participação da Bacia do Rio Doce e Litoral Norte Capixaba (CFPS Rio Doce). Ainda na agenda doméstica, o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, falou em evento do Citi.
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Guillen afirmou que o Banco Central continua desconfortável com a desancoragem das expectativas para a inflação, enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) segue avaliando que as incertezas estão elevadas.
“Há muitos riscos estruturais relacionados à governança, ao fiscal e ao impacto das tarifas. Tanto que nós, como autoridades de política monetária, permanecemos cautelosos. Temos que permanecer cautelosos por causa dessa incerteza que tem impacto, obviamente, na inflação e no crescimento econômico”, disse. Ele pontuou, inclusive, que há incerteza sobre como as tarifas dos Estados Unidos vão afetar o PIB do Brasil.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Luciana Xavier e Maria Regina Silva, do Broadcast