O principal índice da B3 hoje opera com fôlego curto, em meio a sinais de enfraquecimento da atividade medida pelo varejo brasileiro e incertezas comerciais. Na véspera, o anúncio de tarifas a vários países pelos Estados Unidos levou o indicador a cair 1,26%, para os 139.489,70 pontos, após recentes máximas.
A despeito do declínio do petróleo, as ações da Petrobras sobem (PETR3/2,15%) e (PETR4/1,43%) sobem assim como as da Vale (VALE3/0,92%), na esteira do minério de ferro, em recuperação a perdas recentes. Já os papéis de grandes bancos têm direções divergentes e moderadas assim como alguns de varejistas, mesmo diante da queda dos juros futuros. A operação do Ibovespa hoje acompanha a indefinição das bolsas de Nova York hoje.
Investidores monitoram eventuais novas notícias a respeito das tarifas americanas, diante da escalada das tensões comerciais. Na segunda-feira (7), o presidente dos EUA, Donald Trump, enviou cartas a 14 países, incluindo Japão e Coreia do Sul, notificando que seus produtos ficarão sujeitos a “tarifas recíprocas”, variando de 25% a 36%, a partir de 1º de agosto.
Depois da sessão anterior, marcada por maior aversão a risco diante das ameaças tarifárias, o tom dos mercados é levemente positivo, em meio ao adiamento dessas medidas – que estavam previstas anteriormente para quarta-feira (9) – e a uma agenda esvaziada, aponta Carlos Lopes, economista do banco BV. “A agenda econômica não tem grandes destaques, tanto no mundo quanto no Brasil, exceto pelas vendas do varejo brasileiro de maio, que vêm para completar os dados do segundo trimestre”, diz. Veja mais abaixo os detalhes do indicador.
Enquanto isso, no mercado de câmbio local, o dólar hoje abriu em queda de 0,11%, a R$ 5,4719. Nesta terça-feira, a moeda americana pode se alinhar à desvalorização do dólar ante divisas emergentes, revertendo ganhos de segunda-feira. Às 13h12 (de Brasília), o dólar cedia 0,21%, a R$ 5,4651.
Ibovespa hoje: os destaques do mercado financeiro nesta terça-feira (8)
Agenda econômica do dia
A agenda econômica desta terça-feira (8) acompanha o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em almoço com a Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo (FPE) e o Instituto Unidos Brasil (IUB), em Brasília. O Ibovespa hoje repercute ainda as vendas do varejo de maio, com expectativa mediana de alta de 0,2% na série restrita e de 1% na ampliada.
O Tesouro realiza leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros).
À tarde, os EUA divulgam o crédito ao consumidor de maio. No fim do dia, a atenção se volta à China, com a divulgação dos índices de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) de junho.
Bolsas globais buscam rumo após tarifas de Trump
Os sinais são mistos nas bolsas de valores internacionais em dia de agenda esvaziada, com investidores ainda repercutindo novas propostas tarifárias feitas pelo governo Trump. O dólar hoje, por sua vez, está mais fraco ante a maioria das divisas emergentes e o Dollar Index (DXY), que compara a moeda americana com outras relevantes no mercado, recua.
Na segunda-feira (7), o presidente americano Donald Trump enviou cartas a 14 países, incluindo Japão e Coreia do Sul, notificando que seus produtos ficarão sujeitos a “tarifas recíprocas“, variando de 25% a 36%, a partir de 1º de agosto. Com isso, o prazo que venceria na quarta-feira (9) foi prorrogado.
A S&P Global Ratings afirmou que o novo pacote orçamentário dos Estados Unidos “assegura a continuidade do serviço da dívida pública em tempo hábil”, após o Congresso aprovar um aumento de US$ 5 trilhões no teto da dívida. No entanto, o pacote não reduz o déficit fiscal. Estimativas preliminares de analistas externos apontam que o déficit acumulado pode elevar a dívida em US$ 4 trilhões a US$ 5 trilhões em dez anos.
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta terça-feira, após o Trump postergar tarifas para produtos do Japão, Coreia do Sul, Casaquistão e Tunísia. Enquanto isso, na Europa, as bolsas exibem sinais difusos e fôlego curto.
Commodities: petróleo e minério avançam
Os contratos futuros do petróleo inverteram sinal e firmaram alta no início da tarde. No radar estão as tarifas dos EUA e um aumento maior do que o esperado na oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) para agosto. O barril do petróleo WTI para agosto subia 0,46%, a US$ 67,61, enquanto o do Brent para setembro avançava 0,58%, a US$ 69,39.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, na China, para setembro de 2025, fechou em alta de 0,14%, cotado a 733 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 102,16.
Vendas no varejo brasileiro mostram acomodação de juros
As vendas do comércio varejista caíram 0,2% em maio ante abril, coincidindo com o piso das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast. Já o varejo ampliado — que inclui as atividades de material de construção, veículos e atacado alimentício — mostrou alta de 0,3% no mês, próximo ao piso de 0,2% das expectativas (cujo teto era de 2,0%, com mediana positiva de 1,0%).
Para o economista André Perfeito, o resultado de maio sugere certa acomodação num dos componentes mais relevantes para a atividade brasileira, após meses de política monetária restritiva. “Isso reforça a hipótese de que os juros devem permanecer no atual patamar e podem, eventualmente, até cair já no final de 2025”, avalia em nota.
O que mais deve impactar o Ibovespa hoje?
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou na segunda-feira que o governo busca não apenas defender o decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas sim a “capacidade de governar”. Segundo ele, não há constitucionalidade na derrubada do texto por parte do Congresso Nacional. “Se um governo não conseguir mais editar decreto, não conseguir mais fazer portaria, acabou o governo”, afirmou no programa Roda Viva, da TV Cultura.
Costa disse ainda que o governo deverá reabrir nos próximos dias o diálogo com os presidentes da Câmara e do Senado, além de líderes partidários. O ministro informou também que o governo deve publicar nesta semana uma medida provisória (MP) como alternativa aos vetos do presidente ao marco legal das eólicas offshore (fora da costa), que foram derrubados pelo Congresso Nacional.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações dos ativos do Ibovespa hoje.
* Com informações de Maria Regina Silva, Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast