(Luís Eduardo Leal, Estadão Conteúdo) – Puxada por bom desempenho das ações do setor minero-siderúrgico (Vale ON +3,48%, CSN ON +2,92%, Usiminas PNA +2,63%) e do Banco do Brasil (ON +4,43%), após forte balanço trimestral da instituição financeira, o Ibovespa parecia até o meio da tarde que teria fôlego para o oitavo ganho seguido, igualando série de março passado. Mas, entre mínima de 109.603,66 e máxima de 111.309,64 (maior nível intradia desde 6 de junho), acompanhou a piora em Nova York e mudou de sinal, para fechar em baixa de 0,47%, aos 109.717,94 pontos, devolvendo o nível de 110 mil que havia reconquistado no encerramento anterior pela primeira vez desde 7 de junho.
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Na semana, o índice avança 3,05%; no mês, 6,35% e, no ano, 4,67%. O giro financeiro foi a R$ 35,5 bilhões nesta quinta-feira. Diferentemente de sessões anteriores, o avanço do Ibovespa até o meio da tarde ocorria a despeito do sinal do dólar, que ontem foi negociado perto de R$ 5 e nesta quinta-feira retornou à casa dos R$ 5,15 (+1,44%), em dia de leve baixa para o índice DXY, que contrapõe a moeda americana a referências como euro, iene e libra. “O dólar e os juros futuros voltaram a subir hoje, em um movimento de realização, após fortes quedas nos últimos dias”, diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos. “Uma realização em Brasil, com olhar para outros emergentes onde há também oportunidades.”
Em Nova York, a pausa na recuperação dos índices de ações ocorreu apesar da deflação observada em julho no índice de preços ao produtor (PPI), que corrobora visão mais benigna sobre a inflação nos Estados Unidos desde a leitura da última quarta-feira sobre os preços ao consumidor no país. Aqui, os dados sobre a atividade de serviços, pela manhã, também favoreciam em alguma medida apetite por risco. Mas o que prevaleceu ao fim foi a cautela, com os investidores inclinados a colocar dinheiro no bolso após a extensa sequência positiva do Ibovespa.
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“É natural uma realização de lucros após uma sequência tão longa de ganhos. O Ibovespa estava muito descontado, com várias empresas com P/L em nível de 2008, algumas até abaixo disso. Os mercados estavam temendo, trabalhando com a possibilidade de uma recessão maior nos Estados Unidos, mas dados como os recentes sobre o mercado de trabalho não mostram isso”, diz José Simão, sócio e head de renda variável da Legend Investimentos, destacando também o quadro econômico e corporativo no Brasil, em que “a fotografia de hoje parece melhor do que a percebida no início do ano”.
“Ao mesmo tempo, os dados de inflação ao consumidor e ao produtor, nos Estados Unidos, sugerem que a atuação do Fed está produzindo efeito, embora seja preciso cautela com as leituras, que podem variar de um mês para outro”, acrescenta.
Apesar de os dados de emprego refutarem a hipótese de recessão e a estabilidade vista na inflação ao consumidor em julho, divulgada nesta semana, contribuir para “pintar um quadro mais favorável para a economia americana”, observa em nota a Guide Investimentos, “diversos dirigentes do Fed voltaram a reforçar que a batalha com a inflação está longe de ganha, e que existem grandes chances de o Fomc o comitê de política monetária do BC americano seguir subindo o juro 2023 adentro”.
Em meio à pausa observada nesta quinta-feira também nos índices de Nova York, destaque para BRF (-12,65%), MRV (-11,00%) e Americanas (-9,41%), na ponta perdedora do Ibovespa, com Positivo (+10,26%), Minerva (+7,33%) e Marfrig (+5,41%) no lado oposto.
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A segunda queda de preço do diesel em uma semana contribuiu para as ações da Petrobras (ON -1,89%; PN -2,32%, mínima do dia no fechamento) descolarem dos ganhos vistos nas empresas de maior liquidez na B3, realizando lucros após o entusiasmo em torno da recente safra de resultados e de anúncio de dividendos históricos, que fizeram os preços do papel da petroleira avançar. Nesta sessão, o movimento em Petrobras destoou também das cotações da commodity na sessão, em que Brent e WTI subiram mais de 2%.
No dia de mobilização de diversas entidades empresariais e da sociedade civil em defesa da democracia, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a nova redução do diesel anunciada pela Petrobras. “Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobras reduziu, mais uma vez, o preço do diesel”, escreveu o presidente da República, em uma rede social.