O Morgan Stanley rebaixou a recomendação da ação preferencial da Isa Cteep (TRPL4) de equal-weight (equivalente a neutra) para underweight (equivalente a venda), mencionando “valuation pouco atraente” o que implica uma das TIRs (taxa interna de retorno) mais baixas da cobertura da instituição. O banco também reduziu o preço-alvo do papel de R$ 27 para R$ 23, potencial queda de 8,4% em relação ao fechamento da última terça-feira (12).
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Isso, segundo os analistas Fernando Amaral, Miguel Rodrigues e Bruno Oyamata, aumenta a visibilidade sobre quatro potenciais catalisadores negativos: alterações na Rede Básica do Sistema Existente (RBSE), venda da participação da Eletrobras (ELET3), cláusulas de dívida e crescimento futuro. Para o banco, essa discussão regulatória plurianual poderá ter um resultado no curto prazo, considerando que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) espera votar o tema até início de abril.
“Agora, após atualização de valuation & estimates e incorporação de novos projetos adjudicados, vemos uma desvantagem de aproximadamente 8% em relação ao nosso novo preço-alvo, de R$ 23 por ação. Nos níveis atuais, a Cteep oferece 7,1% de TIR de patrimônio real e inclinação de alta/baixa pouco atraente em termos absolutos e termos relativos”, observam os profissionais.
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O Morgan leva ainda em consideração que a Eletrobras busca a venda de ativos não essenciais, provavelmente incluindo uma potencial oferta de participação de 35,7% na Isa Cteep o que poderia acontecer até o fim deste ano e pressionar para baixo as cotações dos papéis, apontam os analistas.
Como o Morgan não assumiu mudanças no perfil atual de recebíveis do RBSE no cenário-base, acredita que possíveis revisões possam afetar negativamente as empresas expostas, reduzindo a avaliação da ISA Cteep em R$ 1,50 por ação. “Embora alguma revisão seja esperada pelo mercado, a sua materialização poderá adicionar pressão ao preço da ação”, observam os analistas.
O Morgan Stanley também não descarta “violação do covenants” (cláusulas de garantia em contratos de financiamento ou empréstimos que servem para proteger os interesses dos credores). A Isa Cteep tem cerca de R$ 14 bilhões de investimentos contratados (greenfield e retrofitting) para implantar até 2028, provavelmente aumentando a alavancagem acima de 3,5 vezes nos próximos anos e, teoricamente, violando seu compromisso de 3,0 vezes com o BNDES, cuja dívida totalizou R$ 600 milhões no encerramento do ano passado.
No que tange os leilões de energia, o Morgan também se mostra pessimista. Acredita que a “alta concorrência esperada” nos próximos pregões poderá continuar a limitar o potencial de criação de valor, tornando-se catalisadores neutros ou negativos para as ações de transmissão.
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“Esse risco tem sido particularmente importante para a Isa Cteep, que ofereceu um dos maiores descontos para teto de receita (RAP) em leilões de transmissão anteriores”, dizem os analista, citando como exemplo a oferta de desconto médio ponderado pela RAP de 43% versus 37% do Taesa e 29% da Alupar.