O Itaú BBA classificou os resultados da MBRF no 3T25 como “ligeiramente positivos”, destacando margens resilientes na divisão de bovinos na América do Sul e melhora nas exportações de frango.(Imagem: Adobe Stock)
O Itaú BBA classificou como “ligeiramente positivos” os resultados da MBRF (MBRF3) no terceiro trimestre de 2025, destacando a resiliência das margens na divisão de bovinos na América do Sul e a retomada gradual do equilíbrio no mercado global de frango. O Ebitda ajustado da companhia somou R$ 3,5 bilhões, levemente acima do consenso do mercado, estimado em R$ 3,4 bilhões.
“O principal destaque foi a manutenção de margens saudáveis nas operações de carne bovina na América do Sul, mesmo com a incorporação dos ativos no Uruguai”, disse o banco. O Itaú BBA observa ainda que as unidades uruguaias contribuíram para o crescimento expressivo de volume, atingindo 291 mil toneladas, o que deve surpreender positivamente o mercado.
No entanto, o relatório pondera que a integração dos ativos pode provocar “compressão marginal de rentabilidade” no consolidado, em razão do maior custo do gado no Uruguai e de um portfólio com menor valor agregado. Apesar disso, o banco ressaltou que a margem Ebitda subiu 190 pontos-base na comparação trimestral, “demonstrando a resiliência do portfólio, o que tende a ser bem recebido”.
No lado da BRF, o Itaú BBA destacou recorde histórico de volumes no mercado doméstico, impulsionado pela forte demanda por alimentos processados e por uma execução comercial considerada eficaz. Já no exterior, o banco observou que a margem e os preços de exportação caíram no trimestre, mas “a recente reabertura das exportações de frango do Brasil para a China deve adicionar cerca de 200 pontos-base às margens do segmento”.
O Itaú BBA estima que essa recuperação nas exportações deve ser “a principal variável de divergência entre as projeções do mercado e os números implícitos nos documentos de fusão”, uma vez que o consenso para o Ebitda de 2026 está entre R$ 11,5 bilhões e R$ 12 bilhões, cerca de 10% abaixo dos R$ 13 bilhões sugeridos nos materiais da operação. O banco avalia que o mercado deve manter o foco nos sinais de avanço nas sinergias e na dinâmica das margens do frango ao longo de 2026.
Nos Estados Unidos, a MBRF também registrou expansão sequencial de margem Ebitda para 2,0%, favorecida pela sazonalidade positiva do verão e por preços mais altos da carne bovina. Ainda assim, o Itaú BBA prevê um cenário mais desafiador à frente, em linha com o guidance da Tyson Foods, “embora o portfólio premium da National Beef deva garantir desempenho relativamente superior”.
A companhia encerrou o trimestre com fluxo de caixa livre de R$ 535 milhões e alavancagem líquida em 3,1 vezes o EBITDA ($3,5x incluindo leasing), nível semelhante ao trimestre anterior, após ajustes por dividendos e recompra de ações.
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Na avaliação do Itaú BBA, os investidores seguem cautelosos, “aguardando maior visibilidade sobre as sinergias estimadas em até R$ 800 milhões anuais e sobre o comportamento do ciclo do frango, que será determinante para a trajetória de rentabilidade em 2026”.
O banco manteve recomendação neutra para as ações da MBRF (MBRF3), com preço-alvo de R$ 19,00 ao fim de 2025, o que implica potencial de valorização de 4,9% em relação ao fechamento mais recente, de R$ 18,12.