Lucro no 3T25 e sinergias de fusão impulsionam MBRF3 (MBRF3): ação sobe com otimismo para proteína animal
Empresa reporta Ebitda de R$ 3,5 bilhões no 3T25, supera projeções do mercado e reforça equilíbrio no mercado global de proteínas, segundo Bradesco BBI e Citi
MBRF surpreende o mercado com Ebitda recorde e margens sólidas, reforçando ganhos da fusão entre Marfrig e BRF no 3º trimestre de 2025. (Foto: Adobe Stock)
A ação da MBRF (MBRF3) registra nesta terça-feira (11) forte alta na Bolsa de Valores, de 4,74%, cotada a R$ 19,66 por volta das 14h, impulsionada pela leitura positiva do mercado sobre seus resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25) e pelas projeções otimistas para o setor de proteína animal.
Apesar da recente queda nos preços do frango nos Estados Unidos, a companhia afastou o risco de uma pressão internacional sobre os preços. Segundo o CEO, Miguel Gularte, o aumento da produção norte-americana com relação ao 2T25 – de 3% no trimestre – apenas “atendeu à demanda e teve impacto na queda de preços, muito vinculado à sazonalidade normal desse período”.
O executivo também minimizou a possibilidade de que esse crescimento da oferta nos EUA afete a competitividade brasileira em 2026. “Não vemos pressão de oferta dos Estados Unidos que possa afetar os mercados onde o Brasil concorre”, afirmou Gularte, durante teleconferência sobre os resultados nesta terça-feira.
De acordo com ele, a perspectiva global para o mercado de proteínas segue equilibrada, com expansão de 2% a 3% na produção mundial, ritmo considerado insuficiente para desequilibrar a relação entre oferta e demanda, que segue firme.
O executivo destacou ainda que fatores externos contribuem para manter o equilíbrio do mercado de atuação da MBRF, como os impactos da gripe aviária na Europa e o crescimento mais acelerado da China, “único país com condições um pouco mais altas”.
No Brasil, o alojamento de aves aumentou cerca de 3% no ano, mas sem provocar excesso de oferta. Gularte lembrou que o episódio da doença de Newcastle em 2024 trouxe “ensinamentos profundos” e acelerou a adoção de medidas estruturais, como a regionalização e a municipalização das operações, o que possibilitou a rápida reabertura dos mercados exportadores.
“Tivemos praticamente um fechamento das exportações brasileiras por 30 dias, e a partir disso, com a regionalização, os mercados foram reabertos”, afirmou.
Como analistas avaliaram o balanço da MBRF no 3T25?
No balanço do terceiro trimestre, a MBRF registrou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado consolidado de R$ 3,5 bilhões, em linha com as estimativas do Bradesco BBI e 15% acima do trimestre anterior, com margem de 8,4%. A receita líquida alcançou R$ 42 bilhões, avanço de 9% sobre o mesmo período de 2024, impulsionado pelo aumento de 4% nos volumes vendidos, especialmente nas divisões de bovinos na América do Sul e na BRF.
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Para o Bradesco BBI, a empresa “entregou tudo o que podia” em um cenário desafiador para o setor, mostrando execução consistente e margens resilientes.
“A MBRF mostrou a força de sua plataforma combinada, com alcance global em carne bovina, liderança em aves e base sólida em alimentos processados”, avaliou o banco.
Na análise segmentada, o BBI apontou que a BRF respondeu por 72% do Ebitda consolidado, com R$ 2,5 bilhões e margem de 15,5%, mesmo após os impactos da gripe aviária. As vendas da unidade cresceram 5% em volume, com destaque para o mercado doméstico, que avançou 7% e elevou a participação de mercado para 41,4%.
Já a operação de bovinos na América do Sul teve alta de 16% nos volumes em relação ao trimestre anterior e Ebitda de R$ 628 milhões, 10% acima da estimativa do banco, com margem de 11,1%. Na América do Norte, o movimento sazonal favoreceu a recuperação, levando o Ebitda a US$ 404 milhões, com margem de 2%.
Recomendações para MBRF3
Apesar dos bons resultados, o Bradesco BBI manteve recomendação neutra para o papel, ponderando que a MBRF “ainda é negociada com prêmio em relação aos pares” e que o provável arrefecimento do ciclo de aves pode levar a um cenário menos favorável nos próximos trimestres.
O Citi, por sua vez, classificou o resultado como acima do esperado, o primeiro balanço completo após a fusão entre Marfrig e BRF. A América do Sul foi o grande destaque, com Ebitda de R$ 628 milhões e margem de 11,1%, avanço de 116 pontos-base na comparação anual.
“O retorno das operações do Uruguai ampliou a escala e mesmo com preços mais altos do gado o aumento de volume e o mix de exportações sustentaram margens de dois dígitos”, apontou o Citi, ressaltando que China e Hong Kong responderam por 56% dos embarques da região.