Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em baixa ao longo da curva nesta quarta-feira, 3, após o Federal Reserve (Fed) aumentar os juros em 0,25 ponto porcentual e sinalizar uma pausa no aperto em junho, em um comunicado lido como dovish pelo mercado de renda fixa. A decisão e a entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, ampliaram as quedas dos Treasuries e do dólar, que puxaram os juros locais.
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Na comparação com o ajuste de terça-feira, 2, as taxas dos contratos de DI caíram na ponta curta e média – a exemplo de janeiro de 2024 (13,254% para 13,230%), 2025 (11,981% para 11,860%) – e, mais acentuadamente, na longa, com recuos para janeiro de 2027 (11,789% para 11,600%) e 2029 (12,107% para 11,920%). Também hoje, os rendimentos dos Treasuries operaram em baixa e o dólar cedeu 1,09% em relação ao real, a R$ 4,9919.
Os DIs chegaram a tocar as mínimas ao longo da curva em meados da tarde, após a divulgação do comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed – lida como dovish por analistas devido à retirada do trecho em que o colegiado afirmava antecipar aumentos adicionais dos juros. A entrevista coletiva de Powell aparou o otimismo, mas não apagou a avaliação de que o ciclo de aperto monetário deve ter chegado a uma pausa.
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Durante a coletiva, o presidente do Fed disse que a instituição não tomou hoje uma decisão sobre uma eventual pausa do processo e poderá subir mais os juros, se necessário. Powell ainda disse que, com a visão de desaceleração gradual da inflação, um corte dos juros “não é adequado”, mas reconheceu que os Estados Unidos podem estar perto ou já no fim do ciclo de aperto, algo que será avaliado na próxima reunião.
“O Fed e Powell acabaram sendo lidos como dovish na margem e, por isso, a gente está vendo esse fechamento, com o dólar abaixo de R$ 5,0 e os juros reagindo bem”, diz a estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patrícia Pereira. “A comunicação acabou sugerindo que uma pausa é provável na reunião de junho.”
A ferramenta de monitoramento do CME Group mostra 89,29% de chance de manutenção dos juros americanos na faixa de 5% a 5,25% na próxima decisão do Fed, em 14 de junho, contra uma probabilidade de 10,71% de uma alta de 25 pontos-base. Conforme os dados da empresa, a chance de corte se torna majoritária em setembro (76,72%), quando a maior parte das apostas (49,6%) indica baixa de 25 pontos-base dos juros.
Com a decisão do Fed, os analistas consultados veem pouco impacto do cenário doméstico sobre o comportamento dos DIs. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgará a sua decisão sobre a Selic hoje, a partir de 18h30, mas a manutenção da taxa básica de juros do Brasil em 13,75% ao ano pela sexta reunião consecutiva é a expectativa unânime dos economistas do mercado financeiro.
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“A queda da curva de juros hoje está atrelada ao movimento lá fora, não a uma expectativa em relação ao Copom, porque existe muita incerteza com relação ao que o Copom vai sinalizar”, resume o estrategista-chefe do Banco Mizuho no Brasil, Luciano Rostagno.