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Juros têm 4ª sessão seguida de queda com melhora de risco fiscal e câmbio

As taxas estiveram alinhadas ainda ao bom comportamento do câmbio

Juros têm 4ª sessão seguida de queda com melhora de risco fiscal e câmbio
Foto: Envato Elements

Os juros futuros completaram nesta quinta-feira quatro sessões seguidas em queda, ainda se ajustando à melhora na percepção de risco fiscal com a aprovação da PEC da Transição que abriu caminho para a proposta do Orçamento, após semanas de muito vaivém nas negociações. As taxas estiveram alinhadas ainda ao bom comportamento do câmbio, com valorização de boa parte das moedas emergentes, enquanto os nomes divulgados para os ministérios e secretarias da área econômica foram bem recebidos, embora sem surpresas. O exterior, hoje marcado pela aversão ao risco, ficou em segundo plano. As taxas até o miolo da curva foram as que cederam mais, com o mercado em boa medida já na expectativa pelo IPCA-15 de dezembro, amanhã.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,63%, de 13,77% ontem, e a do DI para janeiro de 2025, em 13,00%, de 13,24% ontem. Novamente abaixo dos 13%, a taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 13,08% para 12,91%.

Ao contrário das sessões anteriores, a de hoje teve uma liquidez mais baixa, na medida em que muitos players já desaceleram o ritmo com a proximidade das festas de fim de ano e com o ciclo da PEC concluído. A agora Emenda Constitucional permite ampliação do teto de gastos em R$ 145 bilhões e que até 6,5% das receitas extraordinárias fiquem fora da regra fiscal, o que pode chegar a R$ 23 bilhões, por um ano. Assim, abre uma brecha de R$ 168 bilhões.

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“O mercado ainda segue corrigindo excessos com o risco fiscal agora menor”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. O mercado valoriza o fato de que, ainda que o resultado não tenha sido o ideal, os acordos fechados conseguiram tornar o texto menos expansionista do ponto de vista fiscal.

Além da PEC, outra grande expectativa eram os nomes que vão compor a área econômica do governo e que foram recebidos de forma positiva, mas sem euforia, até porque boa parte já vinha sendo ventilada.

Um dos mais esperados era o do comando do Tesouro, que ficará a cargo de Rogério Ceron. Auditor fiscal de carreira, ele já presidiu o SP Parcerias, vinculado à Prefeitura de São Paulo. “Transformou capital endividada em credor líquido”, disse Haddad sobre o escolhido, afirmando que foi o único caso no País.

O ex-procurador-chefe da Fazenda da capital paulista Robinson Barreirinhas comandará a Receita Federal e o economista Guilherme Mello foi confirmado como secretário de Política Econômica. Mais cedo, o presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva anunciou Alckmin como ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio (MDIC).

Entre os nomes anunciados, Guilherme Mello é visto com ressalvas, por seu perfil desenvolvimentista. “Mas ele fez parte de toda a campanha. Honestamente, acho que já estava dado e precificado. Os demais são mais técnicos. O do Tesouro, por exemplo, é auditor fiscal desde sempre e nomes mais técnicos sempre agradam. Na média, o saldo é positivo”, diz uma fonte que prefere o anonimato.

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Especialistas da área de renda fixa ressaltam que o movimento de alívio da curva também decorre de questões técnicas e coincide com um período de ausência do grande tomador de recursos do mercado, o Tesouro Nacional, que encerrou seu cronograma de leilões de 2022 na semana passada. “O mercado está bem leve de risco”, diz um gestor.

No fim da tarde, as taxas tocaram as mínimas do dia em vários pontos da curva, levando os vértices do trecho intermediário a fecharem mais de 20 pontos-base. Profissionais não identificam um gatilho específico, atribuindo o movimento à montagem de posições antes do IPCA-15 de dezembro, a ser divulgado nesta sexta-feira. A mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de 0,55%, ante 0,53% em novembro.