Os juros futuros subiram pela sexta sessão seguida, hoje na contramão da queda nas taxas americanas. Segundo analistas, a cautela domina o mercado de renda fixa e as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) corrigem parte da queda vista no fim de 2023. Preocupações com a meta fiscal de 2024 e com a dinâmica da inflação também pesaram, em um dia de noticiário esvaziado.
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A combinação desses fatores fez com que os juros domésticos subissem em toda a curva a termo. A taxa do contrato para janeiro de 2025, mais negociado da sessão, avançou de 10,054% no ajuste anterior para 10,095%. Outros contratos também subiram na comparação com os ajustes: janeiro de 2026 (9,664% para 9,720%), janeiro de 2027 (9,791% para 9,855%) e janeiro de 2029 (10,205% para 10,265%).
Ao contrário das últimas sessões, o desempenho da curva doméstica ficou descolado da curva americana, onde as taxas caíram em bloco. O rendimento da T-Note chegou a ceder abaixo da marca psicológica de 4%, refletindo a forte queda dos preços do petróleo, entre 4,12% (WTI) e 3,35% (Brent), após a Arábia Saudita ter reduzido os preços da commodity para clientes de alguns países.
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O gerente de renda fixa e distribuição de fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, atribui o aumento dos juros futuros a uma correção da forte queda vista nos últimos dois meses de 2023. Segundo o profissional, o forte apetite por risco visto no fim do ano passado deu lugar a um ambiente de maior cautela, natural em inícios de ano, enquanto a liquidez continua fraca.
“Temos um processo de correção, com maior cautela, em relação àquele mercado mais bullish, mais afeito à tomada de risco, que vimos no fim do ano passado”, afirma Alírio. “Essa maior cautela faz o nosso mercado ficar dessintonizado com o que está acontecendo lá fora.”
O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, cita dois outros fatores como explicação para o aumento dos juros aqui. Em primeiro lugar, a percepção no mercado de que a inflação pode ser mais alta no curto prazo, devido aos efeitos do El Niño. Em segundo, as incertezas em torno da meta fiscal de 2024, que prevê a zeragem do déficit primário.
“Acho que esse aumento está mais ligado à percepção de mais inflação no curto prazo e de uma possível mudança na meta de resultado primário, que volta a entrar em discussão”, diz Lima.
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Hoje, oito frentes parlamentares ligadas a setores produtivos enviaram um ofício a líderes partidários e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pedindo a devolução da MP que promove a reoneração gradual da folha. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse estar “confiante” de que Pacheco não devolverá a MP à Presidência da República.