- Passar a virada de ano sem dinheiro para viajar ou até mesmo para tirar férias, no caso de trabalhadores autônomos, é uma situação bastante difícil
- Entretanto, a passagem para 2024 traz a oportunidade de usar os novos 365 dias para mudar esse quadro
- O primeiro passo para chegar ao final deste ano com uma reserva no bolso é, desde já, começar a poupar uma parcela dos rendimentos mensais
Poupar dinheiro é sempre um desafio. Com a virada do ano, muitos brasileiros enxergam em 2024 uma oportunidade de usar os novos 365 dias para mudar esse quadro e ter uma vida financeira mais equilibrada. O primeiro passo para chegar ao final deste ano com uma reserva no bolso é, desde já, poupar uma parcela dos rendimentos mensais. Para isso, é preciso fazer uma revisão no orçamento familiar ou pessoal – ou seja, entender o tamanho das suas receitas e quais são seus gastos fixos e variáveis.
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“A partir do momento que se tem o controle sobre todos esses valores, é possível ver onde é possível cortar gastos”, afirma Nayra Sombra, sócia da HCI Invest. Outra dica é colocar limites em alguns gastos mais supérfluos, como idas ao shopping e viagens com carros de aplicativo, por exemplo. “Assim fica muito mais fácil conseguir chegar no objetivo de fazer o dinheiro sobrar para, então, começar a poupar.”
Paula Bazzo, planejadora financeira pela Planejar, chama a atenção para o fato de que não há uma fórmula pronta para realizar essa revisão orçamentária. Isto porque o que é importante e essencial para um indivíduo ou família, em relação a gastos, pode não ser importante para outro núcleo familiar. “Requer um olhar primeiro para o que faz a nossa vida valer a pena”, diz Bazzo. Contudo, não há como fugir do corte de alguns gastos quando o objetivo é poupar dinheiro. “Se eu tenho uma vida que está custando um determinado valor e meu salário está muito próximo desse montante, vou precisar fazer uma reorganização financeira.”
Final de ano com dinheiro
Investir o dinheiro poupado é um ótimo caminho para atingir mais rápido os objetivos financeiros. O Tesouro Selic, por exemplo, é um título público atrelado à taxa básica de juros Selic, hoje no patamar de 11,75% ao ano, que não está exposto às oscilações de mercado. Esse papel também possui liquidez diária, o que significa que o investidor pode resgatar o dinheiro a qualquer momento e rende cerca de 1% ao mês.
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Por essas características, o título costuma ser indicado para as aplicações de reserva de emergência. De acordo com a simulação feita por Eduardo Medeiros, especialista em educação financeira da Ágora Investimentos, para acumular R$ 5 mil até dezembro de 2024, é necessário investir cerca de R$ 370 por mês no Tesouro Selic.
Já para acumular R$ 10 mil e R$ 20 mil, os aportes devem ser de cerca de R$ 750 e R$ 1,5 mil, respectivamente. Para chegar a esses números, Medeiros usou o rendimento oferecido pelo Tesouro Selic com vencimento para 2026 nesta terça-feira (2), de Selic (11,75%) +0,0440%.
“O ideal é destinar pelo menos 20% do salário para poupar. No entanto, ajuste conforme suas condições e situação financeira atual”, afirma Medeiros. “Para iniciar uma jornada de investimentos, não é necessário só fazer cálculos. É importante de dizer que requer uma mudança de postura e de aspectos comportamentais.”
Tenho dívidas, e agora?
As dívidas costumam ser grandes empecilhos ao objetivo de poupar. De acordo com a pesquisa Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), 68,7% das famílias brasileiras estavam endividadas até dezembro do ano passado.
Se você faz parte dessa estatística, o primeiro passo para se “desendividar” é conhecer muito bem os débitos contraídos. Sombra, da HCI Invest, recomenda que o consumidor coloque no papel todas as informações essenciais sobre a dívida: para quem está devendo, qual foi o valor inicial, quanto será pago em juros, qual o valor da prestação, prazo e as demais variáveis.
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“Depois, veja se o valor da parcela cabe dentro do seu orçamento sem comprometer o ‘todo’. Se couber, você pode parcelar essa dívida e ir pagando mensalmente. Esse valor já deve entrar como uma despesa fixa dentro do orçamento”, diz Sombra.
Outro método é ir juntando o dinheiro mensalmente e tentar renegociar os valores para um pagamento à vista. “Desta forma, você diminui o montante pago em juros. Faz muito sentido tentar renegociar direto com a instituição ou até nesses feirões que o Governo promove, como o Desenrola, em que é possível conseguir taxas mais atrativas”, afirma a sócia da HCI Invest.
Essa também é a visão de Medeiros. “Muitas instituições oferecem acordos flexíveis com oportunidades para regularização. Negocie juros e condições para tornar o pagamento mais viável. Imprevistos acontecem. Não tenha vergonha de buscar o seu credor”, diz.
Bazzo, da Planejar, recomenda a troca de uma dívida mais cara por uma mais barata. Se o consumidor possui uma dívida no cartão de crédito, cujos juros podem multiplicar o valor devido, talvez pegar um empréstimo para quitar seja um bom negócio.
“No cartão, o juro cobrado sobre a dívida pode chegar a 14% ao mês. No empréstimo pessoal, esse juro é em média de 5% ao mês”, afirma Bazzo. “Não é só renegociar as dívidas, juros e condições, mas também enxergar qual é o valor dos juros e disponibilizar recursos dentro do orçamento para conseguir honrar essa renegociação quando ela for feita.”