A Marisa Lojas (AMAR3) apresentou prejuízo líquido de R$ 63,4 milhões no segundo trimestre de 2023, resultado 82% pior do que os R$ 34,8 milhões negativos apresentados no mesmo período do ano anterior. A companhia, porém, apresentou uma conta de como teria sido o resultado se o “plano de otimização operacional” (ou cortes de custos) estivesse implementado desde janeiro de 2023.
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Nessa análise, o prejuízo líquido teria sido de R$ 3 milhões, melhora de 91% frente a perda de um ano atrás. O Ebitda, por sua vez, foi negativo em R$ 36,7 milhões e reverteu resultado positivo de R$ 10,9 milhões de 12 meses atrás. Na versão pró-forma, o resultado foi positivo em R$ 23,6 milhões.
Para o CEO da companhia, João Pinheiro Nogueira Batista, os resultados, em especial os valores pró-forma, têm potencial para mostrar ao mercado que a companhia concluiu um processo importante de reestruturação. Ele conta que todas as medidas de melhoria de resultados foram tomadas sem acesso a novos créditos e, exceto o aporte de R$ 90 milhões da família fundadora do negócio no Mbank (braço financeiro da companhia), sem novos recursos.
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“Tivemos de entrar em um processo de recuperação de credibilidade e fizemos o exercício por conta própria”, diz Nogueira Batista. Ele espera que, a partir desses números, as conversas com bancos evoluam de forma melhor: “Quando cheguei à Marisa, visitei todos os bancos. Recentemente, o representantes de um dos bancos veio até a empresa, na Barra Funda, eu não tive de ir à Faria Lima”, conta o CEO, em tom bem humorado, dando a entender que as conversas para novos créditos tendem a ficar mais promissoras.
Os resultados pró-forma tiram da conta as despesas operacionais relativas à reestruturação com o encerramento de 88 lojas; as despesas com consultorias e as economias na estrutura corporativa. Esse último item, segundo a companhia, já foi implementado, porém deve aparecer nos resultados a partir do terceiro trimestre.
Vendas
A receita líquida no varejo alcançou R$ 469,9 milhões, 21,6% abaixo do que foi visto no mesmo período de 2022. Segundo a companhia, o indicador foi prejudicado pelo fechamento de 88 lojas no primeiro semestre de 2023 e 10 lojas em dezembro de 2022, além de uma base de comparação bastante elevada de um ano antes, quando houve um crescimento acelerado por temperaturas mais frias que impulsionaram as vendas da coleção de inverno. As vendas em mesmas lojas caíram 12,2% no trimestre e 4,3% no semestre.
Para Nogueira Batista, a conta é simples: “Varejo tem que vender, mas tem que vender com lucro”. Ele diz que o ideal seria que o patamar alto de vendas dos três meses correspondentes de 2022 se mantivesse e a rentabilidade subisse, no entanto, lembra que a falta de acesso a crédito da companhia e os custos que os fechamentos de lojas exigiram levaram a companhia a fazer escolhas. A Marisa teve de comprar menos e, assim, as vendas são afetadas. A margem bruta da companhia também caiu 3,1 pontos porcentuais (p.p.), para 40%.
O faturamento com vendas no canal digital diminuiu 49,3% e a companhia afirma que isso se deu devido à estratégia de rentabilização dessa operação. A participação do digital no faturamento de varejo foi de 6% versus 9,1% no mesmo período do ano anterior. O CEO diz que a empresa, antes, investia muito em tecnologia, mas de forma ineficiente. Em sua visão, agora os investimentos são mais modestos, mas, também, mais eficientes.
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A companhia informa ter racionalizado o investimento em marketing, com uma relação mais eficiente entre a despesa e o lucro bruto, além de revisão de políticas de frete. Pelo segundo trimestre consecutivo, houve no Ebitda do canal em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Pela primeira vez após vários trimestres, a empresa teve Ebitda nessa divisão: R$ 2,3 milhões
MBank
O MBank, braço financeiro da companhia, teve Ebitda negativo de 29,6 milhões no trimestre, frente a R$ 14,6 milhões também negativos apresentados um ano antes. A companhia afirma que a política de concessão de crédito ficou mais criteriosa a partir do segundo trimestre, com redução dos empréstimos pessoais. A carteira de recebíveis com atrasos de mais de 90 dias diminuiu 21,5% na comparação com o mesmo trimestre de 2022.
“Temos feito um esforço grande de limpeza na carteira de crédito”, diz o CEO da Marisa. Ele disse que todo o mercado “achou que era fácil brincar de banco” e que, agora, passa por remodelações. “Esse ajuste demora”, diz.
Ele diz, porém, que essa divisão da companhia deve voltar a contribuir de forma positiva para o balanço da companhia até o fim de 2023. Em 2024, espera-se chegar ao patamar de R$ 200 milhões de Ebitda no negócio da Marisa como um todo.
Dívida
A dívida líquida da Marisa Lojas reduziu em R$ 81 milhões entre março de 2022 e junho deste ano, melhora de 18% ao longo do segundo trimestre de 2023, impulsionada pelo aumento da posição de caixa da Companhia.
“Durante o segundo trimestre, tivemos uma melhoria no perfilamento da dívida da Marisa Lojas devido ao aporte de R$ 90 milhões no capital da subsidiária MPagamentos (via emissão de debêntures para a Marisa Lojas pelos acionistas controladores). A dívida bruta do Mbank manteve-se estável ao longo do trimestre”, disse a companhia, no release que acompanha os resultados.
Futuro
Nogueira Batista acredita ainda que este terceiro trimestre deve ser desafiador, dados que, sem dinheiro novo, a empresa teve de comprar menos para a coleção que está nas lojas agora. Para o quarto trimestre, essa situação deve estar mais normalizada, acredita o executivo.
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A pretensão é terminar o ano com faturamento de R$ 2,5 bilhões, frente a R$ 3 bilhões no acumulado de 2022. O número é visto com bons olhos dado que a companhia fechou 88 lojas no ano.