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Varejo no corte de juros: com 6 ações em queda, o que vale o investimento?

Analistas dizem que chegou o momento do investidor se posicionar no segmento. Veja as preferências

Varejo no corte de juros: com 6 ações em queda, o que vale o investimento?
Unidade da Lojas Renner (Foto: Andre Lessa/AE)
  • Com corte Selic em 13,25%, pode ser um bom momento para apostar em empresas do varejo listadas em Bolsa
  • Das 11 empresas varejistas listadas no Ibovespa, seis apresentaram queda acumulada em julho, segundo pesquisa do TradeMap
  • Arezzo (ARZZ3) e Assaí (ASAI3) são as apostas do varejo para a Empiricus e Guide Investimentos

O mercado de ações de varejo mostrou comportamento divergente em julho. De 11 ações consideradas do setor, 6 registraram queda, enquanto 5 variaram positivamente no acumulado do mês, segundo um levantamento do TradeMap.

Analistas dizem que é o momento de se posicionar no segmento por conta do corte da Selic que começou na última quarta-feira (2), quando o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 pontos porcentuais.

Para Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, o varejo, de forma geral, tende a se beneficiar bastante desse ciclo de queda nas taxas de juros do País. “A gente estava com inflação alta e juros altos. Com isso, a renda do consumidor ficou bastante comprometida. Mas deve começar a reverter. Inflação mais baixa, juros caindo e o programa Desenrola Brasil trazem de volta uma sobra de renda dentro do orçamento das famílias, que vai voltar a ficar mais suscetível a realizar suas compras”, diz.

Devido ao cenário mais favorável para o setor, o especialista acredita que o investidor deve apostar no varejo. Apesar de parte dos papéis terem engatado um rali nas últimas semanas, ele afirma que “esse foi só o primeiro ciclo de reprecificação”. Além disso, a queda da Selic tende a diminuir as despesas das companhias, segundo Ferrer, o que colabora para o avanço das ações.

O que explica a queda do varejo em julho?

Lucas Rietjens, analista da Guide Investimentos, diz que três motivos explicam as desvalorizações registradas no varejo em julho. O primeiro deles, o forte fechamento da curva de juros entre abril e junho de 2023 que alavancou as ações. Em julho a curva registrou uma leve abertura e os papéis, então, devolveram a alta.

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O segundo motivo está relacionado aos dados de vendas do varejo, divulgados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Como explica o especialista, os números se mostraram fracos, principalmente para o segmento de vestuário.

Por fim, Rietjens cita o endividamento das famílias, que está perto das máximas históricas. “As empresas que têm como principal cliente o consumidor de menor renda talvez demorem mais para demonstrar retomada das operações”, diz.

Confira os principais destaques negativos e positivos:

 

Destaques

Ao E-Investidor, especialistas citam Lojas Renner (LREN3) como um destaque no setor varejista. A empresa apresentou a segunda maior queda no mês entre as companhias analisadas, com recuo de 6,25% na cotação da ação. No mesmo período do ano passado, o papel avançou 11,80%.

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Segundo Larissa Quaresma, justamente por conta do público-alvo da companhia ser formado em grande parte pelo consumidor de baixa renda que o ativo teve variação negativa, pois a Renner não conseguiu ajustar os preços a um patamar competitivo em relação a seus concorrentes.

“A gente vê uma dificuldade muito grande em 2023 para a Renner repassar custos. Ela já está com um patamar de precificação muito alto, próximo de marcas como a Zara. A gente enxerga, inclusive, risco da companhia remarcar os preços para baixo, gerando uma perda de margem bruta”, comenta.

Carrefour (CRFB3), por sua vez, se destaca como a maior alta mensal, subindo 22,50% em julho. O avanço ocorreu, principalmente, após a divulgação do balanço do segundo trimestre de 2023. Apesar de ter reportado um lucro líquido de R$ 29 milhões, 95% a menos do que o mesmo período do ano passado, os números surpreenderam o mercado, que esperava números piores.

“Os alimentos tinham apresentado deflação nos últimos meses. Como o negócio consiste em comprar e revender produtos e a empresa comprou mercadorias que deflacionaram, havia uma expectativa do mercado de que o Carrefour tivesse dificuldade em revender esses produtos acima do preço de compra”, explica Rietjens. Ou seja, havia uma expectativa de contração na margem bruta da companhia.

No entanto, a margem Ebitda – que se refere ao porcentual de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – anunciada ficou 50 pontos-base acima do esperado, segundo o especialista. Além disso, ele cita um plano de ganho de eficiência, anunciado pelo próprio Carrefour, que prevê economizar em torno de R$ 300 milhões por ano, como um dos motivos da alta do papel em julho.

Apostas do mercado

Quaresma comenta que a Empiricus tem voltado o olhar para empresas resilientes, seja por conta do público seja em relação ao produto. “Priorizamos empresas que têm uma resiliência maior por trabalharem ou com um público de alta renda ou com bens essenciais. Ambos os casos tornam a receita das empresas menos correlacionadas com as oscilações da atividade econômica”, acrescenta.

Sendo assim, dentro do varejo de moda, a especialista aponta para Arezzo (ARZZ3). Segundo ela, a companhia é top pick (preferida) para a Empiricus, que tem recomendação de compra, com preço-justo estipulado em R$ 110. No fechamento do pregão desta segunda-feira (7), a ação da empresa foi cotada em R$ 82,90, o que significa um upside (potencial de ganho) de 32,7%.

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“A gente gosta da Arezzo porque a companhia trabalha justamente com o público de alta renda. Então, ela consegue remarcar preço com certa facilidade e continuar crescendo em volume. O valuation (valor do ativo) também está bem depreciado e vemos um potencial de alta entre 30% e 45%. A gente acha que está injustamente descontada”, complementa.

Rietjens também destaca a Arezzo entre as empresas do setor listadas no Ibovespa. Para ele, a aquisição de marcas como Reserva e Carol Bassi reserva uma avenida de crescimento mais clara no segmento de vestuário. “Além disso, vemos um potencial relevante por meio do crescimento de lojas. Em termos de valuation, vemos a companhia negociando a aproximadamente 16x P/L (preço sobre lucro) de 2024, implicando um upside de 32% para a sua média histórica de cerca de 22x”.

Já dentro do varejo alimentar, Ferrer cita Assaí (ASAI3). Segundo ele, apesar da companhia ter passado por uma tormenta recente em razão do recuo de preços de alimentos e do seu antigo controlador, o Grupo Casino, ter tido problemas na França a empresa conseguiu reverter o quadro.

“Isso tudo ficou no passado. A companhia reportou resultado melhor do que o esperado nessa última semana. Hoje, ela negocia a 10x o lucro, com crescimento contratado muito grande por conta da compra do Extra. Essa melhoria de renda da população também deve fazer com que o mix de compra melhore e impulsione a rentabilidade da empresa”, afirma.

Ele enfatiza as conversões das lojas Extra, que vieram melhor do que esperado, o que deve beneficiar a geração de caixa do Assaí, trazendo a alavancagem para baixo. “Como ela está bastante alavancada, em torno de 2,8x da dívida líquida/Ebitda, a queda de juros deve beneficiar a empresa”, conclui.

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